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Opinião: oito anos depois, Lusa jogará Paulistão como esperança de futuro

Por Virtual Rondônia em 13/01/2023 às 09:37:19
Com investimento curto e sob desconfiança interna, Portuguesa brigará para se manter na elite estadual e quem sabe conseguir a tão sonhada volta ao cenário nacional A última vez em que a Portuguesa disputou a elite do Campeonato Paulista foi em 2015. Desde então, foram sete temporadas amargando a Série A2. Em pelo menos quatro, lutando para não cair à terceira divisão estadual. A desilusão era enorme.

Torcedores de mais idade já estavam perdendo as esperanças de voltar a ver a Lusa jogar clássicos com Corinthians, Palmeiras, São Paulo ou Santos. Sem contar uma geração de jovens que passou a torcer nesse período e nunca viu um clássico.

Foram anos de crise financeira, salários atrasados, luz e água cortadas, estádio interditado e até ameaçado de leilão por dívidas, eleições e renúncias relâmpago de presidentes, e cada vez mais concreta a ameaça de não conseguir se recuperar.

Nesse período, a torcida rubro-verde sofreu, muitas vezes nas mãos das próprias diretorias do clube, mas também ganhou força, casca, resistência para um processo de reconstrução que se iniciou no ano do centenário, em 2020, e está longe do fim.

A Lusa que conseguiu o título da Série A2 em 2022 e o acesso ao Paulistão de 2023 era outra. A atual diretoria resgatou patrocinadores, parou de atrasar contas, fez acordos com credores e livrou o Canindé de cair nas mãos de terceiros em leilões.

O retorno à elite estadual era um difícil passo, mas o primeiro. Estando na Série A1, a depender da classificação final do campeonato, o clube consegue uma vaga na Série D do Campeonato Brasileiro. Não fica refém de um título na malfadada Copa Paulista.

O técnico Mazola Júnior conversa com jogadores da Portuguesa em treino

Portuguesa

O retorno se deveu em grande parte a esse início de profissionalização do clube, mas também a uma sinergia incrível entre time e torcida, que comprou a briga e ajudou a Portuguesa a conquistar o acesso, protagonizando festas inesquecíveis.

Essa essência da campanha da Série A2 precisará ser recuperada na Série A1. Afinal de contas, como relatado parágrafos atrás, o caminho da reconstrução é longo. E a Lusa ainda está em um trecho frágil, fazendo a travessia de uma ponte bastante instável.

O clube está em situação melhor, mas não a ponto de suportar um rebaixamento. Seria um golpe quase irrecuperável nessa tentativa de reconstrução. Permanecer na elite não é nem o objetivo número um. É o objetivo número zero. Cair é quase acabar.

Conseguindo permanecer, a Portuguesa tem de pensar em buscar uma das três vagas na Série D. Ou seja, ser uma das três melhores equipes entre Água Santa, Inter de Limeira, Ferroviária, Santo André e São Bento. Um campeonato dentro do Paulistão.

Para tanto, a Lusa manteve Toninho Cecílio como executivo de futebol, mas trocou a comissão técnica. Sérgio Soares, campeão da Série A2, deixou o clube após uma decepcionante Copa Paulista no segundo semestre. Mazola Júnior, que no Paulistão do ano passado foi campeão do Troféu do Interior pelo Ituano, foi contratado.

Do elenco, permaneceram os goleiros Thomazella e Wagner, os zagueiros Bruno Leonardo, Igor, Naldo, Patrick e Robson, os volantes Hudson, Marzagão e Tauã, e o meia Daniel Costa. Além de pratas da casa, como o meia-atacante Misael e o atacante Paraizo, artilheiro do último Paulista Sub-20, marcando 22 gols em 25 jogos.

Foram contratados 14 reforços: o goleiro Fernando Henrique, o zagueiro Victor Ramos, os laterais direitos Pará e Ramon Rocha, os laterais esquerdos Fabiano Silva e Thallyson, os volantes Gustavo Bochecha e Madison, o meia Lucas Nathan, e os atacantes Gustavo Ramos, João Victor, Richard, Lucas Venuto e Pedro Bortoluzo.

A estreia será contra o Botafogo-SP neste sábado (14), às 15h30, no estádio do Canindé. O time treinado por Paulo Baier conquistou o acesso à Série B do Brasileirão no ano passado e tem um investimento bastante superior ao da Lusa. Um duro primeiro teste.

A Lusa está no mesmo grupo de Palmeiras, Santo André e São Bernardo FC. Portanto, na primeira fase, não enfrentará esses clubes. Os clássicos garantidos serão contra São Paulo e Santos, fora de casa, e Corinthians, cujo mando ao menos é rubro-verde.

O clima entre a torcida lusitana? Um misto de ansiedade, por voltar a ver a Portuguesa na elite, com preocupação, sobretudo após a frustrante campanha na Copa Paulista. Infelizmente, não se pode dizer que a arquibancada está igual à Série A2 de 2022.

A própria diretoria admite que esperava chegar à elite do Paulistão com mais recursos e uma folha salarial maior. O clube perdeu ao menos dois grandes patrocinadores e não conseguiu repor a altura. Foram nítidas as dificuldades de trazer jogadores “nível Série B”, como tanto o clube pregou, recebendo várias recusas por salários baixos.

Não foi segredo a tentativa de contratar um centroavante de origem, camisa nove, de renome e que elevasse o nível técnico. Não chegou ninguém. Muitos criticam a falta de criatividade e habilidade da diretoria de futebol. Houve dispensas das quais grande parte da torcida discordou, como do lateral Carlos Henrique e dos atacantes Gustavo França e Caio Mancha. Vieram melhores? Só saberemos quando a bola rolar.

Como se vê, são vários os desafios que a Lusa enfrenta, como um clube que ainda está tentando se levantar e que tem uma diretoria que comete erros no futebol. Esse campeonato será não só o mais difícil, em termos técnicos e financeiros, mas o mais decisivo em anos.

A reconstrução da Portuguesa depende de, pelo menos, uma permanência na elite. A torcida, que comeu o pão que o diabo amassou nos últimos sete anos, sabe disso. E precisará ter isso em mente quando a bola rolar, já que as adversidades aparecerão.

Que o alambrado do Canindé recupere a essência da Série A2, para que a esperança seja maior que a preocupação, e o apoio faça a diferença. E que tanto time quanto diretoria tenham noção de que, para a Lusa, esse Paulistão é mais que um campeonato. É a esperança de haver futuro para gerações que ainda resistem no Canindé.

* Luiz Nascimento, 30, é jornalista da rádio CBN, documentarista do Acervo da Bola e escreve sobre a Portuguesa há 13 anos, sendo a maior parte deles no ge. As opiniões aqui contidas não necessariamente refletem as do site.

Fonte: Ge

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