Copa do Catar continua fase mata-mata nesta segunda, com jogos às 12h e 16h, e blog segue com análises em texto, áudio e vídeo de todas as partidas decisivas; confira Brasil x Coréia do Sul se enfrentam às 16h deste domingo, pelas oitavas de final da Copa do Mundo. Mais cedo, às 12h, jogam Japão e Croácia também tentando passar para as quartas.
+ Chaveamento do mata-mata da Copa do Mundo
O blog segue a série de análises em texto, vídeo e áudio (em episódios especiais do podcast Embolada) dos jogos do mata-mata no Catar. Confira:
Brasil x Coréia do Sul
Brasil x Coréia do Sul: quem passa? Cabral Neto analisa e palpita sobre o jogo das oitavas
Brasil
Vai começar a Copa dentro da Copa.
O momento de decisão chegou, tudo que foi construído pela seleção brasileira será definitivamente testado a partir do confronto diante da Coréia do Sul.
A partir de agora, todas as virtudes precisam estar presentes, tudo que foi criado ao longo do processo de trabalho tem que estar presente.
O Brasil já comprovou sua imensa capacidade de jogo e seu repertório de qualidades.
O time de Tite se defende com ampla participação, varia entre a pressão inicial, reduzindo espaço pra retomar a posse e criar jogadas, mas também recompõe sua defesa quando necessário.
Os dois jogos iniciais do mundial indicaram a ideia central de Tite para o torneio: ter cinco jogadores ofensivos em campo, mesmo que não tenha sido a base durante as Eliminatórias.
É comum que o time vá se moldando à complexidade do torneio e ao momento vivido pelos jogadores do elenco.
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Tite em Brasil x Camarões
Lucas Figueiredo/CBF
O lado esquerdo foi o mais forte da Seleção: Vinicius Júnior gerando jogo, participativo, se apresentando e assumindo um papel de protagonista na campanha.
Vini foi o desafogo de jogo, poderia ter calibrado melhor sua finalização, mas sempre esteve envolvido nas melhores jogadas da equipe.
Do outro lado, Raphinha foi menos impactante. Estável desde o início da temporada pelo Barcelona, o atacante ainda tenta reencontrar sua melhor fase, mas é inegável a sua importância na recomposição.
Nenhum outro jogador de lado na Seleção é tão presente na fase defensiva quanto ele, e sua intensidade de jogo também é um fator importante. Além disso, Antony não teve uma atuação ameaçadora pra ganhar a posição diante de Camarões.
Rodrygo também não foi, na função de Neymar, o jogador que é no Real Madrid, mas lá na Espanha ele dá o acabamento da jogada iniciada por um meio-campo formado por Tchouameni, Kroos, Modric e Valverde.
No Brasil ele é participante ativo de uma fase mais intermediária da jogada, mesmo que seu posicionamento possa ser o mesmo que ele exerce várias vezes no clube merengue. Há diferenças notáveis na exigência de uma construção de jogo mais confortável pra ele lá na Europa, mas ele tem capacidade pra se adaptar, pode não ter tempo.
Neymar durante treino do Brasil
Reuters
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A volta de Neymar deixa a Seleção ainda mais forte, amplia o repertório criativo e o poder de fogo.
Sua rápida recuperação pode indicar uma perda mínima de condicionamento físico e ritmo de jogo, algo facilmente compensado pelo imenso talento do jogador.
Sem contar que Neymar chama mais a atenção dos marcadores, o que pode influenciar em mais criação de espaços para os outros atacantes brasileiros.
O poder de marcação foi o grande protagonista coletivo do Brasil nas duas partidas iniciais.
Sem nenhuma finalização em direção ao gol sofrida, as ideias de marcação conjuntas se somavam a uma imensa qualidade individual.
A Copa que Thiago Silva, Marquinhos e Casemiro fazem permite que o time se exponha em alguns momentos, se abra mais e se garanta na incrível confiança desse trio, com o luxuoso apoio de Danilo (ou Militão) e Alex Sandro.
Além da ótima capacidade de passe e construção inicial, às vezes até com bolas longas bem precisas.
Grosso modo, não se ganha Copa do Mundo com um grande ataque, mas se ganha com uma grande defesa.
Atingindo o nível máximo de desempenho, é difícil acreditar em surpresa nesse confronto.
Pra não correr risco, é preciso tirar proveito da derrota no jogo passado e encarar a Coréia como se fosse o adversário mais difícil da vida, sem dar sopa pra o azar.
Destaques individuais da fase de grupos: Casemiro, Thiago Silva e Vinícius Júnior.
Raphinha, Thiago Silva, Marquinhos, Casemiro e Rodrygo em treino da Seleção na Copa
NELSON ALMEIDA / AFP
Coréia do Sul
A Coréia surpreendeu em seu grupo, mesmo mostrando a menor capacidade de jogo.
Com todos os defeitos, Portugal, Gana e Uruguai tinham muito mais potencial pra se tornar um adversário mais indigesto para a seleção brasileira.
Uma improvável classificação coreana para as quartas de final ficaria marcada como uma das maiores zebras da história da Copa do Mundo.
A Coréia se utiliza de uma ideia básica e comum às equipes de menor poderio qualitativo, tenta se defender dentro de seu próprio campo e busca atacar em alta velocidade.
Seu segundo gol na vitória contra o time reserva de Portugal é o melhor exemplo de seu conceito central de jogo.
Tem um lado direito mais ativo, com a aproximação de Hwang In-Beow, meia muito participativo e presente nas melhores ações de criatividade no setor.
É preciso ter atenção com Son.
Heung-Min Son, principal jogador da Coreia do Sul
REUTERS/Kai Pfaffenbach
Ele é um dos principais jogadores do Tottenham há oito temporadas.
Pode jogar como um segundo atacante, circulando por trás do centroavante, ou ser o responsável pelo lado esquerdo de ataque.
Sua participação nesse segundo gol coreano diante Portugal é sensacional, da velocidade no contragolpe à assistência cercado por seis adversários.
A surpresa do último jogo foi ver Kim Min-Jae no banco.
O zagueiro do Napoli é sempre muito seguro, faz boa temporada e é referência defensiva da seleção.
É forte no jogo aéreo e tem bom passe.
Deve voltar nas oitavas de final.
Destaques individuais da fase de grupos: Hwang In-Beow e Son.
Palpite: Brasil
Japão x Croácia
Japão x Croácia: quem passa? Cabral Neto analisa e palpita sobre o jogo das oitavas
Japão
O Japão foi a grande surpresa da fase de grupos - não só garantiu classificação, mas venceu Alemanha e Espanha de virada e acabou em primeiro lugar.
Nas duas partidas, o técnico Hajime Moriyasu usou a mesma estratégia e deve repetir nas oitavas de final.
A seleção japonesa iniciou os dois jogos com uma escalação menos talentosa, com mais força física pra segurar o adversário e explorar a velocidade na segunda etapa das partidas.
Obteve sucesso e garantiu vaga.
Na única partida que precisou ter mais posse de bola e tentar construir jogadas com o adversário mais fechado acabou se complicando e perdeu para a Costa Rica.
Claro que o time correu muito risco, poderia ter saído pra o intervalo na estreia tomando um 3 a 0 da Alemanha, sem nenhum exagero, mas não aconteceu e, no fim, virou o placar para 2 a 1.
Com apenas 26% de posse de bola na estreia e (impressionantes) 18% contra a Espanha, o Japão conseguiu fazer quatro gols em duas seleções que chegaram com pinta de favoritas ao título.
Kamada, do Japão, carrega bola em vitória sobre a Espanha
ANNE-CHRISTINE POUJOULAT / AFP
Já diante da Costa Rica, sua produção ofensiva esbarrou em graves limitações e os 57% de posse acabaram sendo bem improdutivas.
A equipe também mostrou variação tática e atuou com linha de cinco na defesa contra a Espanha, saindo da formação inicial na Copa com dois zagueiros.
Ritsu Doan foi um dos reservas que entraram pra dar qualidade ao time no segundo tempo, além de deixar a equipe mais leve e rápida. O ponta pela direita se destacou nas duas partidas com grande poder de decisão e marcou um gol em cada confronto.
Daichi Kamada faz o time funcionar.
O meia é o responsável por gerar algum volume de jogo, aparece mais pela esquerda e torna seu setor o mais criativo e intenso.
Jogador com alta capacidade física, veloz e com grande explosão.
O destro lateral-esquerdo Nagatomo não é mais o mesmo do auge na Inter de Milão, mas ainda oferece boa qualidade ao setor.
Destaques individuais da fase de grupos: Kamada, Gondo e Ritsu Doan.
Croácia
A Croácia mostrou sua já conhecida competitividade, nem sempre joga bem, mas sempre se apresenta como um adversário indigesto.
Sabe jogar com suas limitações, explora o talento de Modric e tem apenas uma derrota nos últimos 19 jogos.
Não é um time de imposição, quase nunca deixa a partida vistosa, mas sempre compete.
Mesmo jogando mal diante da Bélgica, na última rodada, segurou o 0 a 0, mas nesse jogo correu mais riscos do que costuma sofrer.
Vale destacar que a Croácia tem boa capacidade técnica, apesar de ter sido mais dependente de Modric na armação de jogadas em alguns momentos.
Modric e Eustáquio em Croácia x Canadá
Marko Djurica/Reuters
Começando pela zaga, o time tem um dos melhores zagueiros da primeira fase: o garoto Gvardiol tem apenas 20 anos e é muito promissor. Seguro na marcação e com boa saída de jogo, chegou cercado de expectativa pelo sucesso que já chama a atenção de grandes clubes da Europa.
Tem um forte meio-campo, iniciando com o ótimo Brozovic.
Sua capacidade de conduzir a saída de bola é uma aula.
Dono da distribuição de jogo da equipe, é a partir dos pés dele que o time é direcionado em campo.
Kovacic é o segundo homem de meio, é bom condutor de bola, carrega a equipe pra frente e tem facilidade pra fazer dupla função de defesa e ataque.
Modric tem mais liberdade nesse meio.
É um jogador cheio de virtudes e ainda é capaz de fazer a diferença num jogo.
No ataque, Perisic ataca e recompõe muito bem pela esquerda.
Com a bola, acelera o jogo como nenhum outro da seleção croata.
Sem a bola, é capaz de se alinhar aos defensores e mudar a formação pra uma linha de cinco atrás.
Destaques individuais da fase de grupos: Brozovic, Modric e Gvardiol.
Palpite: Croácia