Ninguém no futebol divide tantas opiniões como Neymar. Amado por alguns e odiado por muitos, a lesão que o tirou da primeira fase e tem potencial de ser pior levantou a hipótese de que sua ausência não seria sentida. Pior: alimentou a ideia de que o time poderia jogar sem seu craque.
Bastaram poucos minutos do confronto entre Brasil e Sérvia para a teoria se provar uma loucura. Não daquelas doces, nem animadas: apenas sem sentido. O Brasil sofreu até o fim do jogo para finalizar e mostrou que Paquetá e Rodrygo ainda não são substitutos em sua plenitude.
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É uma relação tão turbulenta que não houve pedidos por sua volta, nem uma lembrança de que ele poderia resolver as coisas em campo.
Neymar sofreu lesão no tornozelo direito na estreia da seleção brasileira na Copa do Mundo 2022
AFP
Neymar tem a técnica, agilidade e o toque diferente que o posicionam num patamar dos craques. Não foram poucos os jogos que decidiu. Um dos mais emblemáticos foi o 6 a 1 do Barça sobre o PSG, em 2016. Neymar fez dois gols e deu a assistência do gol da classificação. Não é exagero dizer que ele jogou mais que o argentino na Liga dos Campeões de 2015, fazendo gols em todos os jogos decisivos. Messi sempre será mais lembrado.
A decisão de ir embora do Barcelona foi polêmica, mas tinha o objetivo de fazer o protagonismo em campo ser mais visível na arquibancada. Luís Enrique, hoje treinador da Espanha, fazia Neymar voltar com o lateral para Messi ficar descansando na frente. Unai Emery, Thomas Tuchel e Pochettino não o posicionaram como ponta. Mudou de função há anos e joga como meia-atacante, com liberdade de movimentação.
A mudança obrigou Tite a mudar o esquema tático no ciclo após 2018. O Brasil joga hoje num 4-4-2, com Neymar junto de Richarlison. No ataque, ele se movimenta por todo o campo e tem como principal função a armação das jogadas. Recebe entre as linhas do adversário e conecta, com o passe, os pontas. E faz isso bem! Tão bem a ponto de, mesmo lesionado, construir toda a jogada do gol de Richarlison contra a Sérvia.
Ele primeiro recebe a bola entre as linhas de marcação e atrai a atenção de seis jogadores da Sérvia...
Neymar recebe entre as linhas de marcação da Sérvia
Reprodução
Ao perceber que a marcação dobra, Neymar dá um pequeno passe e um jogo de corpo que acaba tirando o zagueiro da Sérvia da área. Isso faz com que Richarlison fique mais livre na área e Vini receba a bola sem marcação alguma. É o toque diferente, que só os gênios têm. "A bola sempre ao 10", apontam os argentinos.
Neymar faz jogo de corpo e dá o toque diferente no lance do gol
Reprodução
É um absurdo achar que um jogador assim não fará falta. Jogando mais pela esquerda, foi o maior driblador da Copa do Mundo de 2018 e o jogador que, sozinho, criou mais chances de gol: foram 23. Isso mesmo: Neymar criou mais jogo do que Griezmann, Mbappé e Modric, nomes que serão mais lembrados que ele na Rússia.
Neymar continuará a dividir opiniões. É o primeiro craque forjado na era das redes sociais, dando munição para conhecermos todas as facetas por trás dos dribles. É até admirável como Neymar sempre foi de verdade, fiel a si próprio, alheio das críticas. Também sssumiu um risco de ser criticado e gerar antipatia. "Nunca conheça seus heróis", diz o ditado.
Em campo, Neymar faz falta. Muita.