Ao contrário da estreia, quando ficaram em silêncio por protesto, atletas do país asiático cantam hino, ainda que de forma tímida. Torcedoras se posicionam contra regime Ao contrário da estreia, contra a Inglaterra, os jogadores do Irã cantaram, ainda que de forma tímida, o hino nacional do país na partida contra o País de Gales, nesta sexta-feira, no estádio Ahmad Bin Ali, no Catar. Parte da torcida, no entanto, vaiou com força no momento, em ato de apoio aos protestos que acontecem no país desde setembro.
Na primeira rodada, a seleção iraniana permaneceu em silêncio na execução do hino, e o ato foi visto como uma posição favorável à revolução que ocorre no país. Algumas mulheres da torcida do Irã no estádio carregam mensagens como “Libertem o Irã” e “Vidas femininas importam”.
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Proibidas de ir a estádios no Irã, mulheres torcem contra a seleção
Torcedores choram ao cantar hino do Irã
No momento do hino nacional, a torcida se dividiu entre vaias e apoio no momento. Alguns iranianos se emocionaram, especialmente as mulheres, que são o ponto central dos protestos na nação e são proibidas de ir aos estádios no país. Com a bola rolando, a torcida do Irã se uniu no apoio ao país e canta com força o nome da seleção.
Entenda o caso
O Irã vive a maior onda de protestos no país desde 2009: milhares de pessoas estão nas ruas pelos direitos das mulheres iranianas. O estopim foi a prisão e morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos.
Masha foi detida capital Teerã após violar as regras iranianas sobre o uso de hijab, o lenço tipicamente islâmico que cobre a cabeça das mulheres. A polícia afirma que ela sofreu um infarto e não resistiu, porém, há denúncias que Masha teria sido atingida propositalmente na cabeça por um cassetete. Imagens da jovem desfalecendo na unidade policial foram divulgadas e revoltaram a população. A jovem ficou em coma, mas não resistiu.
Irã, durante o hino nacional, em partida contra País de Gales
REUTERS/Marko Djurica
O primeiro grande protesto aconteceu após o funeral de Masha, na cidade de Saqqez, no oeste do Irã. Nos protestos, as mulheres assumiram e ainda assumem grande protagonismo. Muitas andam com a cabeça descoberta, assim como Masha.
As manifestações, com o passar do tempo, tomaram proporções gigantescas. O que começou por uma demanda de justiça por Masha e o direito das mulheres agora atinge novas exigências por mais liberdade. Existe, inclusive, grupos de cidadãos que querem a deposição do estado iraniano. Entre os manifestantes, é possível ver inclusive diversas bandeiras do império iraniano, extinguido nos anos 1980 após a revolução islâmica.
Recentemente, o governo iraniano autorizou que manifestantes sejam condenados à pena de morte. A primeira pessoa a receber a punição não teve seu nome divulgado, mas no último dia 14 de novembro, foi punida por "perturbar a ordem e a paz da comunidade e cometer um crime contra a segurança nacional". As denúncias contra o manifestante também incluem "ser inimigo de Deus" e "destruição internacional". O atual governo iraniano é descendente da revolução islâmica de 1979.