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Opinião: Lusa decepciona em Diadema e terá sequência para sonhar ou sofrer

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Por Virtual Rondônia em 13/02/2025 às 12:47:10
Empate da Portuguesa com o Água Santa não espanta o sofrimento contra a queda e ainda faz a sonhada classificação depender de confrontos extremamente difíceis Ao mesmo tempo em que ainda não somou uma pontuação que matematicamente anula os riscos de rebaixamento, a Portuguesa encerrou a 9ª rodada do Paulistão em segundo lugar no grupo dela, ou seja, na zona de classificação para as quartas de final.

Um cenário bem típico do atual regulamento. Os otimistas acreditam em classificação, fazendo projeções envolvendo os adversários de grupo. Já os pessimistas ainda olham para baixo, fazem contas e temem a dificuldade de pontuar nos três últimos jogos.

Fato é que o confronto diante do Água Santa nesta quarta-feira (12), em Diadema, na Grande São Paulo, poderia ter acabado com esse impasse. Uma vitória faria a Lusa chegar ao número "mágico" de 12 pontos para não se preocupar mais com a queda.

Dali em diante a Portuguesa teria menos pressão e mais leveza para encarar os duros três últimos jogos: Corinthians (casa), São Bernardo FC (casa) e Noroeste (fora). A equipe iria mais solta, tendo como único "risco" se classificar para a próxima fase.

Água Santa x Portuguesa

Dorival Rosa / Portuguesa

Isso, porém, não foi o que aconteceu. A Lusa não conseguiu nada além de um empate por 0 a 0 com o Água Santa. O sentimento geral no lado rubro-verde da arquibancada da Arena Inamar, quando do apito final da partida, foi de que dava para ter vencido.

O técnico Cauan de Almeida mandou a campo Rafael Santos no gol; Talles na lateral direita e Lucas Hipólito na esquerda; Gustavo Henrique e Eduardo Biazus no miolo de zaga; Hudson e Fernando Henrique como volantes, com Cristiano vestindo a 10; no ataque, Jajá e Maceió nas beiradas, com Renan Peixoto mais centralizado.

A sensação é de que a Portuguesa não entrou em campo no primeiro tempo. Uma equipe dispersa, desatenta, em ritmo lento, com uma marcação que dava muitos espaços e pouco combate, um meio-campo inócuo e um ataque que pouco conseguiu produzir.

O suspenso Tauã faz muita falta. Fernando Henrique não tem a característica da pegada, da marcação. Hudson, com essa mudança, teve dificuldades de se situar no campo. Para piorar, essa foi uma partida discreta do bem marcado e talvez cansado Cristiano.

Água Santa x Portuguesa

Dorival Rosa / Portuguesa

O meio-campo, principalmente no primeiro tempo, não existiu. O que dificultou um ataque que já não conta com um Maceió inspirado desde a vitória por 3 a 2 sobre o Botafogo, e com um Jajá que falhou bastante em passes e tomadas de decisão.

A sorte lusitana na primeira etapa foi que o Água Santa errava tantos passes quanto. Ou até mais. E que a equipe de Diadema tem um ataque muito pouco efetivo. Com aquela bola, diante de qualquer adversário mais qualificado, a Portuguesa teria tomado gol.

O segundo tempo veio com duas mudanças. Uma na escalação, com Barba no lugar do amarelado Hudson, e outra na postura. A Lusa pelo menos entrou em campo, como se diz no linguajar da bola. Um time um pouco mais aceso, ligado, dentro da partida.

Só que essa mudança de postura não parecia ser suficiente. Com um apagado Cristiano, o corredor central nada rendeu. Com os beiradas nada inspirados, as jogadas de fundo pouco efeito surtiram. Vieram, com o passar dos minutos, mais mexidas. Talvez até tardias. Ou mexidas que poderiam ter acontecido de uma vez apenas.

O time foi renovado do meio para a frente. Everton, Rildo, Igor Torres, Henrique Almeida. Todos do setor ofensivo. Mas até quem saiu do banco de reservas não foi capaz de mudar o panorama. Faltaram objetividade e efetividade. Um time impotente.

O Água Santa, em certa altura da segunda etapa, pregou. Normal. A equipe de Diadema jogou no domingo, em Brasília, voltando apenas na segunda-feira. Só que a Portuguesa, mesmo sem atuar desde sexta-feira, e sem viajar, não conseguia se sobrepor.

Enquanto a Portuguesa exigiu do goleiro Luan Ribeiro praticamente uma única grande defesa, que rendeu a ele o prêmio de "Craque do Jogo", foi do Água Santa o lance de mais perigo: uma bola na trave esquerda da meta defendida por Rafael Santos.

O que destacar de positivo? A Lusa ao menos não sofreu gols. Algo que só aconteceu em três partidas até aqui. Segundo jogo seguido assim, após as necessárias e boas mexidas do técnico Cauan de Almeida. Biazus e Gustavo, aliás, foram muito bem.

Água Santa x Portuguesa

Dorival Rosa / Portuguesa

Outro que surpreendeu positivamente foi Barba. Havia um temor sobre a saída do único mordedor no meio-campo, Hudson, mas o substituto deu conta do recado. E, por fim, o fato de não deixar um adversário direto contra a queda levar três pontos.

De resto, o sentimento é de que a Portuguesa deixou dois pontos pelo caminho em Diadema. Após uma sequência inicial difícil e desastrosa, em que só somou dois pontos, a equipe rubro-verde tinha quatro confrontos diretos contra o rebaixamento. O saldo não é ruim: oito pontos em 12 disputados. Mas, pela situação delicada, era só o mínimo.

Além de vencer Botafogo (3 a 2) e Inter de Limeira (2 a 0), o ideal era superar Velo Clube (2 a 2) e/ou Água Santa (0 a 0). Difícil, claro, mas a própria Lusa criou essa urgência. E o futebol, nesses dois jogos, mostrou que dava, que era possível.

A Portuguesa chegou aos 10 pontos, marca que foi suficiente para livrar da queda em 2023 (alcançada na última rodada) e em 2024 (atingida no penúltimo jogo), e tem agora três jogos para somar de dois a três pontos para se assegurar de vez na elite paulista.

É possível classificar? Claro que é. Só que os jogos são duros. A equipe reserva do líder Corinthians não é melhor que o então lanterna Água Santa? O São Bernardo FC, com o dobro de pontos e brigando vorazmente pela classificação, não é osso duro? E o que dizer do Noroeste, que pode chegar à última rodada no desespero em Bauru?

Fato é que, em campo, a Portuguesa só mostrou superioridade diante dos rivais contra a queda. Competitividade contra clubes que brigam por outra coisa no campeonato? Talvez um tempo contra o Novorizontino e um tempo contra a Ponte Preta. Não mais.

O clássico com o Corinthians neste sábado (15), às 18h30, no Pacaembu, ganha contornos de decisão. Um resultado positivo faz a Lusa olhar para cima. Seja na matemática, seja na moral de se mostrar competitiva na briga pela classificação.

Um resultado negativo, porém, tende a agravar a tensão e a pressão, realimentando o sofrimento contra a queda. Até porque adversários diretos da metade de baixo da classificação começaram a pontuar e tendem a continuar fazendo o mesmo.

A Lusa, portanto, adiou o jogo definidor. E adiou para um confronto duríssimo. Não se pode entrar em campo como se entrou em Diadema. Esse próprio elenco já mostrou que consegue render mais. O quanto mais é que só saberemos nessas duríssimas rodadas.

*Luiz Nascimento, 32, é jornalista da rádio CBN, documentarista do Acervo da Bola e escreve sobre a Portuguesa há 15 anos, sendo a maior parte deles no ge. As opiniões aqui contidas não necessariamente refletem as do site

Fonte: Ge

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