Associação de futebol do Chile tenta provar que, na verdade, o jogador nasceu na Colômbia. Destaque no Equador, o lateral Byron Castillo participou de oito jogos nas Eliminatórias. Não apenas pelos turistas que cada vez mais a procuram é conhecida atualmente General Villamil, cidade litorânea do Equador que fica a menos de cem quilômetros da capital Quito. Acontece que também sucede de ser o local de nascimento de Byron Castillo, lateral-direito do Barcelona de Guayaquil e da seleção nacional. A associação de futebol do Chile, no entanto, jura de pés juntos que o jogador nasceu em outras praias -- no caso, a cidade colombiana de Tumaco. Portanto, na tentativa de tomar alguns pontos dos equatorianos, e de reboque também a vaga na Copa do Mundo, levou a questão à FIFA, que resolveu abrir uma investigação.
Na verdade, é tudo a mesma água do Oceano Pacífico, mas acontece de haver uma fronteira no meio do caminho. E a entidade máxima do futebol chileno resolveu jogar nos "escritórios", como dizem os hipanohablantes, assegurando que o Equador escalou nas Eliminatórios um jogador que na verdade é colombiano. Formado no Aucas, pequeno clube de Quito, o intrépido Byron David Castillo Segura, 23 anos, defendeu o Equador em oito partidas da campanha que no campo, o gabinete que realmente importa, levou La Tricolor à sua quarta participação em Copa do Mundo.
Não se trata de um coadjuvante qualquer, é bom deixar claro. Defendendo o Barcelona de Guayaquil desde 2017, o lateral-direito, que também joga mais avançado, é um dos maiores nomes do futebol equatoriano, campeão nacional com o quadro canario em 2020. Na temporada seguinte, foi escolhido como melhor da sua posição da Libertadores -- único jogador não brasileiro a integrar a lista, composta quase que totalmente por atletas de Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG. Naquela edição, após deixar Vélez e Fluminense pelo caminho, o Barcelona avançou até as semifinais, onde foi eliminado pelo Flamengo. Tamanha cátedra levou o Santos a tentar contratá-lo -- foi o primeiro nome pedido pelo técnico Fabián Bustos, que tentou se mostrar ligeiro, pois já o conhecia desde os tempos em que treinou os toreros de Guayaquil. Extremamente veloz, Castillo costuma ser protagonista para atacar sem comprometer as responsabilidades defensivas. Em resumo, o sonho de todo treinador (ou torcedor).
Não é de hoje que se discute a situação da nacionalidade de Byron Castillo. Em 2015, quando tinha apenas 16 anos, o voluntarioso lateral foi contratado pelo Emelec, mas logo devolvido ao Norte América, seu clube de origem, porque não havia sido aprovado nos exames legais. No Paraguai, em setembro do ano passado, também se cogitou pedir os pontos perdidos para o Equador devido a uma suposta ilegalidade no aproveitamento de Castillo, o homem que nasceu em logradouros misteriosos. A história chega a assumir ares de ficção: levantou-se a hipótese de que exista uma confusão envolvendo seu já falecido irmão de nome é muito semelhante: nascido três anos antes, Bayron realmente era colombiano.
No entanto, há cerca de um ano ratificou-se, através de um juizado, a condição do jogador -- garantiram os juízes que Byron é tão equatoriano quanto Álex Aguinaga. É provável que essa decisão tenha levado o técnico do Equador, o argentino Gustavo Alfaro, a se sentir seguro para aproveitá-lo nos exigentes embates que garantiram presença no Catar. E, de tudo isso, o que fica é certo desconforto com o risco de que o resultado do campo seja alterado em instâncias alheias à natureza do futebol. Porque o Chile pretende viajar ao Golfo Pérsico de qualquer jeito, nem que seja como inconveniente bagagem de mão, aparentemente jogando melhor nos tribunais do que conseguiu fazer nos gramados.
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