Classificação para a semifinal da Eurocopa veio com novo DNA: um futebol mais direto e focado no ataque Espanha 2 x 1 Alemanha | Melhores momentos | Quartas de final | UEFA Euro 2024
Um time capaz de passar 75% do tempo no jogo trocando passes, com um controle absoluto que pode tanto envolver adversários ou provocar bocejos no espectador. A imagem que a Espanha passou aos apaixonados por futebol nos últimos quinze anos parece finalmente ter mudado, como a vitória sobre 2 a 1 na Alemanha, nas quartas-de-final da Eurocopa, mostra.
Não foi uma exibição de birlho. A Espanha não controlou a posse de bola, tampouco chegou tantas vezes no ataque. Nada disso parece importar ao treinador De La Fuente. O novo DNA desse time é um jogo direto, rápido e agressivo.
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O grupo de estudos técnicos da FIFA, liderado há anos por Arsene Wenger, explica que há três formas de atacar o time rival no futebol:
Contra-ataque: quando a bola é recuperada na defesa e os jogadores correm rápido, em poucos passes, até a grande área.
Ataque rápido: quando a bola é tocada do goleiro até o centroavante de forma rápida, com passes rápidos, direcionados para o gol e poucos toques na bola
Ataque posicional: quando a bola é tocada de forma paciente, com muitos toques e jogadores envolvidos até chegar ao gol
Os termos podem até gerar uma confusão, mas fica evidente como a Espanha de Aragonés e Del Bosque era um time que buscava jogar de forma paciente e controlada. Todo mundo tocava um pouco na bola e o passe nunca tinha mais do que 10 metros, por exemplo.
Treinadores posteriores tentaram mudar o estilo, mas conviveram com problemas que foram da falta de atacantes mais verticais até a lambança que foi a Copa do Mundo de 2018.
Nico Williams Olmo gol Espanha Alemanha
Heiko Becker/Reuters
A eliminação surpreendente para o Marrocos na última Copa do Mundo foi a virada de chave. Luis de la Fuente foi escolhido treinador por ter passado por todas as categorias de base anteriores e rejuvenesceu o time de vez. Nico Williams e Lamine Yamal são destaques. Aos 21 anos, Pedri é o líder técnico e criador de jogadas no meio. Cucurella, Le Normand e outros mais estabelecidos viraram titulares.
A jovialidade do time é sinal de uma mudança de orientação na prática de um jogo muito mais direto. Com a aposentadoria de Busquets, Rodri - hoje o melhor primeiro volante do mungo - assumiu a posição de camisa 5 no meio-campo e dá a Pedri e Fabián Ruiz a liberdade para buscar espaços vazios e se deslocarem em busca de receber a bola e já conectar ao ataque.
Nada de toque de lado. Nada de toque para trás. A Espanha é um time que se desloca rápido no espaço vazio, como o movimento magistral de Pedri no lance do primeiro gol mostra: ele identifica o vazio, se desloca, recebe e já conecta para frente. Nada de esperar o espaço: ele abre o espaço.
Pedri busca o espaço vazio para receber: dinâmica mais veloz
Reprodução
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O movimento do meio é acompanhado de dois pontas extremamente ofensivos, que levam toda bola para dentro. Yamal e Williams são talento e velocidade puras. Difíceis de serem parados, estão sempre orientando corridas para frente. Dessa forma, conseguem conduzir para frente e ganham a bola de seus adversários, como a sequência do lance mostra.
Lamine Yamal: jogada individual que tanto faltava nos últimos anos
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Outra marca do time da Espanha é a chegada na área. Se há dois jogadores de lados prontos para driblar e cruzar, a área precisa estar bem preenchida de jogadores. Morata e Dani Olmo são jogadores com grande poder de finalização. Além da técnica, a chegada de laterais na área e dos meias indica a orientação para o time ter poder de fogo e estar presente na área a todo tempo.
No lance do primeiro gol, quatro jogadores estavam presentes na marca da grande área para finalizar. Não é acaso. É treinado.
Quatro jogadores dentro da área para fazer o gol
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Até o lance do segundo gol mostra essa orientação, com Cucurella passando por dentro e indo preencher a área até Mikel Merino finalizar de cabeça.
O poder de fogo da Espanha foi o que faltou para a Alemanha, que controlou boa parte do primeiro tempo. Uma reflexão: do que adianta ser organizado e nõa chegar no gol? A Espanha foi organizada mesmo quando sofria pressão ou precisava se defender.
E mostrará a nova faceta contra uma França conhecida justamente por chegar de forma fatal - com Mbappé e todo o talento das últimas duas finais de Copa do Mundo - num jogo que promete.
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