Papada mostrou que pode fazer um Brasileirão muito mais competitivo do que em sua última participação na Série A Oito anos depois o Juventude está de volta a uma final de Campeonato Gaúcho. Quis o destino que o adversário derrotado fosse justamente o Internacional, algoz alviverde na decisão de 2016. O time de Caxias do Sul não superou o Colorado por um acaso. Conseguiu mostrar mais organização dentro da proposta adotada em boa parte dos 180 minutos do duelo. E foi mais eficiente nos pênaltis.
Robert Renan sai como o grande vilão do Internacional. Bateu uma penalidade de ''cavadinha'', a última da equipe, e viu Gabriel Vasconcelos mostrar velocidade de reação para defender. É a sexta derrota colorada nas últimas sete disputas por penaltis em que se envolveu. O clube não é campeão estadual desde 2016, e não chega a uma final local desde 2021.
Escalações
Eduardo Coudet preservou Enner Valência, e Lucca foi o titular do comando do ataque. Borré não pode atuar no Gauchão e Alario está lesionado. Rochet enfim estreou na meta colorada em 2024. Já Roger Machado não pôde repetir a escalação do primeiro jogo. O lateral-direito João Lucas foi o desfalque. O zagueiro Rodrigo Sam foi escalado no setor.
Como Inter e Juventude iniciaram o 2ª duelo semifinal entre eles no Gauchão 2024
Rodrigo Coutinho
O jogo
O esperado duelo de estilos já visto em Caxias do Sul se repetiu no Beira-Rio. Enquanto o Inter buscou a bola para se instalar no campo de ataque, usando um jogo de aproximação como arma para inibir a defesa do Juventude, o time visitante apresentou uma bela execução de sua proposta reativa.
Compacto entre defesa, meio e ataque, também entre os elementos de cada setor do campo, o Juventude bloqueou as ações coloradas pela faixa central com muita competência. Praticamente fez evaporar o espaço entrelinhas que os anfitriões tanto exploram, e saiu em rápidos contragolpes, quase sempre pelo lado direito da defesa do Inter.
As transições neste setor não eram obra do acaso. Bustos é o lateral mais ofensivo do Inter. Se coloca sempre em amplitude no campo de ataque pela direita, e logicamente o espaço de cobertura nesta zona é maior. Edson Carioca incomou bastante ao ser acionado por ali. Chegou a mandar uma bola na trave. Depois serviu Alan Ruschel em chute perigoso. Prenúncios do que estava por vir.
O escanteio finalizado por Zé Marcos, ao aproveitar assistência de Alan Ruschel e vitória em duelo com Vitão, também se originou no setor, e o gol fez justiça a quem praticava melhor aquilo que se propunha a fazer. Principalmente porque a ''Papada'' não se livarava da bola ao entrar em fase ofensiva. Atraía a pressão do Inter com um primeiro passe curto, e depois acionava um de seus pontas.
Ao lado de Rodrigo Sam e Gilberto, Zé Marcos comemora gol do Juventude contra o Inter
Fernando Alves/E.C.Juventude
Lucas Barbosa e Edson Carioca, além da competência defensiva, foram importantes ao reter alguns passes de costas para Bustos e Renê, que se precipitaram e cometeram faltas. Algo que ajudou a quebrar o ritmo que o time vermelho tentava imprimir em campo.
Lucca até conseguiu fazer bons pivôs. Finalizou um cruzamento de Bustos, mas não havia com quem dialogar no ínfimo espaço entre a defesa e o meio alviverde. A forte marcação de Caíque e Jadson pelo centro do campo esteve em sintonia com a agressividade de Zé Marcos e Rodrigo Sam nos combates. Danilo Boza saiu lesionado logo aos 12' e Sam foi para a zaga.
Pará entrou improvisado na lateral-direita e não comprometeu. Marcou Wanderson com muito afinco. O camisa 11 finalizou por cima a melhor chance colorada na 1ª etapa, mas criada no momento em que o Juventude ficou com um a menos em campo. Alan Patrick, Aranguiz, Bruno Henrique e Bustos, peças importantes na construção do Inter, foram anulados até o intervalo.
Inter x Juventude
Tomás Hammes
Maurício foi quem mais chegou perto de repetir o que tem feito na temporada. Como de costume, se desgarrou da direita para o centro, circulou até pela esquerda em determinados momentos, mas achou poucas conexões com os companheiros. Coudet sacou Bruno Henrique no intervalo e botou Enner Valência. O equatoriano fez a dupla de frente com Lucca e Alan Patrick foi recuado no 2º tempo.
Não demorou para funcionar. Com o camisa 10 recuado, tocando mais vezes na bola e distribuindo de frente para o meio-campo rival, além de dois homens espetados em cima da última linha rival, o Inter ganhou volume ofensivo e passou a iludir o Juventude. Os espaços foram criados, e o empate veio com Renê, de cabeça, em linda jogada ensaiada após falta pela direita da intermediária.
A eficiência do Juventude já não era a mesma. O desgaste para executar o trabalho do 1º tempo era nítido. Sem contar o crescimento comportamental do Inter, inflamado pelo apoio da torcida em seu estádio. Nenê e Rildo entraram para dar gás ao time nas vagas de Jean Carlos e Edson Carioca. Isso ajudou a quebrar o ritmo da pressão colorada, que sofreria um duro golpe na sequência.
Jadson e Aránguiz em Inter x Juventude
Tomás Hammes
Maurício perdeu a cabeça em entrevero com Nenê e foi expulso após consulta ao VAR. Rômulo entrou para reocupar o meio-campo do Inter. Aranguiz ganhou mais liberdade antes de ceder lugar a Bruno Gomes nos últimos minutos. O ritmo da pressão inicial da 2ª etapa já havia sido quebrado, e o Juventude voltou a controlar os acessos a sua área.
Mesmo com um jogador a menos, o Colorado não chegou a sofrer pressão até o apito final de Anderson Daronco. As duas equipes evitaram colocar muitos jogadores a frente da linha da bola e gerar contragolpes ao adversário.
Na decisão por pênaltis, além da bisonha cobrança de Robert Renan, defendida por Gabriel, o Inter também viu Mercado bater no travessão. Rochet pegou a cobrança de Alan Ruschel, mas Gilberto, Rildo, Jadson, Nenê, Kleiton, e o jovem Kelvi, converteram para levar o Juventude à final. O clube conquistou o Gauchão em 1998.