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Opinião: derrota da Portuguesa não pede desespero, mas correções rápidas

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Por Virtual Rondônia em 25/01/2024 às 09:56:32
A Lusa foi derrotada pelo Bragantino por 2 a 1, em casa, em uma partida que reforçou tanto as principais falhas quanto algumas virtudes da vitória na estreia Os aplausos e os cantos de apoio enquanto o elenco deixava o gramado do estádio do Canindé nesta quarta-feira (24) demonstram o entendimento da torcida da Lusa tanto da derrota para o Bragantino por 2 a 1 quanto do desafio do time neste Paulistão.

Portuguesa 1 x 2 Bragantino | Melhores momentos | Campeonato Paulista 2024

Não quer dizer que a torcida ignora ou releva as falhas e os erros, muito pelo contrário. Mas significa que a arquibancada reconhece a disparidade das equipes, o jogo que poderia mesmo ser de derrota e sobretudo os sinais de uma equipe promissora.

Logo que saiu a tabela do campeonato a torcida da Portuguesa já começou a projetar pontuação. Uma vitória na estreia diante da Inter de Limeira, que se confirmou na virada por 3 a 2, seria fundamental para encarar Bragantino e São Paulo na sequência.

Afinal, a Lusa é a única equipe do Paulistão sem divisão nacional, enquanto Bragantino e São Paulo são duas das quatro que estão na Série A. Por mais que o Bragantino tenha sido surpreendido na estreia pelo Água Santa e perdido por 1 a 0, e tenha tido uma pré-temporada de menos de duas semanas, há aspectos que são incomparáveis.

O Bragantino, além de ter um investimento muito superior, que acarreta em um nível técnico bem acima, dispõe de um Pedro Caixinha como treinador há mais de ano, de um elenco que pouco muda, que tem conjunto e entrosamento de longo prazo.

Não seria, como não foi, uma surpresa ou um absurdo uma vitória contra a Portuguesa no estádio do Canindé. O favoritismo era do time da Série A. Só que, nessa partida, um fator incomodou bastante e outro preocupou um pouco para a sequência do Paulistão.

Por mais que o Bragantino fosse mesmo superior e favorito, a Lusa não poderia ter facilitado tanto a vida da equipe. O que se esperava era um time rubro-verde menos aberto e, por consequência, menos exposto defensivamente do que na estreia.

O técnico Dado Cavalcanti repetiu não só a escalação, mas a postura. E foi a campo com Thomazella; Douglas Borel, Quintana, Patrick e Eduardo Diniz; Zé Ricardo, Dudu Miraíma e Chrigor; Felipe Marques, Henrique Dourado e Victor Andrade. A única mudança foi Diniz no lugar de Marquinhos Pedroso, que teve indisposição estomacal.

Se já sofreu contra a Inter de Limeira por se abrir e expor demais a zaga quando tinha a bola, imagine como seria contra o Bragantino. Se já custou caro bater cabeça no miolo de zaga contra a Inter de Limeira, imagine como seria contra o Bragantino.

A Portuguesa até tentou, no início, aproximar mais os dois volantes dos dois zagueiros, assim como segurar mais os dois laterais. Só que, como se previa, não foi suficiente. Nos primeiros minutos já se via uma equipe lusitana que buscava o gol, até criava chances, mas que sofria na recomposição e nos contra-ataques.

Aos 10 minutos, uma repetição de uma falha da estreia. Luan Cândido, do meio-campo, visualizou Nathan Mendes no ataque com marcação muito distante e lançou. O atleta do Bragantino recebeu livre, no setor que Eduardo Diniz e Patrick deveriam fechar, e teve tranquilidade para mandar para o fundo das redes do goleiro Thomazella.

Portuguesa x Bragantino

Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

Independente de quem fosse o adversário nesta segunda rodada, não era admissível repetir exatamente a mesma falha do jogo passado. Foi justamente o erro mais claro, mais escandaloso, mais urgente de ser corrigido. Não foi e custou caro, de novo.

Uma das armas da equipe do técnico Pedro Caixinha, até intensificada após abrir o placar, também foi marcar saída de bola. Lógico. Percebeu que a Lusa do técnico Dado Cavalcanti sai jogando com a bola no pé, desde o goleiro, sem abrir exceções.

Já havia sinais disso na estreia e se repetiu no Canindé. O temor da torcida rubro-verde, porém, se confirmou. Aos 29 minutos, o zagueiro Patrick se atrapalhou ao sair da área, perdeu a bola e viu o Bragantino protagonizar uma triangulação já típica da equipe, de quem joga junto há bastante tempo, culminando no 2 a 0 de Eduardo Sasha.

A equipe rubro-verde sentiu o segundo gol, tanto que criou pouco até o intervalo. Dado Cavalcanti sacou o beirada Felipe Marques e colocou o meia Giovanni Augusto. Tentou segurar mais os laterais e os volantes, fechou mais a casa, e liberou os meias.

Foi a partir dos pés de Giovanni Augusto, em uma jogada individual infiltrando pela direita, que a Lusa conseguiu uma das raras entradas à área aos 25 minutos do segundo tempo. Lance que só não terminou em gol por causa do braço do zagueiro Andres Hurtado. No VAR, o árbitro Raphael Claus deu pênalti e expulsou o defensor.

Henrique Dourado foi para a cobrança e, com muita frieza e inteligência, converteu. A Lusa tinha ainda, contando os acréscimos, pouco mais de 20 minutos em vantagem. É verdade que a equipe cresceu, teve mais domínio, criou chances em cruzamentos à área.

Os atacantes Rone e Maceió, o centroavante Paraizo e o meia Ricardinho entraram para as saídas de Eduardo Diniz, Chrigor, Zé Ricardo e Douglas Borel. A pressão poderia ter se convertido em empate? Sem dúvida. Em um lance principalmente: uma cabeçada de Henrique Dourado, a queima roupa, que passou triscando a trave de Cleiton.

Ali o setor ofensivo da Portuguesa sentiu a dificuldade de penetrar em uma defesa fechada. Com a cera habitual do goleiro Cleiton, o Bragantino preservou o 2 a 1. Ao time luso ficaram lições claras nessa derrota que, de surpreendente, só a facilitação.

O miolo de zaga, com Quintana e Patrick, precisa se acertar urgentemente ou então sofrer alterações. Não há como disputar um Paulistão com tanta bateção de cabeça, tantos erros de posicionamento, tanto espaço, tanta vulnerabilidade na bola aérea.

E mais: a estratégia de sair jogando desde o goleiro, com a bola no chão, será que não demanda um nível de qualidade técnica do setor defensivo e um tempo de adaptação dos quais a Portuguesa não dispõe com esse elenco e com a maratona do Paulistão? Um erro igual, diante do São Paulo no próximo sábado, terá a mesma consequência.

Todos os jogos apresentam lições para correção e evolução, inclusive vitórias. Mas há derrotas não tão improváveis, como essa diante do Bragantino, em que mexer e melhorar acabam sendo a grande virtude. Que assim seja com a Lusa de Dado.

Nem ao céu com a vitória na estreia, nem ao inferno com a derrota na segunda rodada. Pouco mudou de Limeira para o Canindé. De um lado, ruim pelas falhas repetidas. De outro, bom pela confirmação de algumas boas atuações e ações promissoras.

Continua cedo para determinar qual Paulistão a Lusa disputará. Se só de permanência, se de vaga na Série D, se de chance de classificação. Os aplausos e os cantos de incentivo da torcida ao final demonstram a sabedoria necessária para esse momento. Amadurecer, corrigir, melhorar. A luta está só no início. Nada de crise, mas trabalho.

*Luiz Nascimento, 31, é jornalista da rádio CBN, documentarista do Acervo da Bola e escreve sobre a Portuguesa há 14 anos, sendo a maior parte deles no ge. As opiniões aqui contidas não necessariamente refletem as do site.

Fonte: Ge

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