Treinador chega para comandar renovação num grupo envelhecido com a lembrança de um passado vencedor e marcado por um estilo único de jogo Ao olhar a galeria dos treinadores do Corinthians após o período mais vencedor dos 113 anos do clube paulista, chama a atenção a diversidade de perfis e nomes que chegam cedo para trabalhar nos portões do CT Joaquim Grava para treinador o time.
O último deles é Mano Menezes, anunciado pelo clube na tarde dessa quinta (28).
Mano Menezes durante partida do Internacional pelo Brasileirão
Gilson Junio/AGIF
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Será a terceira passagem de Mano pelo clube. No ano passado, ele foi vice-campeão brasileiro pelo Internacional numa campanha de espetacular recuperação. Nos anos anteriores no Timão, só bons trabalhos: principal responsável pela reformulação do grupo de jogadores em 2014, num ótimo segundo turno no Brasileirão. Na primeira passagem, colocou seu nome no cenário nacional com a primeira passagem, com três títulos e uma final de Copa do Brasil.
O treinador é uma cartada final de Duilio, que mira a Sul-Americana como forma desesperada de um título no ano final de seu mandato. Mas dá para ler o retorno de um velho conhecido de uma maneira mais ampla: a de um clube que ainda é refém de seus melhores dias.
Não é para menos. O Corinthians subiu de patamar no cenário nacional entre 2009 e 2015 com um estilo de jogo muito único e sólido. O que se convencionou a chamar de "DNA corintiano" tem quatro defensores alinhados, marcando por zona e fechando a área. Ao menos um volante protegendo bem essa defesa. Jogadas rápidas de ataque (não confunda com time que só joga no contra-ataque), buscando uma construção muito rápida até a área.
Fabio Mahseradjian e Tite na época de Corinthians
Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians
Quando buscou seguir esse DNA, o Corinthians se deu bem. Quando buscou mudar, se deu mal. Mas nos últimos anos, todas as tentativas de se voltar ao passado ou mudar o futuro se provaram erradas.
Começa na traumática saída de Tite e o fracasso que foi Cristóvão Borges e depois Oswaldo de Oliveira. Sem fechar com Rueda, o clube efetivou Fabio Carille pelo conhecimento da filosofia de Mano e Tite e o bom trato com jogadores.
Deu tão certo que a fórmula foi repetida a cada momento de crise: primeiro com Osmar Loss, Sylvinho e mais recentemente com Fernando Lázaro. Mesmo sem histórico de clube, Jair Ventura caiu de para-quedas por ter montado uma boa defesa no Botafogo. Para todos, um pouco de elenco e principalmente experiência para comandar o clube em momentos de crise.
Fernando Lázaro, Cuca e seus auxiliares no treino do Corinthians
Rodrigo Coca/AG. Corinthians
O fracasso da fórmula levava a tentativas de reconstruir o clube pensando futebol mais para frente. Primeiro com Thiago Nunes, depois com Vítor Pereira, e no meio deles, um Vágner Mancini que salvou o clube do rebaixamento e não é um treinador dessa escola d defesa.
Por fim, quando nem efetivar o auxiliar ou jogar de outro modo parecia dar certo, a gestão Duilio procurou as bolas de segurança. A maior delas, Tite, não aceitou uma, nem duas, nem a terceira vez. Sobraram os nomes mais experientes, os únicos medalhões disponíveis do mercado: Cuca e Vanderlei Luxemburgo.
O trabalho ruim de Luxemburgo, com raros jogos bons e uma dependência absurda de Renato Augusto, liga um sinal de alerta: há um problema maior no Corinthians do que simplesmente o treinador ter ou não experiência.
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Marcos Ribolli
O clube precisa de uma renovação profunda, que vem sendo empurrada com a barriga há anos.
Cássio, Fágner, Fabio Santos e Gil são grandes jogadores - todos na curva final da carreira. A experiência deles é tão valiosa como a disponibilidade em dar lugar para novos nomes. Renato Augusto não consegue mais jogar em alto nível, e ninguém sabe de Paulinho (esqueceu dele?) conseguirá no ano que vem, quando deve se recuperar. Enquanto isso, nomes como Matheus Bidu, Matheus Araújo, Pedro e Guilherme Biro vinham merecendo mais chances no time titular - foi a falta delas um dos motivos da demissão de Luxa.
Essa missão só pode ser executada por dois nomes. Um deles é Tite, o outro é Mano. Duilio sabe tão bem disso que engoliu o que disse anteriormente e chamou o treinador de volta.
Em 2022, Duilio explicou por que Mano Menezes não trabalharia mais com ele no Corinthians
Apenas os dois reúnem respaldo, experiência, passado vencedor e costas largas para comandar o que Vitor Pereira tentou, Thiago Nunes não teve sorte e Lázaro não teve experiência para fazer: uma profunda renovação no elenco para ter um futuro um pouco menos arriscado e com mais disputas de título no radar.
Um "vai ou racha" que decidirá se 2024 será de fuga do rebaixamento como foi 2020, 2021 e 2023 ou disputa de alguma coisa relevante. Com um velho e vencedor conhecido no banco de reservas.
???? Ouça o podcast ge Corinthians????