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Indígenas Karipuna sofrem com alagamentos há mais de uma semana e MPF cobra providências da Funai

Por Virtual Rondônia em 25/03/2023 às 13:49:25
MPF enviou ofício para que Funai, Defesa Civil de Rondônia e o Distrito Sanitário (Dsei) apresentem quais medidas foram adotadas para auxiliar os indígenas. Aldeia Karipuna fica alagada após rio Jaci Paraná transbordar

André Karipuna

O Ministério Público Federal (MPF) deu um prazo de 72 horas para que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) informe quais medidas foram adotadas para auxiliar os indígenas Karipuna de Rondônia. As famílias estão desabrigadas há mais de uma semana, depois que o rio Jaci Paraná transbordou e deixou boa parte da Terra Indígena Karipuna alagada.

A Terra Indígena (TI) Karipuna tem mais de 150 hectares e seu território é dividido entre a capital de Rondônia, Porto Velho, e Nova Mamoré (RO).

Desde o dia 17 de março, os indígenas sofrem com o alagamento da aldeia. Alguns foram deslocados para a cidade - sobretudo os idosos - quando o rio começou a subir e os outros continuam na TI mudando de local sempre que a água se aproxima.

Por conta das chuvas, uma das pontes que dá acesso à comunidade foi destruída, deixando o povo isolado. Segundo o MPF, também houve rompimento de fossas e o comprometimento dos poços artesianos da aldeia.

Além da Funai, a Defesa Civil de Rondônia e o Distrito Sanitário (Dsei) foram oficiados pelo MPF para que se manifestem sobre o alagamento.

Rio Jaci Paraná transborda entre Porto Velho e Nova Mamoré

André Karipuna

Possíveis causas do alagamento

As chuvas que ocorrem em Rondônia desde o início de março já causaram o transbordamento de vários rios pelo estado. Segundo especialistas, o volume é maior do que o esperado, mesmo em meio ao inverno amazônico.

No entanto, o MPF também aponta suspeitas de que o alagamento da TI Karipuna tenha ocorrido por conta do fechamento das comportas das usinas hidrelétricas Jirau e Santo Antônio.

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), que acompanha os indígenas Karipuna desde 2017, incluindo na situação recente, também atribui a causa da inundação às usinas.

“Segundo as informações que recebi ainda pouco da comunidade, o rio começa a encher novamente e a gente vê que isso é uma ação mesmo nem tanto das chuvas, mas somado ao aumento da cota, da elevação do rio para a geração de energia. O povo continua sendo assolado pelas inundações e vem essa insegurança de ter suas casas invadidas pela água”, informou ao g1, a missionário do Cimi Laura Vicuña.

Segundo o MPF, por conta das suspeitas, serão realizadas diligências imediatas para atualização do Plano Básico Ambiental (PBA) da Usina Hidrelétrica Santo Antônio. O órgão aponta que há mais de dez anos o PBA “não foi implementado por culpa da morosidade da Funai em fazer a atualização”.

Casas foram invadidas pela água depois que o rio Jaci Paraná transbordou em RO

André Karipuna

Prazos

O MPF deu um prazo de 72 horas, a partir do recebimento do ofício, para que os órgãos se manifestem sobre as medidas adotadas para atender os indígenas afetados pela inundação.

Quanto à atualização do Plano Básico Ambiental da UHE Santo Antônio, a presidência e a coordenação-geral de Licenciamento Ambiental da Funai receberam um prazo de 10 dias para o cumprimento das medidas, “após ouvidas as comunidades indígenas sobre as novas obrigações que deverão ser estabelecidas”.

O que dizem os envolvidos?

Em nota, a Santo Antônio Energia alegou que “nenhuma Terra Indígena é diretamente impactada pela implantação da hidrelétrica” e que possui um Programa de Apoio aos Povos Indígenas que estabelece “ações que minimizam possíveis impactos indiretos”.

Segundo a Santo Antônio, a Fase 1 do programa foi concluída com construção de escola com alojamentos, posto de saúde, recuperação de estradas e outros serviços. A Fase 2 foi planejada e aguarda aprovação da Funai para conclusão.

O g1 procurou a Funai no início da semana, quando noticiou sobre o alagamento da aldeia Karipuna, e entrou em contato novamente após ofício do MPF, mas não obteve retorno em nenhuma das tentativas até a última atualização desta matéria.

A Jirau e o Dsei também foram procurados para se pronunciar sobre o caso, mas não apresentaram resposta.

Na quinta-feira (23), a Prefeitura de Porto Velho informou que enviou água potável, cestas básicas e hipoclorito de sódio para as famílias afetadas. Junto com os itens básicos, agentes da Defesa Civil Municipal e Estadual, além de uma equipe do Corpo de Bombeiros, foram enviados para ajudar na contenção de danos.

TI Karipuna

A Terra Indígena Karipuna tem mais de 150 hectares e seu território é dividido entre Porto Velho e Nova Mamoré (RO). Apenas um povo indígena vive no local: os Karipunas de Rondônia.

O território fica à margem esquerda do rio Jaci Paraná - afluente do rio Madeira - e tem outras fontes de água próximas, como o rio Formoso e os igarapés Fortaleza, Juiz e Água Azul.

Fonte: G1 RO

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