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Um ano de John Textor no Botafogo: clube ainda convive com problemas do passado mesmo com SAF

Por Virtual Rondônia em 10/03/2023 às 03:39:25
Alvinegro evolui em um ano sob controle do norte-americano, mas ainda sofre com dores de cabeça da época pré-SAF Quando assumiu por completo o controle do Botafogo, há exatamente um ano, John Textor citou, interna e externamente, o desejo por profissionalismo - fator que foi fundamental para Durcesio Mello, presidente do clube, escolher o norte-americano para comprar e guiar a SAF. Após 365 dias, o Alvinegro ainda sofre com questões que eram comuns da época de anos anteriores.

John Textor em treino do Botafogo

Vitor Silva/BFR

Atualmente, o clube vive cenário de um treinador pressionado no cargo, desempenho ruim dentro de campo, contas bloqueadas por dívidas do passado e conversas com credores na tentativa de renegociar os débitos.

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John Textor assumiu uma bomba-relógio e era sabido que a missão de administrar o Botafogo não seria fácil. Alguns pontos positivos podem ser destacados durante o primeiro ano de gestão: melhora na estrutura, plano de carreira para os funcionários e reforços, sobretudo em 2022.

- Foi um ano muito desafiador. O Botafogo era um clube quebrado, com mais de 1 bilhão de passivo, pouca receita e vindo da Série B, com um elenco a ser formado. Não tínhamos pessoas, sistemas, processos... foi um caos inicial que precisou ser superado. Quando olho o final do ano, quando tivemos um desempenho esportivo acima da expectativa, com uma vaga na Sul-Americana, vejo o quando transformamos o clube em pouco tempo. O balanço que eu faço desse primeiro ano é muito positivo, embora ainda existam muitos problemas a serem resolvidos - disse Thairo Arruda, diretor geral da SAF.

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Estrutura

O Estádio Nilton Santos passa por obras para ter gramado sintético, o que vai permitir a realização de um maior número de eventos sem prejuízo do campo de jogo. Mais de cinco shows estão confirmados para o local este ano. A bronca fica pelo período da mudança: a arena ficou praticamente sem ser utilizada em dezembro, mas as obras começaram apenas no meio de janeiro, com previsão de conclusão para abril. Desta forma, o Botafogo está tendo que mandar seus jogos no Luso-Brasileiro, na Ilha do Governador.

- Fizemos intervenções de curto prazo, até de manutenção preventiva que estava defasada. Existiam riscos importantes que consertamos. Agora estamos tentando monetizar melhor o Nilton Santos. O gramado vai nos permitir ter uma agenda de shows, abrir para um negócio que ainda não tínhamos. Todo o dinheiro que a SAF gera pode reinvestir n futebol. Esperamos finalizar as obras do gramado em março e em abril já utilizar para shows e para o futebol - disse o diretor geral.

Botafogo terá em breve o gramado sintético no estádio Nilton Santos

Reprodução

O tão sonhado CT integrando o time profissional e as categorias de base ainda não saiu do papel. John Textor tem o plano, mas ainda não conseguiu o terreno para concretizar as ideias. Textor precisa que a Prefeitura do Rio de Janeiro libere um espaço para que o Botafogo possa erguer o novo centro de treinamento.

Thairo Arruda afirmou que sua expectativa é de iniciar a construção do CT ainda em 2023.

- A ideia é partir para o CT novo, que seja um dos melhores do país, quiçá do mundo. Estamos costurando com a prefeitura para ter um terreno onde a gente possa construir o CT definitivo. Estamos buscando parceiros para ter nosso CT de base, moderno, para desenvolvermos atletas. Esperamos em breve ter uma solução sobre o terreno. Tendo isso definido, conseguir trabalhar a arquitetura e para trazer as boas práticas do mercado mundial. Espero que a gente consiga até o fim do ano iniciar as obras, é a minha expectativa. Temos olhado alguns locais com a prefeitura, e cada um deles têm a sua dificuldade. Não há definição, mas o prefeito Eduardo Paes tem nos ajudado bastante - disse o diretor geral.

Por enquanto, o Espaço Lonier segue sendo o único CT do clube. O local ainda não tem todas as obras concluídas, mas está pronto para receber os treinamentos do time principal. O gramado dos três campos passou por melhorias recentemente, assim como refeitório, academia e sala de recreação.

- Nós sempre olhamos a longo prazo, mas podemos fazer melhorias de curto prazo, e fizemos todas as possíveis para entregar ao Luís Castro e aos jogadores um CT que pudesse ser melhor utilizado. Realmente pegamos um CT destruído, e hoje já existe uma satisfação de usar. Esse é o curto prazo, mas não estamos satisfeitos - disse Thairo Arruda.

John Textor com Thairo Arruda no CT Lonier

Vítor Silva/Botafogo

Reforços

O time do Botafogo melhorou de forma significativa se comparado ao elenco anterior ao que John Textor e companhia assumiram. Ao todo, 26 jogadores foram contratados desde que a SAF foi estabelecida no clube - maior parte deles na primeira janela de 2022, com destaque para Patrick de Paula, maior contratação da história do Alvinegro - R$ 33 milhões junto ao Palmeiras.

As chegadas, principalmente na segunda janela do ano passado, deram um salto de qualidade para a equipe de Luís Castro, que chegou a sonhar com uma vaga para a Taça Libertadores na reta final do Campeonato Brasileiro.

- Acho que acertamos muito, mas é impossível acertar todas. Os jogadores são seres humanos, e um que não performou ainda, poderá vir a performar ainda - disse Thairo Arruda.

Gol, Patrick de Paula, Botafogo x Ceilândia

Vitor Silva/Botafogo

Em 2023, porém, o Botafogo está tímido no mercado. Luís Castro havia pedido seis reforços para melhorar e realmente rodar o elenco, mas até agora apenas quatro chegaram - Marlon Freitas, Luís Segovia, Carlos Alberto e Leonel Di Plácido.

- Tivemos que montar um elenco no ano passado, contratamos mais de 20 anos. Agora é a hora de lapidar. Manter o que achamos que está dando certo e substituir ou acrescentar uma peça ou outra conforme a necessidade. Por isso que não temos um ano de muitas contratações. Sobre o orçamento para isso, nós vemos muito mais como oportunidades de mercado. Se tiver alguma oportunidade que seja cara, mas que realmente seja uma grande oportunidade, vamos fazer o investimento. Isso vai muito da análise de cada caso. Cada atleta é um ativo e tem um custo. Temos que analisar o quanto pode nos dar de retorno - afirmou o diretor geral.

Dívidas

Era esperado que o Botafogo acertasse as finanças a partir da chegada de um investidor bilionário. Mas o clube segue sofrendo com as dívidas do passado e com quantias presas na Justiça por solicitação de credores.

- Grande parte dos problemas que temos hoje é relacionado ao pagamento do passivo do clube social. Tem o tributário, trabalhista e civil. O tributário está tudo bem, já está negociado e temos feito os pagamentos. O trabalhista e civil entra no RCE, e temos tido problemas para reduzir esse passivo. Os 20% da nossa receita que destinamos a isso não está sendo suficiente. Pelo contrário, está aumentando. Estamos enxugando gelo. Estamos trabalhando em conjunto para uma alternativa para reduzir o passivo - disse Thairo Arruda.

Por ter entrado no RCE (Regime Centralizado de Execuções), o clube é obrigado, por lei, a destinar 20% da receita mensal aos credores, que, em tese, seriam organizados em uma "fila" até a quantia ser totalmente paga. O regulamento, porém, não foi suficiente para evitar novas penhoras. Na prática, pessoas tentaram passar na frente com processos na Justiça e, sem ter como pagar tudo de uma vez, o Botafogo voltou a sofrer com penhoras.

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- Realmente tira muito da SAF. Ano passado tivemos penhoras inesperadas. Em junho, no nosso principal contrato de direitos de transmissão. CBF não repassou premiação de Copa do Brasil do ano passado... Eram recursos que a gente contava. Tivemos questões com a Ferj da mesma natureza. Isso tudo impactou na saúde financeira - afirmou o diretor geral.

O clube tem negociado com os credores e está otimista por um acordo para que a questão se normalize. Ao mesmo tempo, a parte social estuda a possibilidade de entrar com pedido de Recuperação Extrajudicial. Apesar deste segmento não estar no controle de John Textor, a SAF tem total interesse no sucesso da medida, já que o norte-americano assumiu o passivo histórico do Botafogo.

Salários e comissões

Durante este ano, o clube dependeu quase que exclusivamente de aportes de John Textor. Quando o dinheiro, seja por qual motivo, não caía na data prevista, o Botafogo sofria para arcar com compromissos. Foi isso que aconteceu no fim do ano passado, quando a diretoria ficou em atraso com os salários do elenco. Tudo foi normalizado após, novamente, Textor realizar um depósito e fazer o caixa girar.

Um dos principais problemas do clube na "Era John Textor" envolve contratações, mas não são os jogadores em si. O clube deve quantia de comissões, intermediações e bonificações para agentes e empresários que fizeram a maioria dos negócios de jogadores que reforçaram o elenco desde que o norte-americano assumiu a SAF.

A medida tem atrapalhado a busca por reforços do Botafogo esse ano, já que muitos intermediários tentam "queimar" o clube e a diretoria no mercado da bola.

- Existiam problemas que foram solucionados e outros que voltaram a acontecer que também estão sendo solucionados. O fato é que não existe nenhum clube no mundo que não tenha dificuldades financeiras. Até o Barcelona. Porque é difícil prever o mês seguinte. No Botafogo, toda hora aparece alguma coisa para a gente enfrentar. Tivemos atrasos de FGTS, coisas assim, mas em poucas semanas foi solucionado - garantiu Thairo Arruda.

Negócios

Uma das primeiras ações de Textor foi romper com praticamente todos os negócios que o Botafogo tinha antes de assumir o modelo profissional. O norte-americano, inclusive, rompeu o vínculo com a Volt, marca de fornecimento esportivo, que sequer chegou a fazer uma camisa.

O Botafogo fechou com a Parimatch, o maior patrocínio master da história do clube - R$ 55 milhões por dois anos. A empresa de apostas já estampa a logomarca nas camisas dos times masculino, feminino e de base. A Reebok foi anunciada como fornecedora de material esportivo, mas os uniformes ainda não foram divulgados. A previsão de estreia é para abril.

Luís Castro cumprimenta John Textor no CT do Botafogo

Vitor Silva/Botafogo

Luís Castro

O português foi o Plano A de Textor para o cargo de treinador. O mandatário inclusive travou uma queda de braço com o Corinthians para contratar Luis Castro e tirá-lo do Al-Duhail, do Catar, em março do ano passado. Para Textor, o português era o nome ideal para executar a "Botafogo Way", um estilo de jogo baseado na valorização da posse de bola e captação de atletas.

Mesmo diante de um período instável no ano passado, quando o time chegou a ficar perto da zona de rebaixamento no Brasileirão, o norte-americano bancou a permanência de Luís Castro. Hoje, diante de um novo momento ruim e a eliminação precoce do Campeonato Carioca, o comandante já não conta com o mesmo prestígio e balança no cargo.

- Qualquer organização que busca excelência avalia seus profissionais o tempo todo. Não só o Luís Castro. Nós somos avaliados o tempo todo. Cobramos de todos um nível máximo de excelência. O trabalho tem que ser avaliado como um todo. O Luís Castro e sua comissão também são responsáveis pela implementação do que chamamos do "Botafogo Way", que tem a ver com alinhamento metodológico, integração com a base... há muita coisa envolvida, não é só o resultado de campo, principalmente de alguns poucos jogos. Tudo tem que ser bem analisado - afirmou Thairo.

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Fonte: Ge

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