Atacante é principal artilheiro da liga do país ainda pouco explorado por atletas brasileiros De Caxias para o Iraque. Esse é um breve resumo da viagem que é a carreira de Claudio da Silva de Souza, mais conhecido por um apelido de peso: Claudio Maradona. O jogador nascido no Rio de Janeiro acumula diferentes escalas na sua bagagem e agora vive o principal desafio da carreira jogando no país que ainda é pouco explorado por atletas brasileiros.
Cláudio Maradona celebra gol pelo Newroz
Arquivo pessoal
O atacante de 28 anos começou sua carreira nas divisões de base do Macaé, onde ganhou seu apelido por semelhanças físicas com o craque argentino. Mas é no São José, do Rio Grande do Sul, que sua principal conexão está. No clube desde 2016, Claudio Maradona foi emprestado em oito ocasiões diferentes para equipes do Rio de Janeiro, Maranhão e até mesmo da Arábia Saudita até chegar ao Newroz, do Iraque, sempre mantendo seu contrato com a equipe do Sul do Brasil.
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Ele falou ao ge sobre sua carreira, oportunidades e sobre o desafio de jogar no Iraque. Tudo começou quando um empresário do país procurou Claudio em uma rede social.
— Era um empresário daqui, que consegue jogador para os clubes daqui perguntando se eu tinha interesse. Eu disse "o Iraque é meio complicado, né? Por tudo que a gente vê, principalmente no Brasil, na televisão, né?" Ele me disse que não era mais assim, como eu estava pensando — conta.
O atacante foi convencido e começou a negociação com o próprio clube até conseguir a liberação. Enfrentou dificuldades após ser recusado por cinco clubes diferentes até chegar no Newroz, que não é o maior clube do país, mas a insistência valeu à pena.
Confira alguns gols de Claudio Maradona pelo Newroz, do Iraque
Até o momento, são 11 gols e cinco assistências em 17 jogos disputados na Primeira Divisão Iraquiana e na Copa do Iraque. Claudio Maradona também foi eleito o melhor jogador em sete partidas e jogador do mês por duas vezes. Ele é um dos artilheiros da liga nacional e os bons números fazem com que o brasileiro seja idolatrado de uma forma inacreditável até para ele mesmo.
Cláudio Maradona cercado por fãs no Iraque
Arquivo pessoal
— É uma coisa até muito engraçada, né? Porque a gente vê isso muito no Brasil com um jogador que é de nome, né? Hulk, Gabigol, Arrascaeta, pessoas que jogam no Palmeiras, Corinthians e aqui não é assim. Às vezes é até difícil assim de eu sair do estádio, nesses dias teve que ter polícia para me tirar, porque um monte de criança, um monte de gente adulta me cerca e fala pra mim "Brasil Brasil! Ronaldo, Ronaldinho, Pelé Zico, Roberto Carlos". Eles são apaixonados por brasileiros — conta.
Claudio driblou as dificuldades para ter sucesso no futebol iraquiano. Do idioma ao estilo de jogo, passando pelos costumes, ele conseguiu se adaptar ao novo lar, contando com um grande parceiro no país.
Claudio Maradona em ação pelo Newroz
Arquivo pessoal
— A minha maior dificuldade mesmo foi o estilo de jogo, porque o treinador só fala árabe e o auxiliar fala aquele inglês bem arranhado. Foi difícil no início, mas também tive que aproveitar as oportunidades. Uma vez sentei com auxiliar e perguntei o que eles queriam que eu fizesse em campo. Ele perguntou se eu conseguiria jogar como um camisa 9. Eu falei que sim, porque eu joguei assim no Madureira, no Boavista e em outras equipes — explica.
Deu certo, Claudio Maradona marcou vários gols e se tornou um líder e uma referência para vários de seus companheiros de equipe.
O lado motivador
Quando a gente vai jogar contra um time bom, meus companheiros pensam que vão perder, mas não é assim. Eu sou muito humilde, mas umas algumas coisas dá para perceber. Não quero me exaltar, mas eu sinto que quando eu tô junto com eles, eles se sentem mais confortáveis, porque toda vez antes de entrar no jogo eu sempre falo alguma coisa no vestiário
Os conselhos de Cláudio atravessam os oceanos e chegam até o Brasil. O atacante reconhece as dificuldades que existem no futebol profissional no país.
— O futebol pelos jovens é sempre visto como uma forma de melhorar de vida, de conseguir coisas que parecem inalcançáveis hoje para muitos adolescentes, muitas crianças. A super carreira do futebol não chega para todos porque não tem espaço para todo mundo. Se não dá no Brasil, tem outros lugares precisando de atletas — afirma.
Com a boa fase vivida no Iraque, Claudio Maradona pretende seguir atuando no exterior, pensando principalmente no bem-estar de sua família. O atleta busca a valorização e estabilidade financeira pensando no futuro de suas duas filhas. Seu caminho profissional, no entanto, depende do São José, que irá negociar os próximos passos da carreira de Claudio.
*Estagiário sob a supervisão de Marcos Felipe
