Treinador mudou o esquema tático para o jogo decisivo contra o Del Valle, mas equipe novamente perdeu fôlego no segundo tempo e foi batida nos pênaltis A mudança de esquema tático para o jogo decisivo contra o Independiente Del Valle não deu certo. O Flamengo criou, mas caiu de rendimento no segundo tempo, perdeu a decisão da Recopa nos pênaltis. e vê o treinador Vítor Pereira cada vez mais pressionado.
É a terceira derrota nos três jogos decisivos que o Flamengo teve na temporada. Antes, o time perdeu a Supercopa para o Palmeiras e a semifinal do Mundial de Clubes para o Al Hilal.
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Arrascaeta lamenta pênalti perdido em Flamengo x Del Valle
André Durão
O resultado mostra que o treinador Vítor Pereira ainda não encontrou uma equipe nesse começo de ano. E não foi por falta de tentativa. O português tentou um 4-4-2 ao estilo Jorge Jesus e viu Gérson e Thiago Maia não se entenderem como dupla de volantes. Depois, voltou ao 4-3-1-2 de Dorival, com Éverton Ribeiro no papel de volante junto a Vidal.
Para a decisão num Maracanã abarrotado por 71 mil rubro-negros, mais uma mudança: um 3-4-3.
Thiago Maia foi um zagueiro pelo lado esquerdo, junto a David Luiz e Fabrício Bruno. Não era um esquema com o volante no movimento chamado de "saída de três". Como ver a diferença? O comportamento do time sem a bola dá a pista. Nos momentos em que o Fla se defendia, Maia ficava no mesmo setor de David Luiz. Se fosse volante, como nos tempos de Dorival e Paulo Sousa, ele teria que dar o combate mais à frente.
Flamengo na defesa: Thiago Maia como zagueiro, numa linha de cinco defensores
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O que Vítor Pereira pensou com a nova formação tática?
O 1º tempo foi uma amostra do que o treinador planejou para o jogo com o esquema. O Flamengo decidiu deixar o meio de campo mais vazio para ter Arrascaeta perto da área, no mesmo setor de Pedro e Gabigol. Ele foi um terceiro atacante. Os laterais Varela e Ayrton Lucas jogaram bem abertos, o tempo todo buscando o cruzamento.
Pereira queria um time de abafa e cruzamento. O tempo era inimigo, e o Fla não podia gastar segundos no meio de campo. Vidal entrou com Éverton para articular e pensar de trás.
Flamengo no ataque: Arrascaeta mais próximo da área e muitos cruzamentos
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O abafa deu certo na primeira etapa. O Flamengo colocou duas bolas na trave, construiu ao menos três chances e faltou mesmo capricho para a bola ir para o gol. Na defesa, sofreu poucos contra-ataques do Del Valle e controlou a posse da bola e o espaço de ataque durante trinta e cinco minutos. Os dez minutos finais foram marcados pela cera do rival.
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O que não deu certo na nova formação?
O abafa no primeiro tempo teve muitas jogadas de cruzamentos e rebatidas na área. Mas poucas jogadas trabalhadas. O motivo é tático: o Del Valle se defendia com uma linha de cinco defensores, sempre próxima da área e com os volantes fazendo a cobertura em quem estava com a bola. Na prática, eram três zagueiros e mais um volante contra Pedro, Arrasca e Gabigol, o único desse trio que saía mais da área.
Havia cobertura e proteção para tirar a bola da área e afastar o perigo.
Linha de cinco do Del Valle no jogo
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Quando o segundo tempo veio e a queda física nítida do Flamengo começou a dar as caras, faltou exatamente mais articulação, troca de passes e movimentação no meio de campo. Faltou Arrascaeta, que confessou não estar em seu melhor e fez uma partida muito abaixo.
Varela e Éverton isolados: Del Valle cresceu no segundo tempo
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Tanto ele como Pedro ficaram isolados no ataque. Coube à Gabigol sair mais da área, antes e depois das substituições, e encarar o papel de armar o time. Em um lance, ele errou um passe simples com a perna esquerda e tentou jogar em direção à área, sem a movimentação rival. Em outro, inverteu o jogo para Cebolinha no lance do gol.
Problema ou solução?
Depende do contexto. E o contexto no segundo tempo e na prorrogação não favoreceu o Flamengo: sem pernas para ir e voltar nos contra-ataques do Del Valle, a equipe criou menos e levou o jogo para os pênaltis, onde Arrascaeta foi o Arão de 2021.
Vítor Pereira tem todo o direito de bater na tecla do tempo de trabalho e de preparação. Afinal, esse é um trabalho que não acumula dois meses de treinos, jogos, erros e acertos. O Flamengo já mostra as ideias do técnico, mas ainda não tem um time confiável, que mantenha um bom desempenho contra rivais de nível melhor do que os do interior do Rio de Janeiro.
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É por isso que a decisão de trocar um treinador campeão de dois títulos em seis meses para apostar num técnico estrangeiro, com pouco tempo de treino e muitas decisões, se torna cada vez mais polêmica.
Se o Flamengo de Vítor Pereira é um trabalho no começo, o Flamengo de Dorival seria um trabalho caminhando para a maturidade, com uma probabilidade maior de jogar um futebol mais coeso do que a equipe apresenta no 2023 marcado por dolorosos vices e um time que não se encontra.