O designer gráfico Cícero Moraes, entrou para a Mensa International, um "clube internacional de gênios". Em 2018 ele esteve em Rondônia e conversou com o g1 sobre como crânios históricos achados no Rio Madeira ajudaram na reconstrução de faces em 3D. Cícero Moraes reconstrói faces virtualmente
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Rondônia faz parte do currículo de pesquisas do designer gráfico brasileiro, Cícero Moraes. Ele acabou de entrar para a Mensa International, um "clube de gênios", considerada a maior sociedade de alto QI do mundo.
Há quatro anos, durante a Campus Party em Rondônia, Cícero divulgou um estudo que unia tecnologia, história e arqueologia. O projeto ajudou na análise sobre o processo de ocupação humana no estado.
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Tudo começou quando Cícero entrou em contato com o Museu da Memória Rondoniense para ter acesso a artefatos do acervo local: crânios humanos encontrados em áreas de garimpo nas margens do Rio Madeira, entre o Porto do Cai n"água até o Belmonte. O material foi coletado por arqueólogos e garimpeiros.
A intenção era fazer a reconstrução facial em 3D. Essa técnica recria a face de um indivíduo a partir de um crânio, seja ele completo ou não. Com os recursos tecnológicos atuais, a reconstrução acontece geralmente após a digitalização da ossada.
Infográfico mostra evolução para elaboração de rosto em 3D
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Durante o projeto, Cícero reconstruiu, a partir do crânio coletado no Rio Madeira, o rosto de um indígena. A datação relativa dos crânios é de aproximadamente 3 mil anos.
Com a ajuda dessa reconstrução foi possível ter uma noção básica das características étnicas da população originária da época.
"Tecnologia não é só digital, tudo que você fornece pra uma população e melhora a vida das pessoas é tecnologia, por isso procurei o museu", disse Cícero, ao g1 em 2018.
A pesquisa é uma das peças que ajuda na memória do Estado. O vídeo abaixo mostra — de forma acelerada — o passo a passo da reconstrução facial em 3D do indígena rondoniense de mais de 3 mil anos.
Veja a reconstrução facial em 3D de indígena feito com base em crânio achado em RO
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"Com acesso a tecnologia eu posso estar em Mato Grosso fazendo pesquisas com o pessoal da Espanha, até da Malásia, que é tão distante. As riquezas arqueológicas, aí de Rondônia, por exemplo, são interessantes e podem ser acessadas, da parte informativa, por pessoas do mundo inteiro. Com a tecnologia que eu desenvolvo tenho a alegria de trocar informações com o mundo inteiro", comentou Cícero.
Quem é Cícero?
Cícero é morador de Sinop, no norte de Mato Grosso. Ele é professor, palestrante e especializado em reconstrução facial.
Ele entrou para o Guinness Book 2022 – o livro dos recordes –, após reconstruir o casco de um jabuti que perdeu a proteção durante um incêndio em 2015. Essa foi a primeira prótese de casco de jabuti feita em impressora 3D no mundo (veja no vídeo abaixo).
Designer reconstruiu casco de jabuti em impressora 3D
Ele também participou de outra empreitada: um estudo arqueológico iniciado 25 anos atrás que somado a um minucioso trabalho de animação gráfica, revelou a face de uma das primeiras pessoas a ter habitado o Brasil, é Zuzu.
A história de Zuzu começou a ser contada em 1997, quando pesquisadores encontraram no Parque Nacional da Serra das Capivaras – onde existem mais de 1.000 sítios arqueológicos no coração da caatinga do Piauí – partes de um crânio de um indivíduo que integrou um grupo de paleoíndios.
Animação gráfica mostra como era o rosto de Zuzu, um dos primeiros habitantes do Brasil
Foi descoberto que o crânio encontrado pela equipe da pesquisadora Niède Guidon no final dos anos 1990 era de um indivíduo que viveu 10 mil anos atrás. Nomeado de Zuzu, o crânio passou a ser exibido em um dos museus do parque, e teve a sua história estudada a partir dos fragmentos encontrados e das pinturas feitas nas rochas da região.