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Joia 2023: Isaac desiste de desistir, joga pelo pai que perdeu e vive ascensão meteórica no Fluminense

Por Virtual Rondônia em 24/12/2022 às 03:54:20
Aos 18 anos, atacante vê câncer levar o seu maior incentivador no futebol, mas segue em frente para realizar sonho da família, ganha grande destaque em 2022 e será titular em sua 1ª Copinha Uma famosa propaganda de televisão no início dos anos 2.000 criou um slogan que virou um mantra no Brasil, de que "o brasileiro não desiste nunca". Até mesmo quando ele quer desistir. E Isaac, escolhido para a sessão do ge “Joia 2023” do Fluminense, é prova viva disso no caminho para se tornar jogador de futebol. Se hoje o jovem atacante de 18 anos vive uma ascensão meteórica em Xerém e já chama a atenção até de Fernando Diniz, antes precisou duas vezes desistir de desistir.

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Isaac comemora gol pelo Fluminense na base

Mailson Santana / Fluminense FC

De família humilde, o garoto nasceu em Teresina e não foge à "regra" da maioria dos jogadores brasileiros, que vem de origem pobre. Mas não foram os percalços financeiros que desmotivaram Isaac, e sim a falta de perspectiva. Ele começou a jogar com sete anos em uma escolinha do bairro onde morava, na capital piauiense. Aos nove, foi para o futsal. e com 15 chegou ao River do Piauí.

No clube, começou a ver os amigos saírem após convites de times de grandes centros do país, inclusive seu irmão dois anos mais velho, Jean Carlos, enquanto para ele não surgia nada. Nem um empresário, nenhuma ligação... Em 2020, antes da Copa do Brasil Sub-17, ele decidiu que aquela seria sua última oportunidade. Disputou três jogos e fez um gol na goleada por 5 a 0 sobre o Grêmio Santo Antônio-MS. Mas o River-PI não foi longe e foi eliminado na terceira fase pelo São Paulo.

Isaac quando jogava futsal ainda criança em Teresina

Arquivo Pessoal

– Eu estou aqui agora, mas sempre foi difícil para mim. Com 16 anos eu ia parar de jogar, porque lá onde eu morava meus amigos estavam conseguindo entrar para um clube grande, e eu não conseguia. Eu falei para mim mesmo que ia ser meu último campeonato e joguei a Copa do Brasil. Aí não saiu nada também, e pensei: "Não vou mais querer isso para mim". Até que recebi uma ligação do meu treinador do River falando: "Olha, você vai fazer uma avaliação no Fluminense".

– Tipo, eu nem fiquei muito feliz porque nada dava certo para mim (risos). Mas meu irmão, que na época estava no Fluminense, me mandou mensagem falando para vir, que era a oportunidade de mudar a vida dos nossos pais, me dando coragem. Minha mãe também olhou para mim e perguntou se era isso que eu queria. Eu vi o brilho que estava no olho dela, lembrei de todas as dificuldade que passamos, de não ter dinheiro da passagem, e ela pegava emprestado com alguém, e disse que iria.

O atacante em ação pelo sub-17 do River-PI

Divulgação

Ele chegou a Xerém em fevereiro de 2021, aos 16 anos. Fez o teste, passou e já ficou no Rio de Janeiro, nem voltou para o Piauí. Viu seu irmão no fim daquela temporada ir embora após acabar o contrato –atualmente ele está no sub-20 do Sport –, mas mesmo longe da família Isaac teve um início promissor no sub-17 do Fluminense. Tanto que oito meses depois já assinou o primeiro contrato profissional. Mas em 2022, no seu primeiro ano de sub-20, caiu drasticamente de produção em meio a um drama familiar: seu pai, Genivaldo, morreu de câncer. Um baque tão grande que de novo veio o pensamento.

– Outra vez também que eu ia desistindo foi quando perdi meu pai. O Fluminense me deu férias, eu fui para casa e não queria voltar mais. Foi uma perda grande para mim, falei que eu não conseguia mais, e minha mãe falou assim: "Deus jamais colocaria um sonho que você não pudesse realizar". Depois de uns dias decidi voltar. Tipo, não voltei assim tão bem, estava tentando assimilar tudo que tinha acontecido, não estava indo tão bem nos treinos... Mas tudo que meus pais me deram para eu estar aqui, tenho que recompensar de alguma maneira. E foi assim que eu dei a volta por cima.

Isaac em treino do Fluminense em Xerém

Leonardo Brasil / Fluminense FC

O atacante encontrou a motivação para seguir em frente. Após um primeiro semestre apagado, Isaac voltou a crescer no segundo e foi conquistando espaço. Terminou o ano como titular absoluto e um dos destaques do time. Na goleada por 4 a 2 sobre o Cruzeiro na Copa do Brasil Sub-20, por exemplo, foi o principal nome do jogo com dois golaços e uma assistência (veja no vídeo abaixo).

Os gols de Fluminense 4 x 2 Cruzeiro pela Copa do Brasil Sub-20

– Hoje jogo pelo meu pai, tudo que eu faço hoje dentro de campo é pelo meu pai. Até já quis fazer uma tatuagem e colocar "sangue nos olhos e cheio de vontade de vencer". Era a frase que meu pai costumava falar – afirmou, com os olhos marejados, lembrando o seu maior incentivador no futebol:

– Tipo assim, era o sonho dele também. Quando eu vim para cá, ele falava para todo mundo dos filhos jogadores. Ele significava muito para mim, era um guerreiro. No futebol não deu certo e trabalhava como estivador, mas nunca deixou faltar nada para mim e meus irmãos. Quando passei no teste do Fluminense e liguei para avisar, fiz chamada de vídeo, e ele falou: "Agora realize esse sonho por mim". Fico arrepiado só de falar disso.

Isaac em foto com seu falecido pai, Genivaldo

Arquivo Pessoal

Obrigado pai por Tudo eu nem sei o que falar o senhor é o melhor pai do mundo obrigado ????"

Isaac é tão focado em virar jogador que evita sair de sua rotina de casa-treino, treino-casa. Gosta de praia, mas vai pouco, até pela distância, já que mora em Duque de Caxias. Prefere programas caseiros, como ouvir música (gosta de rap, funk e pagode) e ver anime.

Aos 18 anos, o atacante já vive a expectativa de disputar a sua primeira Copinha, e logo como titular. O Fluminense está no Grupo 14, ao lado do Taubaté-SP, Imperatriz-MA e Porto Vitória-ES e estreia no dia 3 de janeiro. E se precisar, ele joga até de zagueiro:

– Eu tenho que contar essa resenha. Eu era zagueiro, só estourava, só chutava para frente (risos). Mas eu era capitão de zagueiro. Quando joguei na quadra fui criando habilidade, até que com 13 anos no campo eu fui para o ataque – contou o atacante, que diz ter um estilo parecido com Luiz Henrique, joia do Fluminense que atualmente está no Betis, da Espanha, mas se inspira no ídolo Neymar:

Isaac assinou seu primeiro contrato profissional no Fluminense no fim de 2021

Divulgação

– Meu estilo de jogo é como do Luiz Henrique. Pego a bola e vou para dentro, gosto do um para um, de rabiscar. Chego na frente e finalizo, dou assistência. Às vezes não gosto de voltar a bola, sou muito ofensivo (risos). Me inspiro muito no Neymar, tudo que ele faz no campo eu tento fazer também: drible, chapada... É meu ídolo máximo.

E quem certamente estará de olho em Isaac na Copinha é Fernando Diniz. O ge apurou que técnico ficou surpreendido quando o atacante, que atua aberto como ponta direita, subiu para fazer alguns treinos com os profissionais no final da temporada no CT Carlos Castilho. Ele revelou que já teve uma conversa com o treinador:

– Conversei uma vez com ele quando subi para treinar lá com o profissional e trocamos um papo. Ele falou que com ele não tem conversa, se for bem ele bota mesmo para jogar os garotos. Eu gosto dele também, do estilo de jogo dele de aproxima, toca, sai... Gosto muito.

Isaac emocionado ao lembrar do pai em entrevista no Fluminense

Leonardo Brasil / Fluminense FC

Após muita resiliência, o sonho de virar um jogador profissional caminha a passos largos e está cada vez mais próximo. E o garoto diz ser pé quente e marcar em estreias:

– E vou fazer gol na minha estreia. Fiz no River-PI, meu primeiro campeonato foi em Água Branca, que é lá perto de casa. Fiz na estreia do Carioca Sub-20 também.

E Isaac planeja trazer a mãe pela primeira vez ao Rio de Janeiro quando for a hora da estreia:

Vou trazer ela. É meu sonho estrear no profissional do Fluminense com minha mãe na arquibancada. E eu queria muito que meu pai estivesse na minha estreia também".

Relembre as joias do Flu dos anos anteriores apontadas pelo ge:

Joia 2022: “Gerado para vencer”, Alexsander dá volta por cima na base após dispensa

Joia 2021: Pedido no profissional, John Kennedy sonha com dupla com Fred

Joia 2020: De atacante a volante, Calegari aposta em polivalência para vencer no Flu

Joia 2019: De Algodão para Xerém, André troca de posição para se firmar no Tricolor

Joia 2018: Resende, o volante à la Wendel que sonha comemorar gol como Assis

Joia 2017: Dispensado do Fla e fã de Ibra, Pedro espera a sua vez no Flu

Joia 2016: Veloz e habilidoso, Calazans é uma das promessas do Tricolor

Joia 2015: À espera de chance, Lorran quer colecionar gols como Fred

Joia 2014: Em nome dos pais, Robert dribla a pressão para virar ídolo do Flu

Joia 2013: Igor Julião convive com rotina de jogador desde os 7 anos

Joia 2012: Fã do meia Deco, Patinho do Flu sonha virar Ganso no futuro

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Reprodução

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Fonte: Ge

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