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Travesti ganha título de Princesa da Cavalgada e aciona polícia após sofrer ataques transfóbicos em RO


Vítima contou ao g1 que chegou a ouvir que apanharia na rua se saísse de casa. Ataques tem acontecido através de ligações, mensagens de texto, áudios e publicações em várias redes sociais. Travesti eleita 1ª Princesa da Cavalgada em Candeias do Jamari, RO

Redes Sociais/Reprodução

O que começou como uma diversão se transformou em um pesadelo para a Fabio Schinayder, de 33 anos. A travesti ganhou o título de 1ª Princesa da Cavalgada de Candeias do Jamari (RO), no último fim de semana, e desde então tem sido vítima de vários ataques transfóbicos.

"Tem gente me ligando, me ameaçando, falando que se me ver na rua vai me bater", contou ao g1.

Como tudo começou

No sábado (30), aconteceu em Candeias do Jamari uma cavalgada e um "baile da rainha". Fábio diz que foi convidada para participar da competição e antes de aceitar verificou se tinha alguma regulamentação que impedia sua participação.

"Eu fui e me inscrevi. Eu me vesti, desfilei com as meninas e tudo. Fiquei em segundo lugar. Eu não sabia que ia dar esse negócio todo que está dando, esse preconceito todo".

As mensagens de ódio teriam começado em um grupo de WhatsApp, onde várias pessoas mandaram áudios com adjetivos pejorativos e ofensivos, em tom de zombaria. Veja abaixo algumas das ofensas:

"Uma falta de respeito com boiadeiro nato, antigo, que é sertanejo. Isso aí não é rainha, é um raio. Manda ele ir pra Avenida Paulista se ele quiser aparecer, mas não vai pro nosso rodeio não", diz uma das mensagens.

Em um vídeo, um homem diz que está indignado com a eleição de uma princesa travesti e que a cultura "está acabando".

"Dá vontade de 'tacar' fogo não minhas tralhas, quebrar meu berrante porque a gente tá perdendo nossa cultura. Você ter como representante em uma cavalgada um travesti... não tenho nada contra, mas eu acho isso um absurdo".

Além de vídeos, pessoas estão postando textos em diversas redes sociais e enviando ataques no próprio celular da vítima. O g1 optou por não colocar as mensagens na íntegra por conter muitas palavras de ódio e impróprias.

"Eu tô me sentindo muito mal, muito pra baixo. Tô desde ontem sem dormir, nem almocei, estou chorando, está difícil", lamentou Fabio.

Medidas jurídicas

Para combater todo o ataque, ela entrou em contato com um advogado e decidiu denunciar os casos na delegacia da Polícia Civil de Candeias.

Segundo a defesa, os ataques são de cunho depreciativo à dignidade da pessoa humana.

"Os responsáveis pelos ataques transfóbicos no momento oportuno serão responsabilizados pelo poder judiciário na esfera civil e criminal. É importante ressaltar que a Fabio Schinayder está tendo sua honra objetiva e subjetiva violada, uma vez que os ataques sórdidos, rasteiros e traiçoeiros imputam denotação de cunho depreciativo a dignidade da pessoa humana".

"Nesse sentido, está mais que nítido que os ataques transfóbicos advindos de indivíduos na internet e em grupos de WhatsApp, agem com dolo de cometer diversos crimes de forma contumaz", publicou seu advogado de defesa.

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