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"Neymar da Coreia": quem é Son, o colega de Richarlison que enfrenta o Brasil nas oitavas

Por Virtual Rondônia em 03/12/2022 às 00:18:20
Craque sul-coreano teve pai jogador de futebol, deixou o país na adolescência e estourou na Inglaterra, onde ganhou Prêmio Puskas. Sua máscara de proteção virou febre entre seus fãs Pode ser que na segunda-feira, quando chegar ao estádio 974 para apoiar a Seleção nas oitavas de final da Copa do Mundo do Catar, a torcida brasileira encontre uma multidão de mascarados do outro lado. Não se trata de um "cosplay" em massa, mas de um sinal de adoração da Coreia do Sul pelo principal jogador de sua equipe: o atacante Heung-Min Son.

Heung-Min Son, principal jogador da Coreia do Sul

REUTERS/Kai Pfaffenbach

O atacante do Tottenham, artilheiro da Premier League na temporada passada, vem usando uma máscara desde que sofreu uma fratura no rosto em ação pelo clube inglês, no início de novembro. Os torcedores sul-coreanos retribuíram a bravura do ídolo em representar o país tão pouco tempo depois desta lesão adotando o adereço, que virou febre.

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É possível traçar um paralelo com o craque brasileiro Neymar, cujos cortes de cabelo eram copiados por fãs mirins e cuja imagem é disputada por marcas de todo o mundo para vender seus produtos. O mesmo acontece com Son, classificado por quem vive na Coreia do Sul como "o Neymar daqui".

Torcedores coreanos com máscara em alusão a Son na estreia da Coreia do Sul pela Copa do Mundo

ANP via Getty Images

Não é por pouco: além do sucesso atingido no cenário internacional, Son é o grande nome da seleção sul-coreana na última década, com 35 gols em 107 jogos. Se marcar contra o Brasil, se isolará como o maior artilheiro da história da Coreia do Sul em Copas do Mundo, com quatro gols em três edições do torneio.

Pai linha dura e ida cedo para a Europa

Heung-Min Son foi moldado por seu pai, um ex-jogador de futebol que teve a carreira abreviada por lesões. O progenitor era rígido nos treinamentos: o garoto era submetido a trabalhos de até dez horas diariamente, nos quais tinha que repetir dribles, passes e finalizações exaustivamente.

– O pai dele era linha dura e o submetia a uma preparação "old school", com centenas de repetições. Mas isso o ajudou a se desenvolver. Quando jovem, Son não era famoso aqui. Ele foi virar uma estrela anos depois, já na Europa – explica Kim Jungyong, jornalista do site "First Division".

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Após passagem pelas categorias de base do FC Seoul, Son se transferiu para o Hamburgo, da Alemanha, com apenas 16 anos de idade, graças a um projeto da Associação de Futebol da Coreia para levar atletas do país para o exterior. Lá, nas categorias de base, se desenvolveu num atacante veloz e de técnica apurada, e subiu rapidamente aos profissionais, onde estreou com 18 anos e se tornou o jogador mais jovem da história do clube a marcar na Bundesliga.

Son passou cinco temporadas como profissional na Alemanha, sendo três com o Hamburgo e duas com o Bayer Leverkusen. Foi quando se transferiu para o Tottenham Hotspur, porém, que virou um superastro. Em 2015, o clube inglês o levou para Londres por 30 milhões de euros, contratação mais cara de um jogador asiático na história.

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Após uma temporada no banco, Son ganhou a titularidade em 2016 e se tornou a grande dupla de Harry Kane no ataque do time londrino. Com o Tottenham, chegou ao vice-campeonato da Champions League, foi artilheiro da Premier League em 2021-22 com 23 gols marcados (empatado com Salah, do Liverpool), e inclusive recebeu um Prêmio Puskas (assim como Neymar) pelo gol mais bonito de 2020, marcado numa arrancada contra o Burnley. Aquele gol, numa arrancada longa, o fez ser comparado a Ronaldo Fenômeno pelo treinador José Mourinho.

Tudo isso tornou Heung-Min Son num fenômeno de mídia. Ele tem seu rosto estampado em outdoors, letreiros eletrônicos, comerciais de TV e até geladeiras de lojas de conveniências da Coreia. O fato de falar inglês e alemão, além do idioma nativo, ajudaram a torná-lo um popstar internacional. Segundo a revista "Forbes", o atacante fatura 16,2 milhões de dólares por ano com patrocínios, algo próximo de R$ 80 milhões.

– O Brasil tem muitos craques, nós só temos um. Ele é bom dentro e fora de campo, é uma pessoa agradável, está sempre sorrindo e ama as crianças –conta Ju Seong Park, jornalista do Sportalkorea.

Placa de publicidade com imagem de Son na Coreia do Sul

Bruno Cassucci

Falando em craques brasileiros, eles são não apenas referências para Son, como alguns de seus melhores companheiros de equipe. Atualmente, ele tem a companhia de Richarlison, centroavante titular do Brasil, no ataque titular do Tottenham. Antes dele, era Lucas Moura, hoje reserva no time inglês.

– Ele conhece muitos jogadores brasileiros que atuam na Europa. Às vezes a gente comenta deles e também dos jogos que o Son já fez contra a Seleção. Ele é um grande admirador dos jogadores brasileiros, não só os que estão na ativa, mas também alguns que já se aposentaram – conta Lucas Moura.

Lições do serviço militar

Antes da Copa do Mundo, Son admitiu que a máscara que usaria nos jogos era incômoda, mas que jogaria apesar disso porque representar a seleção era uma grande honra. Esse sentimento de dever cívico passa pela obrigatoriedade de serviço militar pelo qual passam todos os jovens homens sul-coreanos. Segundo as leis da Coreia do Sul, os homens devem servir às Forças Armadas por pelo menos dois anos e completar o alistamento até os 27 anos de idade.

Son não precisou cumprir os dois anos porque foi parte da seleção sul-coreana campeã dos Jogos Asiáticos em 2018, o que garantiu uma isenção ao elenco - o atacante foi primordial para isso, com assistências nos dois gols da vitória sobre o Japão na final. Ainda assim, foi exigido que passasse um mês em treinamento militar, o que fez em 2020, durante a pandemia da Covid-19.

Lucas Moura (esq.) confere enquanto Son é retirado de campo após choque em que fraturou o rosto

Eric Gaillard/Reuters

Foram três semanas de atividades, nas quais ele aprendeu técnicas de combate, primeiros socorros, além de noções de armamento químico, biológico e radiológico em Jeju, uma ilha ao sul do país, ao lado de mais 157 recrutas. Son recebeu diploma com honrarias e um prêmio por seu desempenho.

– A gente conversou sobre a experiência do treinamento militar, ele falou que é um período difícil, em que dormia cedo e acordava cedo, não podia conversar depois de determinado horário. Ele dividia quarto com oito ou dez pessoas e depois de um horário tinha que todo mundo dormir, não podia levar o celular – relata Lucas Moura.

Essa disciplina vivida no exército reforçou o sentimento de que a força coletiva é maior que o talento individual. Isso explica a gratidão expressada por Son após a vitória de virada por 2 a 1 sobre Portugal na última sexta-feira, que classificou a Coreia do Sul às oitavas de final. Ouvindo o atacante falar da concentração da seleção sul-coreana, sua descrição lembra a de um batalhão militar.

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- Nós passamos mais tempos juntos do que com os amigos e família. Alguns caras já estão em preparação há mais de um mês. Estamos muito íntimos. Fico contente que quem não jogou pode estar muito triste, mas não mostrou sua decepção, estão lá nos apoiando no banco. Isso faz uma diferença enorme, ser um time do que ir cada um por um caminho. Sou muito grato por ter este time.

Agora, a missão de Son é liderar a seleção sul-coreana a uma missão difícil: superar a Seleção Brasileira nas oitavas de final da Copa do Mundo. O jogo acontece na segunda-feira, às 16h (horário de Brasília), no estádio 974. Globo, sportv, Globoplay e ge transmitem ao vivo.

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Fonte: Ge

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