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Tunísia x França é 24º jogo entre colonizadores e colonizados; conheça a história

Por Virtual Rondônia em 30/11/2022 às 00:56:21
Diferentemente de outros do Mundo Árabe, a Tunísia tem leis consideradas progressistas para mulheres. País do norte da África precisa ser o quinto a vencer a antiga metrópole para poder ir às oitavas de final Desde sempre a Copa do Mundo nos presenteia com duelos que são tão interessantes pelo passado e presente fora de campo do que pelos 90 minutos mais acréscimos. Nesta quarta-feira, teremos um jogo que antes mesmo de a bola rolar já carrega consigo um peso histórico muito forte. Ao meio-dia, França e Tunísia se enfrentam num embate entre colonizadores e colonizados nos últimos dois séculos. Essa vai ser a 24ª partida assim.

No caso dos adversários desta quarta, a Tunísia foi um protetorado francês por 75 anos, entre 1881 e 1956, quando se tornou independente. Após a independência, o país foi governado por apenas duas pessoas até o início dos protestos que culminaram na Primavera Árabe, em 2011. Habib Bourguiba, líder tunisiano no processo de independência, foi o presidente do país de 1957 a 1987. Após ser considerado mentalmente incapaz, foi substituído por Zine El Abidine Ben Ali, eleito presidente sucessivas vezes até as manifestações que mexeram com a política de muitos países árabes.

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Diferentemente do que acontece em parte dos países que seguem fundamentalmente as leis islâmicas, a Tunísia possui garantias de direitos para as mulheres. Em relatório de 2016, a Anistia Internacional afirmou que embora o país tenha sido um dos primeiros a permitir o acesso ao aborto (em 1973, antes mesmo da França) na prática não é bem assim, com funcionários de clínicas públicas tentando dissuadir as mulheres a abortarem. Para Diego Bercito, jornalista e doutorando em história na Universidade Georgetown, há um motivo por trás das decisões progressistas envolvendo as mulheres.

- A Tunísia tem uma cultura mediterrânea e norte-africana, diferente do Catar, que fica na península Arábica. A história dos dois é bastante diferente, também. No caso da Tunísia, muitos dos direitos das mulheres foram implementados nos anos 1950 por regimes autoritários, em parte, como maneira de agradar a comunidade internacional e abraçar uma interpretação europeia da modernidade.

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De acordo com Guga Chacra, mestre em Relações Internacionais e comentarista de política internacional na Globo, considerar que há semelhança entre os tunisianos e os cataris porque seguem a mesma religião é como achar que Argentina e Honduras são parecidos só por serem católicos. Segundo ele, Tunísia tem muito mais a ver com o Brasil do que com o Catar, por exemplo.

- São países completamente diferentes. Tunísia tem muito mais a ver com o Brasil do que com o Catar. A Tunísia é uma nação mediterrânea. Era Cartago. Tem milênios de história. Sempre integrada ao comércio Mediterrâneo, ligada culturalmente ao outro lado do mar (Europa). Veja a distância para a Sicília. Catar eram tribos até décadas atrás que ganharam dinheiro com petróleo e gás e criaram uma nação artificial.

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Histórico de ex-colonizadores x ex-colonizados

Para esta matéria consideramos como colonizadores os países europeus que mantiveram influência direta sobre outros países durante anos a fio - a maioria nas Américas e África entre os séculos 16 e 20, após as grandes navegações que geraram os enormes impérios ultramarinos mundo afora. Como normalmente se tratam de nações mais ricas e com maior tradição no futebol, a vitória é quase sempre das antigas metrópoles.

Por mais que o meme brinque que em Copa do Mundo sempre se torce para o país mais explorado historicamente em busca de uma reparação momentânea, isso aconteceu apenas quatro vezes em 23 jogos. Em três delas o mundial viu as maiores zebras da história das Copas, como nas vitórias dos Estados Unidos com um time amador em cima da Inglaterra (1950), Senegal vencendo a então campeã França na estreia (2002) e Chile eliminando os campeões espanhóis na fase de grupos (2014).

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O confronto que mais tivemos entre ex-metrópoles e ex-colônias foi entre Espanha e Chile, que se enfrentaram três vezes. Aliás, a Fúria encarou países que já foram colonizados por 11 vezes, todos da América Latina. Atrás dos espanhóis estão os ingleses, com seis jogos. Nesta quarta-feira, a França irá ultrapassar Portugal e passará a ter quatro jogos contra antigas colônias.

Tunísia e França se enfrentam nesta quarta, às 12h (de Brasília), pela última rodada do Grupo D, no Cidade da Educação. Os atuais campeões mundiais já estão classificados, mas os africanos precisam vencer e dependem de um empate entre Austrália e Dinamarca, ou que a Dinamarca vença por uma diferença de gols menor do que a dos tunisianos. Qualquer vitória da Austrália elimina a Tunísia.

Fonte: Ge

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