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Seleções buscam protesto alternativo em meio à polêmica das braçadeiras

Por Virtual Rondônia em 25/11/2022 às 05:22:19
Alemanha e País de Gales fazem outros tipos de manifestação após a Fifa não permitir a adesão à campanha "One Love"; historiador pede autocrítica de países europeus na questão dos direitos humanos As seleções europeias que tentaram usar a braçadeira "One Love", em apoio especialmente à causa LGBTQIA+, acabaram desistindo por conta da resistência e das possíveis sanções esportivas da Fifa. Com o fim da primeira rodada, o mundo observou que o "veto" indireto não foi capaz de parar algumas delas, que buscaram maneiras alternativas de protestar a favor da diversidade em uma Copa realizada em um país que tem uma série de acusações de violações dos direitos humanos.

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Time da Alemanha posa tapando a boca em sinal de protesto

REUTERS/Molly Darlington

Os jogadores da Alemanha se manifestaram e taparam a boca na foto oficial da seleção registrada pouco antes da derrota para o Japão, na última quarta-feira. No mesmo dia, o País de Gales usou bandeirinhas nas cores do arco-íris com o escudo galês no campo do centro de treinamento da equipe no Catar. Na última segunda-feira, o meia Marten de Roon, da Holanda, fez uma publicação nas redes sociais remetendo à braçadeira da "One Love", com direito a montagem e tudo.

Mas há quem tenha preferido não se manifestar. Capitão da Suíça, Xhaka disse que acredita que sua seleção não deve se manifestar e "focar no futebol". Historiador e doutorando em Antropologia Social (PPGAS-USP), Maurício Rodrigues destacou que o protesto da Alemanha marcou não apenas um apoio a minorias como os LGBTQIA+, mas evidenciou o que ele chamou de autoritarismo da Fifa.

- Foi um gesto contundente a ponto de não ter sido usado na transmissão oficial, foi uma imagem que teve grande circulação. Não fala só sobre a questão da inclusão das pessoas LGBTQIA+ e da LGBTfobia no futebol, mas sobre um autoritarismo da Fifa, da tentativa cercear manifestações políticas que envolvem mensagens de grupos historicamente subalternizados e excluídos do contexto do futebol - disse Maurício ao ge.

Torcedores da Bélgica com camiseta One Love em jogo contra Canadá Copa

Reuters

No último sábado, a Fifa anunciou uma campanha em parceria com a ONU que prevê a exibição de mensagens humanitárias nas faixas usadas pelos capitães das 32 seleções que disputam a Copa. O problema é que tal ação foi entendida por algumas seleções como uma tentativa de a entidade tentar sufocar o movimento "One Love". O historiador acredita que as manifestações da Fifa não demonstram um verdadeiro comprometimento com os direitos humanos.

- A Fifa prefere adotar uma mensagem genérica de não-discriminação e não nomear os problemas que existem. Ao adotar essas bandeiras muito genéricas, ela não está efetivamente se posicionando politicamente. Ou o posicionamento político é a omissão. O interesse principal é a questão econômica. Esse debate de direitos humanos só ganha detaque quando está atrelado a possíveis ganhos econômicos, ganhos de visibilidade dessa perspectiva econômica.

Contradições europeias

A mobilização aparecer mais concentrada nas seleções europeias tem uma explicação: o movimento "One Love" começou especificamente dentro da Holanda, em 2020, com uma carta aberta assinada por mais de 60 representantes de clubes de futebol. Posteriormente, recebeu o apoio de outros nove países: Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Inglaterra, França, Noruega, País de Gales, Suécia e Suíça.

Maurício apontou que, apesar de compreender que o debate sobre direitos ganhou corpo nos últimos anos, os países europeus não tiveram o mesmo posicionamento pelos direitos da população LGBTQIA+ na Copa da Rússia em 2018 - o país também tem legislação LGBTfóbica.

Copa 2022: Entenda polêmica sobre a braçadeira LGBTQIA+ "One Love"

Além disso, o historiador destacou que países da Europa também precisam fazer uma autocrítica em relação aos direitos humanos, tanto por conta da colonização quanto pelas questões de imigração. Maurício relembrou o caso da saída de Özil da seleção alemã, quando o jogador reclamou de ter sido discriminado pela Federação.

- A questão da colonização ainda está muito mal resolvida, tem também a própria questão que envolve direitos humanos e inclusão de populações refugiadas, imigrantes, as violências sofridas por essas populações na tentativa de busca asilo, todos os resquícios de colonialismo, a xenobofia, o racismo. É mais complexo do que simplesmente dizer: o Catar é isso, o Catar é aquilo. O centro desses questionamentos e até das manifestações políticas devem se dirigir muito mais à Fifa - finalizou.

Fonte: Ge

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