A Portuguesa foi derrotada em casa pelo Água Santa, por 1 a 0, na estreia da Copa Paulista; o técnico Sérgio Soares reconheceu que a equipe não foi bem “As principais peças do nosso time não tiveram uma boa atuação. Erramos muitos passes. A equipe roubava a bola, penteava demais e não saía da zona de pressão. Houve uma pequena evolução no segundo tempo, mas longe do que a gente quer”.
O técnico Sérgio Soares resumiu assim a estreia da Portuguesa na Copa Paulista. A derrota para o Água Santa por 1 a 0 neste domingo (3), no estádio do Canindé, foi marcada por confusão na zaga, erros de passe e um ataque pouco producente.
A equipe que iniciou o jogo teve como base aquela que conquistou o título da Série A2 do Campeonato Paulista. Thomazella no gol, com Luís Ricardo na lateral-direita e o jovem Carlos Henrique assumindo a titularidade na lateral-esquerda.
Com as contusões de Barba e Boaventura, e o empréstimo de Patrick ao ABC, a dupla de zaga ficou a cargo de Luizão Silva e Naldo. O primeiro passou a campanha do acesso em recuperação de uma lesão. O segundo virou titular na reta final do torneio.
Os volantes Marzagão e Tauã não mudaram. Assim como o responsável pela armação, Daniel Costa. Na frente, o centroavante Caio Mancha também se manteve como a referência ofensiva. A mudança, na verdade, ocorreu em uma das beiradas.
Portuguesa x Água Santa
Dorival Rosa/Portuguesa
Cesinha continuou no apoio em um dos lados. Do outro, em razão da contusão de Anderson Ligeiro nas últimas semanas de preparação para a Copa Paulista, o recém-contratado Thiago Primão foi escolhido para começar como titular.
As posturas de Portuguesa e Água Santa ficaram claras desde o início. A equipe de Diadema se fechava e tentava fazer a transição em velocidade para buscar o gol no contra-ataque. Já o time do Canindé queria ter a bola, o domínio, propor jogo.
Só que as dificuldades da Lusa foram ficando evidentes desde os primeiros minutos. A equipe não tinha velocidade na transição, abusava dos erros de passe e, como destacou o técnico Sérgio Soares, não mostrava inspiração nem criatividade para sair da marcação.
A bola ficou presa entre as intermediárias em grande parte do primeiro tempo. A Portuguesa teve raras chances em esticadas da defesa. O Água Santa também não assustava muito. Mas, aos 33 minutos, aproveitou uma pane da defesa da Lusa.
Ramon teve liberdade para descer pela direita e encontrar Gleyson no meio. O atacante viu Naldo marcando ninguém e Luizão Silva escorregando. Dominou já entrando na área e finalizou, sem chances para Thomazella. Era o que o Netuno precisava.
Se a Portuguesa já enfrentava dificuldades para criar, encontrar espaços, encaixar o último passe e finalizar, imagine jogar o segundo tempo todo contra uma equipe que, com uma zaga bem postada, não precisaria se arriscar no ataque em busca de gol.
O técnico Sérgio Soares só mexeu ao longo da etapa final: trocou Primão pelo atacante Richard, vindo da base do Corinthians, e sacou Luís Ricardo para por Luccas Paraizo, artilheiro rubro-verde na disputa do Campeonato Paulista Sub-20.
É verdade que houve ligeira evolução. Ligeira. Tanto por causa das substituições, que reforçaram o apoio pelos lados do campo e incomodaram os (bem no jogo) zagueiros do Água Santa, quanto pela própria postura diferente, mais combativa, da Portuguesa.
Houve algumas chances, sendo duas de mais destaque. Uma em descida pela esquerda, em que a bola foi centralizada e interceptada pela zaga antes de chegar a Paraizo. Outra em uma finalização de Cesinha em cima da defesa, quando a bola sobrava livre.
Só que ficou por aí. O início da jornada na Copa Paulista contrastou com o que se viu na Série A2. Não só pelo placar adverso, mas principalmente pelo ritmo, pela intensidade, pelo entrosamento da equipe. Foi uma derrota repleta de lições a serem apreendidas.
O que não mudou foi a franqueza do técnico Sérgio Soares, que não buscou desculpas e reconheceu essa necessidade de evoluções: “Somos um time que apostou na manutenção e, em uma competição subsequente, esse time precisa jogar melhor”.
A Portuguesa não perdeu porque costuma se dar mal contra o Água Santa. No Canindé, são cinco derrotas para o Netuno em sete jogos. Nem porque estrear uniforme dá azar. Desta vez, a camisa predominantemente verde da Adidas, da linha “Alma”. Já foi assim com a camisa em homenagem à Leões da Fabulosa e aquela em alusão à Fita Azul.
A Lusa perdeu porque jogou mal. O time, em média, foi mal. É até difícil apontar um ou outro atleta que tenha fugido à essa regra. Não foi um confronto entre equipes iguais tecnicamente, mas entre times que entraram com comportamentos totalmente distintos.
O Água Santa, que tem limitações e joga junto há muito menos tempo, entrou e saiu de campo totalmente concentrado no que precisava fazer. Um time atento, ligado, bem postado, que abocanhou a oportunidade. A Lusa esteve em outra rotação.
Mostrou que Luizão e Naldo ainda têm de encaixar, que Carlos Henrique tem terreno para amadurecer, que o time continua a depender da inspiração de Daniel Costa, que Mancha precisa buscar jogo, e que recém-contratados merecem mais oportunidade.
Não é cedo para querer melhor atuação de quem já está na Portuguesa há tempos. Mas cedo para tirar conclusões de Primão e Richard, que treinaram por uma semana, não seriam titulares e foram para jogo. Pode ser que decepcionem? Sim. Mas não dá para concluir tão rápido. Assim como Paraizo precisa de calma e trabalho cuidadoso.
Time e torcida mostraram sensatez. O elenco aplaudiu a torcida, sabendo que foi mal. A torcida, também em aplausos, deixou claro que sabe a importância tanto da calma quanto da necessidade de evoluir. É nesse equilíbrio que a Lusa tem de crescer.
* Luiz Nascimento, 29, é jornalista da rádio CBN, documentarista do Acervo da Bola e escreve sobre a Portuguesa há 13 anos, sendo a maior parte deles no ge. As opiniões aqui contidas não necessariamente refletem as do site.