ROMA, ITÁLIA (UOL/FOLHAPRESS) - A internação do papa Francisco em pleno Jubileu da Igreja Católica não alterou o fluxo de turismo no Vaticano. A Praça de São Pedro está em calmaria enquanto o pontífice se recupera no hospital Agostino Gemelli desde 14 de fevereiro.
Turistas não enfrentam superlotação em Roma. Apesar das expectativas de um aumento no fluxo devido ao Jubileu da Igreja Católica em 2025, a cidade permanece tranquila. "Você abre o Instagram e só vê posts de alerta dizendo 'não vá à Roma este ano', 'adie a sua viagem. Quando soube da internação do papa fiquei mais preocupada ainda com a superlotação. Mas, pelo contrário, está tudo muito tranquilo", diz Juliana Amaral, advogada que mora no Recife e está visitando a capital italiana há cinco dias.
A internação do Papa Francisco inicialmente aumentou a peregrinação à Porta Santa. Um voluntário do Jubileu relatou que o movimento se normalizou após a segunda semana e agora Roma já vive uma calmaria.
Negócios locais não percebem impacto significativo. Uma proprietária de um negócio de souvenirs de frente para a Praça São Pedro, que prefere não se identificar, diz não perceber ainda aumento ou queda do movimento em sua loja. O mesmo acontece com Rosana Altali, proprietária da RA Turismo, agência especializada em turismo religioso. Ela relata que tem muitos grupos já agendados para o ano todo, em virtude do Jubileu, mas não vê reflexos em seu negócio, neste momento, por conta da saúde papal.
MORTE DO PAPA PODE LEVAR A RESTRIÇÕES TURÍSTICAS
Roma vive uma pequena tensão com relação a restrições turísticas caso o papa Francisco não se recupere. Em caso de morte do pontífice, igrejas e museus do Vaticano ficam fechados para visitação.
Vaticano ainda não divulgou protocolo para renúncia ou morte do papa. O UOL não obteve resposta sobre medidas em caso de mudanças na liderança papal.
Experiência anterior com Bento XVI serve como referência. Luciana Rodrigues, guia turística, relembra que durante o funeral de Bento XVI, em dezembro de 2022, os museus fecharam temporariamente e depois reabriram com horários estendidos.
Família brasileira antecipou viagem para tentar ver o Papa. Alexandre Almeida Oliveira e sua família adiantaram sua viagem à Itália, mas não conseguiram realizar o desejo de Iraci, de 86 anos, de ver o Papa.
"A minha mãe viria conosco e ela é católica fervorosa. Na primeira vez que veio à Roma, foi em uma excursão voltada para turismo religioso, mas teve problemas pessoais que a impediram de ver o papa. Dessa vez, queríamos realizar o seu sonho, reorganizei a minha agenda, minha esposa e filhos fizeram o mesmo e tentamos chegar aqui o quanto antes", disse Alexandre Almeida Oliveira, turista brasileiro em Roma.
PAPA FRANCISCO ENFRENTA LONGA E DIFÍCIL LUTA PELA RECUPERAÇÃO
O pontífice de 88 anos não foi visto em público desde que entrou no hospital. O Vaticano não deu indicação de quando ele poderá sair, ou quando poderá retomar algo parecido com sua agenda de trabalho normalmente exigente.
O caminho para a recuperação provavelmente será longo e repleto de perigos, disseram médicos. Segundo especialistas, pacientes na situação do pontífice podem passar meses em hospitais. "Já vi pacientes que passaram meses no hospital nesse tipo de situação. É claro que ele pode se recuperar, mas as chances de um resultado negativo são altas", disse o professor Christoph Lange, secretário-geral da União Internacional contra a Tuberculose e Doenças Pulmonares.
Ressaltando sua condição debilitada, o papa divulgou uma breve mensagem de áudio na noite de quinta-feira. Sua voz estava entrecortada, sem fôlego e difícil de entender. O Vaticano tem divulgado atualizações diárias da equipe médica do papa, quebrando tabus anteriores da Igreja ao fornecer uma avaliação detalhada e em tempo real da saúde do pontífice.
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