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Missão Pará: como uma excursão colocou o Flamengo no mapa do futebol brasileiro há 110 anos

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Por Virtual Rondônia em 02/02/2025 às 08:05:21
Rubro-Negro era mais conhecido pelo remo do que pelo futebol, e viagem ao Norte do país deu início a popularização do clube fora do Rio de Janeiro Missão Pará: como excursão há 110 anos colocou o Flamengo no mapa do futebol brasileiro

Fundado em 1895, o Clube de Regatas do Flamengo - como o próprio nome diz - deu os seus primeiros passos no esporte com o remo sendo o carro-chefe. O pontapé inicial no futebol aconteceu 17 anos depois, em 1912. Aos poucos, a modalidade foi ganhando destaque e, em dois anos, o Rubro-Negro começou a fazer as primeiras excursões pelo território brasileiro.

Excursão do Flamengo em Belém, em 1915 e 1916

Reprodução

O Pará, estado que receberá a decisão entre Flamengo e Botafogo pela Supercopa neste domingo, foi um dos primeiros locais a receber um jogo do clube fora do Rio de Janeiro. Há 110 anos, o Rubro-Negro fez a sua primeira excursão pela Região Norte do Brasil com uma série de jogos justamente em Belém - a sua segunda excursão da história. A primeira foi pelo Paraná, em 1914, para a inauguração da Arena da Baixada. Entre uma e outra, houve uma rápida viagem para São Paulo, em 1915.

E o Flamengo mantém a tradição de rodar o país até os dias de hoje. No início da temporada de 2025, o clube fez as cinco primeiras rodadas do Carioca foca do Rio. O foco do tour foi o Nordeste e passou por Sergipe, Paraíba e Maranhão. Para encerrar, foi até Brasília.

Depois de fazer o primeiro jogo no Rio, na última quinta-feira, na vitória em cima do Sampaio Corrêa, o Flamengo embarcou para o seu sexto destino neste ano: Belém - sem contar a pré-temporada nos Estados Unidos.

Este será o jogo de número 41 na capital paraense: foram 23 vitórias, nove empates e oito derrotas até o momento. Foram 84 gols marcados e 53 sofridos.

Já são mais de cem anos desde o primeiro jogo no estado do Pará, e o ge relembra a história daquela foi a segunda excursão da história do Flamengo.

A primeira vez no Pará

A cidade de Belém foi fundada em 1616 e para celebrar os seus 300 anos convidou o Flamengo para participar dos festejos. À época, o Rubro-Negro caminhava para ser protagonista no futebol, conquistando os Cariocas de 1914 e 1915, o último de forma invicta.

Foi neste cenário que o time embarcou em um navio para Belém para disputar alguns amistosos entre o fim de dezembro de 1915 e o início de janeiro de 1916, em comemoração ao terceiro centenário da capital. A viagem durou cerca de dez dias pelo Oceano Atlântico. O Flamengo foi recebido por mais de duas mil pessoas no porto. Depois, o time participou de um cortejo que atravessou a cidade para saudar a população - 50 carros acompanhavam.

Galeria dos Fundadores do Paysandu

Beto Kaulino / ge

O entusiasta que fez o convite e bancou a excursão foi Eduardo Pessoa, um carioca que foi um dos fundadores do Paysandu. Foi dele a iniciativa que fez Belém se tornar rubro-negra mesmo estando a mais de 3 mil quilômetros do Rio. Neto de Eduardo, Luiz Fernando Pessoa Pinheiros, de 85 anos, comenta a ligação entre o Flamengo e o Pará.

– O Flamengo é a maior torcida do Pará. Foi o primeiro clube a ir para o Pará para jogar. Isso foi a convite do meu avô. Belém fazia 300 anos de fundação. E meu avô, para agradar os paraenses, convidou o Flamengo. Flamengo começou a jogar futebol em 1912. Em 1916, Belém fazia 300 anos. Meu avô sempre comentava da recepção do navio com os jogadores, dizia que foi uma coisa de louco. O navio demorou uns nove dias para chegar em Belém – contou Luiz Fernando.

– Você vê a quantidade de pessoas que se tornaram Flamengo no início do século, com essa ida do Flamengo. Foi o primeiro clube do Brasil a ir para Belém. Meu avô bancou a viagem toda de navio. Ninguém recebia nada, o profissionalismo começou só em 1935. Era tudo amador, jogavam por amor a camisa. Meu avô bancou a viagem, a estadia – comentou.

Luiz Fernando Pessoa Pinheiro, neto do fundador do Paysandu

Guilherme Oliveira / ge

O primeiro jogo em Belém aconteceu ainda em 27 de dezembro, e o Flamengo venceu a Seleção do Pará por 5 a 1, conquistando a Taça Jornal Folha do Norte.

Base do time: Baena, Píndaro, Nery, Cuthbert, Gallo, Antonico, Coriolano, Juvenal, Welfare, Batista e Paulo Buarque. Técnico: Emmanuel Augusto Nery.

Cobra-Coral: uniforme do Flamengo na excursão em Belém

Reprodução

O Rubro-negro virou o ano em Belém e seguiu por lá para fazer outros jogos. O time voltou a campo logo no primeiro dia de 1916, mas desta vez não saiu do empate com a Seleção do Pará (1 a 1). Mas, logo em seguida, goleou o Paysandu por 4 a 0 e conquistou o Troféu Artístico.

No dia 6 de janeiro, venceu o Remo por 3 a 1 e conquistou a Taça Clube do Remo. No dia 8, voltou a campo contra a Seleção do Pará e venceu por 2 a 0, conquistando mais uma taça. O último amistoso foi novamente contra a seleção local, mas terminou em um empate sem gols. Este jogo foi encerrado ainda no primeiro tempo devido à forte chuva que caía na cidade.

O Flamengo retornou para o Rio de Janeiro logo depois do último amistoso e desembarcou na cidade somente no dia 21 - foram 11 dias de uma longa viagem de navio. Os jornais da semana relataram a passagem do Rubro-Negro por Belém (veja publicações abaixo). Na ocasião, o time ainda usava a tradicional camisa "Cobra-Coral", que tinha listras horizontais rubro-negras contrastando com listras mais finas brancas.

Imparcial, dia 22/01/1916

Reprodução

O Malho, dia 08/01/1916

Reprodução

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A excursão foi o primeiro passo para o Flamengo criar raízes em Belém. Anos depois, a Segunda Guerra Mundial de forma indireta acabou favorecendo que as notícias do Rio de Janeiro fossem consumidas por todo o litoral brasileiro. Assim, Luiz Fernando conta que os paraenses estavam antenados às rádios cariocas. À época, o Rubro-Negro era tricampeão carioca.

– Entre 1942 e 1944, o Flamengo conquistou o primeiro tricampeonato. Esse era o período da 2ª Guerra e os americanos instalaram antenas por todo o literal brasileiro. E, através dessas antenas, nós escutávamos as emissoras (de rádio) do Rio de Janeiro. Transmitiram as notícias dos jogos do Flamengo, que já tinha uma audiência imensa no Pará. Aí passava a ter a rádio do Rio quase como uma rádio local. Mas isso não foi só no Pará, foi por todo o litoral brasileiro – comentou.

Luiz Fernando Pessoa Pinheiro, neto do fundador do Paysandu

Reprodução

Apesar da ligação do avô com o Flamengo, Luiz Fernando revelou que o amor pelo clube aconteceu por influência de um sapateiro que morava na sua rua em Belém.

– Quando eu ia levar o meu sapato para consertar, via o quadro enorme que ele tinha do Flamengo. Era um timaço, do primeiro tricampeonato (1942, 43, 44). Ele falava para mim que era o maior time do mundo. Ele era paraense, não era carioca. Eu gostava muito de vermelho. Simpatizei com o Flamengo e me tornei um grande flamenguista.

A última vez no Pará

Depois da excursão em 1916, o Flamengo voltou a Belém somente em 1950, em mais um amistoso contra o Paysandu. O Rubro-Negro venceu por 3 a 2. De lá para cá, foram alguns jogos até a última vez que o clube disputou uma partida na capital paraense, em 2024.

Pelo Carioca da temporada passada, o Sampaio Corrêa vendeu o mando de campo e escolheu Belém para ser palco da partida contra o Flamengo. O time de Tite venceu por 2 a 0, com o Mangueirão recebendo mais de 59 mil pessoas. Os gols da vitória foram de Bruno Henrique e Gabigol - último jogo em que a dupla marcou na mesma partida pelo clube.

Sampaio Corrêa 0 x 2 Flamengo | Gols | Campeonato Carioca 2024

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Fonte: Ge

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