Titulares no Ba-Vi do último domingo, zagueiro e meia enfrentam ex-clube onde têm passado de sucessos, falta de espaço e dramas pessoais Vitória se reapresenta com retornos de Caio Vinícius e PK
Há menos de um mês, Neris e Machado deixavam o Cruzeiro e partiam rumo a Salvador para um novo desafio pelo Vitória. De lá para cá, eles já entraram em campo três vezes, conquistaram a confiança do técnico Thiago Carpini e são cotados para serem titulares na sequência da Série A. Nesta segunda-feira, o Rubro-Negro recebe justamente a Raposa, em jogo que vai proporcionar emoções distintas para a dupla recém-chegada.
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Neris e Machado reencontram o Cruzeiro
Arte / ge
Antes de serem negociados em definitivo com o Vitória, Neris e Machado eram companheiros de Cruzeiro, clube pelo qual construíram uma história de altos e baixos, com períodos sem jogar, desconfiança, títulos, titularidade e dramas pessoais.
Neris
Neris em apresentação no Vitória
Victor Ferreira / EC Vitória
O zagueiro foi quem se adaptou mais rápido ao Vitória, muito pela necessidade do clube baiano em fixar um zagueiro destro no seu sistema defensivo. Antes da sua chegada, Bruno Uvini (destro), Reynaldo (canhoto), Caio Vinícius (volante), Willean Lepo (lateral) e até mesmo Rodrigo Andrade (volante) já jogaram na posição, esses três últimos como improvisados.
Mas a agonia e os improvisos de Thiago Carpini acabaram no dia 27 de julho, quando Neris estreou na vitória contra o Palmeiras, quatro dias após o anúncio da transferência para o Vitória. O zagueiro de 32 anos aproveitou a lesão de Bruno Uvini e tomou conta do lado direito da defesa. Agora, após três jogos como titular, ele reencontra o ex-clube.
Neris em ação pelo Vitória no Ba-Vi
Victor Ferreira / EC Vitória
Neris saiu do Cruzeiro em baixa neste ano e sofria com a falta de espaço. Ele chegou ao Vitória com apenas 70 minutos jogados em pouco mais de dois meses e estava sob desconfiança da torcida, que sempre direcionava vaias ao zagueiro.
O zagueiro foi contratado pelo Cruzeiro no fim da Série B de 2022, mas já para a temporada 2023. Ele não atuou na campanha do acesso. Na Raposa, recém-chegado do Al Hazm, alternou entre momentos de pouca utilização com outros de titularidade absoluta.
Ele fechou o ano de 2023 como titular na defesa do Cruzeiro e, ao lado de Luciano Castan, formou a melhor defesa do Campeonato Brasileiro, com 32 gols sofridos, ao lado do Atlético-MG. Ainda assim, sofreu na reta final do torneio após perder o pai e desfalcou o time em alguns jogos.
Foi com o Nicolás Larcamón, no começo deste ano, que ele teve momentos de mais regularidade, apesar de sempre ser contestado pela torcida. Teve algumas falhas, mas manteve a constância em boa parte dos jogos.
Porém, o desempenho ruim do Cruzeiro defensivamente nos primeiros jogos da Brasileirão e da Sul-Americana deste ano o fizeram esquentar o banco de reservas do técnico Fernando Seabra até ser transferido ao Leão da Barra.
Zagueiro Neris, ex-Cruzeiro, durante treino na Toca da Raposa
Gustavo Aleixo
Foi um fim abaixo do esperado para quem começou a trajetória tão bem em Minas Gerais. Pelo Cabuloso, Neris fez 47 partidas entre 2023 e 2024, deu uma assistência e não marcou gols.
Agora, ele traça um novo recomeço pelo Vitória e vai rever a Raposa com status de titular e em boa fase pelo clube baiano.
- Sendo bem sincero, estou tranquilo. Tive bons momentos lá [no Cruzeiro], mas hoje defendo as cores do Vitória, e o meu foco é aqui. Quero me preparar o máximo possível para fazer uma boa apresentação na segunda-feira.
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Filipe Machado
Machado veste a camisa do Vitória em apresentação no Barradão
Victor Ferreira / EC Vitória
Diferente de Neris, o meia não assumiu a titularidade logo de cara no Vitória. Se a defesa apresentava uma lacuna preenchida pelo ex-defensor do Cruzeiro, o meio de campo do Rubro-Negro já tinha algumas peças consolidadas no time de Carpini, como é o caso de Matheusinho, Willian Oliveira e Luan.
Com características de volante, mas apto a atuar como armador, Machado atuou nas três partidas do Vitória desde a sua chegada e conquistou seu espaço aos poucos. Contra Palmeiras e Cuiabá, por exemplo, ele entrou no decorrer do segundo tempo, mas no clássico Ba-Vi do último domingo começou entre os titulares.
Machado em ação no Ba-Vi
Victor Ferreira / EC Vitória
Filipe Machado foi um volante que passou por momentos complicados desde sua chegada ao Cruzeiro, em 2020, primeiro ano do clube na Série B. O meia sofreu com atrasos de salários, baixo rendimento na Segundona e muitas críticas da torcida.
No ano seguinte, Machado teve que abandonar os gramados por conta de complicações na saúde após contrair Covid-19. O jogador apresentou problemas pulmonares e teve que passar por cirurgia à época. Essa seria a primeira de quatro intervenções cirúrgicas que o jogador sofreu por sequelas da doença.
Dois meses após cirurgia no pulmão, Machado inicia trabalhos em campo no Cruzeiro
Em 2022, ele voltou e foi muito importante na campanha do título e do acesso para a Primeira Divisão. Machado ganhou a titularidade e teve boas atuações na temporada. Em 2023, continuou no clube, mas já com mais concorrência, por isso alternou entre o onze inicial e o banco de reservas.
Neste ano, chegou a atuar como titular, mas perdeu espaço no time de Fernando Seabra com a contratação de mais três volantes no meio do ano. O jogador nunca foi unanimidade com a torcida.
- Eu sou um cara que tive uma história de vida muito difícil. Não só na minha infância, mas depois que eu me tornei profissional passei por problemas de saúde e risco de perder a vida. Então toda vez que eu entro em campo, procuro me entregar o máximo, me dedicar o máximo a cada bola dividida. O torcedor se identifica com isso, em ter mais um torcedor dentro do campo. Então, a torcida pode esperar um jogador muito aguerrido, alguém que vai brigar dentro de campo para dar alegria ao torcedor.
Filipe Machado, ex-Cruzeiro
Gustavo Aleixo
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A dupla tenta construir uma nova história pelo Vitória e começaram bem suas trajetórias pelo clube baiano. Agora cabe a eles manterem a regularidade no reencontro com a Raposa, marcado para as 20h desta segunda-feira (horário de Brasília), no Barradão, em jogo que fecha a 23ª rodada da Série A.
*Sob supervisão do repórter Rafael Teles
**Colaborou o repórter Gabriel Duarte