Camisa 10 da Seleção enaltece esforço das colegas depois do vermelho. Suspensa, seis vezes melhor do mundo não estará em campo diante da França pelas quartas de final neste sábado Marta cita desespero após expulsão e confia na classificação do Brasil contra a França
Marta não estará em campo neste sábado, às 16h (de Brasília), diante da França, no Estádio de Nantes, pelas quartas de final do torneio feminino de futebol dos Jogos Olímpicos. Acabou expulsa aos 50 minutos do primeiro tempo diante da Espanha ainda pela primeira fase da competição. Em entrevista exclusiva, a camisa 10 relembrou o momento e disse que entrou em desespero logo depois do ocorrido ainda em campo. Um lance raríssimo na carreira da seis vezes melhor do mundo, seguido de um choro compulsivo, que comoveu até mesmo as rivais espanholas.
- Eu entrei em desespero ali porque eu sabia que o jogo era importante, eu sabia que já era um jogo difícil pela adversária que a gente estava encarando, e deixar a equipe em uma situação dessa realmente me deixou muito abalada, muito triste. Mas a maioria das pessoas que viram o lance ali perceberam que eu não tive a intenção de acertar a cabeça da minha adversária, até porque o lance foi muito rápido. Eu estava tirando a bola e do nada ela abaixou a cabeça, e quando ela abaixou eu não tive nem tempo de recuar - explicou Marta.
Quem me conhece sabe que eu não sou uma atleta maldosa, que eu também não tenho esse tipo de intenção. Quando eu estou dentro de campo, eu quero vencer sempre, mas quero vencer com lealdade, com o jogo limpo.
- E aquele apoio que eu recebi ali foi muito importante porque eu vi que elas iam até o fim, que elas iam lutar até o fim, eu vi que o povo brasileiro que realmente torce para o futebol em geral, para nossas atletas, seja o futebol, ou handebol, vôlei, enfim... eles reconheceram o quanto o Brasil lutou jogando contra as melhores do mundo, jogando com dez, jogando com atletas machucadas. A Antonia jogou praticamente 20 minutos ali com a fíbula machucada, quebrada, né? Então esse esforço todo acho que só fortaleceu ainda mais o nosso grupo. E é com esse pensamento que a gente vai encarar a França - completou Marta.
Marta cai em lágrimas após expulsão
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Com a expulsão, a capitã da Seleção não poderá estar em campo neste sábado, mas reforça sua crença de que o grupo do Brasil conseguirá seguir adiante.
- Óbvio que eu queria estar no campo ajudando elas em todos os sentidos, mas eu vou estar aqui do lado e vou estar passando essa energia positiva o tempo inteiro porque eu acredito muito nesse grupo, eu acredito muito nas nossas atletas e agora está em aberto, né? É mata-mata. O plano de jogo é só um, vencer o jogo - disse.
O duelo entre França e Brasil está em aberto. Mas um ingrediente pode incentivar as brasileiras ainda mais na busca pela classificação. Em caso de eliminação, o jogo contra a Espanha poderia ser o último de Marta em Jogos Olímpicos. A jogadora prefere não pensar que esse pode ser o ato final e sim que haverá uma nova chance em uma possível semifinal.
- Eu não quero pensar porque eu quero pensar que eu vou ter mais uma chance de, independente do que acontecer daqui para frente, eu poder terminar de uma maneira diferente. Mas ao mesmo tempo eu tenho a consciência de que todas as vezes que eu entrei em campo eu entrei para dar o meu melhor, para representar o meu país com todo o orgulho do mundo. E eu não tenho duvida disso, não é um jogo, não é uma situação como foi contra a Espanha que vai apagar tudo isso - disse ela.
- A gente tem muito orgulho das outras vezes que a gente esteve em Olimpíadas, conquistamos duas pratas e conquistamos medalhas para o Brasil e eu acho que isso é o mais importante, apesar de muitas pessoas sempre cobrarem, principalmente o futebol, a medalha de ouro, a gente tem duas pratas e eu acho que o atleta que sai durante quatro anos treinando, trabalhando, se dedicando pra estar em uma Olimpíada e ganhar uma medalha já é um feito muito grande. E a gente reconhece isso e acredito muito que o brasileiro que gosta do nosso futebol, que gosta do esporte em geral, que realmente assiste, torce, eles também têm esse orgulho - afirmou.
Sobre a campanha do Brasil na primeira fase, Marta ressalta que não há jogo fácil em competições de alto nível como Jogos Olímpicos. Ela lembra que a Austrália acabou ficando fora e, por isso, são detalhes que acabam decidindo em disputas entre grandes seleções.
- Na verdade, elas que estão falando comigo mais, e isso é bacana porque mostra o quão envolvidas no trabalho elas estão e acreditando que sim é possível. A gente vai classificar, vai chegar na semifinal e tem que pensar assim, não pode pensar diferente. Apesar que a gente sempre escuta um ou outro falar "ah não vai dar", mas a gente não pode ter dúvida. A gente tem que ter a certeza de que se a gente trabalhar junto, forte, independente das atletas que estiverem em campo a gente vai seguir o plano que foi colocado para todas nós desde o começo da preparação e a gente vem executando isso bem. E muitos podem até falar, "ah mas a campanha do Brasil ganhou uma e perdeu duas", pois enfim, não tem jogo fácil, né? A Austrália ficou fora por detalhe. E que bom que ficou que a gente acabou classificando. Mas eu acho que mais que nunca a gente precisa entrar focada, muito determinada porque qualidade a gente tem e eu sempre falei e continuo falando, eu acredito muito nas meninas e é esse o pensamento e o sentimento que eu tento passar pra elas - disse Marta.
Marta vai estar nas arquibancadas torcendo pelas suas companheiras de time. Mas, antes, busca passar sua sabedoria de seis Olimpíadas já disputadas. Para ela, o verbo "acreditar" é o mais importante neste momento. Ela lembra de quando o Brasil disputou em casa esta competição e, ao mesmo tempo que a torcida pode ajudar, pode ser um fator de pressão para as francesas.
- Eu acho que acreditar é a palavra mais importante que a gente precisa ter na mente, porque ela vai te colocar numa situação de superação, de determinação, de confiança e ir pra cima de tentar buscar as jogadas, buscar fazer obviamente o primeiro gol para que a gente tenha uma tranquilidade no decorrer da partida. A gente já jogou uma Olimpíada no Brasil, né? E o torcedor ele ajuda, ajuda muito, mas também existe uma questão de pressão que pode atrapalhar. Então espero que elas possam sentir a pressão e a gente possa estar mais leve, para que a gente possa desempenhar o nosso melhor porque como eu falei, nós temos um grupo de atletas talentosas demais e o professor vem trabalhando muito forte, todos os jogos a gente tem bem definido o que a gente precisa fazer e eu espero que amanhã elas possam executar muito bem - finalizou.
