Modelo de jogo contra a Espanha causou esgotamento do time do Brasil. Na defesa, Lorena, Tarciane e Lauren são as boas notícias Passado o momento de tensão, é hora de refletir. Principalmente, refletir sobre as coisas boas e ruins que o Brasil teve na sua caminhada olímpica até aqui. O time não rendeu o esperado na primeira fase. Assegurou a classificação no sufoco, avançando às quartas de final como um dos dois melhores terceiros colocados. É hora de se reinventar. Com o futebol atual, a dificuldade será enorme diante da França no próximo sábado, 16h (de Brasília), em Nantes. Somente o esforço das atletas ao extremo mostrado diante da Espanha não será suficiente para chegar às semifinais.
A campanha passa por alguns pontos. O primeiro deles: o meio de campo do Brasil não tem funcionado do jeito que a competição exige. Sem um setor eficiente, a posse de bola não é efetiva e dificulta a criação das jogadas. Contra a Espanha isso seria vital para evitar que elas chegassem com tanto perigo. Mas a Seleção não teve sucesso. A bola simplesmente passava sem comunicação. A bola batia em nosso domínio e voltava a ser dominada pelas espanholas, que giravam com tranquilidade em frente à área do Brasil.
Jogadoras à beira do gramado contra a Espanha
Rafael Ribeiro / CBF
Acuado, o Brasil se defendia em frente à área. Será que isso era realmente necessário para o jogo diante da espanholas? Podíamos mais e não esperar com que as rivais decidissem o que fazer. O modelo no limite acabou causando um prejuízo enorme à Seleção com a expulsão de Marta, que será desfalque contra as francesas. Não se viu em campo uma ideia de maior entrosamento no esquema e a Seleção poderia ter sofrido um placar maior. Ficou no 2 a 0 pela entrega das jogadoras e as defesas precisas de Lorena.
Além de Lorena, entre os nomes do jogo, esteve Ludmila.. Acabou saindo esgotada, com câimbras de tanto que buscou ser essa referência no ataque do Brasil e ainda ajudar na defesa. Na zaga, temos uma defesa titular. Tarciane brilhou em sua atuação e teve Lauren como sua companhia e também em grande atuação. Antonia exerceu a liderança que o Brasil necessitava principalmente com a saída de Marta. Jogou no seu limite e saiu lesionada. Da mesma forma, Tamires, que entrou em campo à base de infiltração.
O tempo é curto entre os jogos, atletas ficam cansadas, mas as trocas frequentes na escalação de um jogo para outro também provocam uma falta de continuidade. E nesse tiro curto que é a competição, isso pode custar uma classificação - como quase custou. Arthur Elias treinou, já usou modelos eficientes em campo com o Brasil. É hora de colocar em prática apesar dos desfalques. Foram sete atacantes à França para isso. Não digo nem a saída enlouquecida ao ataque, o que seria um perigo contra a Espanha, mas um modelo de jogo que não cause o esgotamento do Brasil como o diante das rivais de quarta-feira. A Seleção pode mais, tem como fazer mais. O jogo da França pode ser o capítulo para essa mudança de chave.