Um dos maiores defensores de todos os tempos relembra finais da Champions e da Copa vencida pelo Brasil em baú de memórias sem traumas ou sofrimentos: "Experiência belíssima" O carimbo de "um dos melhores defensores de todos os tempos" não acompanha Paolo Maldini à toa.
A elegância que exibia nos campos permanece até hoje e não somente nos trajes sempre bem alinhados. Trinta anos depois, a derrota para o Brasil na final da Copa do Mundo de 1994 não é um trauma. Longe disso. A serenidade com que trata as memórias do que viveu nos Estados Unidos é a mesma com que admite a dificuldade em parar o melhor jogador daquela competição: Romário.
Maldini desarma Romário na final da Copa de 1994
Henri Szwarc/Bongarts/Getty Images
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Na tarde de forte calor de 17 de julho de 1994, no Rose Bowl, em Pasadena, Maldini conseguiu conter o camisa 11 do Brasil. Fosse na lateral ou no miolo de zaga, após a lesão de Roberto Mussi, o camisa 5 da Azzura travou duelos e levou a melhor na maioria deles. O Baixinho passou em branco na decisão, muito por uma experiência que deixou o italiano ligado anos antes, em jogo contra o PSV pela Champions.
"Romário é um dos poucos jogadores que me pegaram de surpresa de campo. Eu gostava muito de fazer 1 x 1, gostava de jogar com a minha velocidade de pensamento para a ação"
- Me lembro que ele fez um gol na gente quando jogava pelo PSV e naquela temporada tínhamos feito dez partidas de Champions com apenas um gol sofrido. Esse gol quem marcou foi Romário em uma bola que sobrou na área. Eu pensei que seria mais rápido, mas ele foi tão rápido... Depois, o reencontrei na final Milan x Barcelona e me lembrava da velocidade dele. Foi quando consegui me antecipar a essas surpresas, mas era um jogador excepcional.
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Uma das partidas que Maldini cita aconteceu praticamente dois meses antes daquele reencontro nos Estados Unidos. Em 18 de maio de 1994, o Barcelona de Romário foi atropelado pelo Milan: 4 a 0 na decisão da Champions, na Grécia. O histórico vencedor pelo clube italiano, por sinal, tem grande parcela na naturalidade com que o defensor encara a queda nos pênaltis para o Brasil.
Quem acostuma-se a ganhar aprende também a perder, e Maldini reluta em tratar a Copa dos Estados Unidos como uma marca negativa em sua trajetória. Ciente das dificuldades da Itália para chegar à final após quase cair ainda na fase de grupos, ele define o Mundial:
- Acima de tudo, eu me lembro da Copa de 94 como uma experiência belíssima. Os estádios sempre lotados e, além disso, foi a Copa do Mundo em que cheguei mais longe como jogador. Tive a experiência de jogar a final de Mundial. É claro que o resultado não foi muito prazeroso para nós, mas considero aquela, ao lado da Itália-90, a melhor experiência que eu tive em absoluto.
Maldini em ação na final da Copa de 1994 contra o Brasil
Mark Leech/Offside via Getty Images
Maldini recorda bastidores do vestiário do Rose Bowl após Baggio chutar nas alturas a última cobrança e dar o tetracampeonato para a Seleção. Mais do que a derrota, ali marcou uma passagem de bastão e o fim de uma das maiores duplas defensivas do futebol em todos os tempos.
- Foi um momento de muita emoção e muita desilusão. Me lembro bem do pós-jogo de muita tristeza dentro do vestiário. Lembro que o Franco (Baresi) jogou sua última partida pela Itália e me deu a faixa de capitão. Havia uma grande tristeza, mas a consciência de termos feito tudo o que poderia ser feito. Mais do que o que demos em campo, não poderíamos ter dado. Quando isso acontece, você fica triste, mas sabe que fez de tudo. O jeito é aceitar o resultado.
A resignação com que Maldini trata o vice-campeonato Mundial está diretamente ligada também ao sacrifício daqueles dois meses entre a final da Champions e final da Copa do Mundo. Por conta de uma lesão naquela vitória sobre o Barcelona, o zagueiro-lateral teve seu Mundial em risco, mas acabou tendo esforço dobrado por conta de problemas mais sérios de seus companheiros.
Franco Baresi teve que passar por uma cirurgia depois da segunda rodada, o que obrigou Maldini a ser deslocado para a zaga. Já na decisão, além da lesão de Mussi, a Itália entrou desfalcada de Tassotti e Costacurta, ambos seus companheiros de Milan e que estavam suspensos.
"Essas não são cicatrizes, são apenas grandes memórias. Considero uma sorte ter jogado quatro Copas e, infelizmente, nunca venci. Acho que tive uma carreira de grande sucesso. Teria sido lindo ganhar um Mundial, mas me lembrarei eternamente de 94 como uma experiência fantástica e que me deu muito"
- Já aconteceu de eu me machucar em uma final de Champions (Barcelona x Milan, em 94) onde vencemos, quando rompi o ligamento do tornozelo, e sofri tanto para jogar todas as partidas quando Franco estava fora. Foi um período em que eu tive que gastar muita energia e, no fim das contas, decidi que era para o Brasil ter vencido mesmo. Disse para o meu coração que era uma Copa para o Brasil.
Campeão de 25 títulos pelo Milan, entre eles cinco Champions League, Paolo Maldini passou em branco nos 14 anos em que defendeu a Itália. Vice da Copa do Mundo e da Euro, ainda perdeu em casa um Mundial, também nos pênaltis, para a Argentina na semifinal em 1990. Nada, porém, tira dele a sensação de dever cumprido ou deixa sinais de arrependimento. Nem pela recusa da convocação para 2006, quando a Azzura conquistou o tetra.
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- Sinceramente, não posso lamentar pela minha carreira. Joguei quatro Copas. Em 2006, o professor Lippi me pediu para ir e eu disse que tinha parado com a seleção em 2002. Estava sentindo muitas dores no joelho e decidi manter aquela decisão.
"De repente, podemos dizer até que eles venceram porque eu não estava lá. Se eu fosse, não sei se teríamos ganhado. Mas não posso lamentar de tudo o que consegui. É como você falou do Zico, não precisa de um Mundial para se considerado um jogador lendário"
Bem alinhado, posturado e de pernas cruzadas, Paolo Maldini esbanjou simpatia e serenidade em um bate-papo de mais de meia-hora com o ge para relembrar a Copa do Mundo de 1994. Aos 56 anos, já não trabalha mais no Milan, vive a profissão "pai de jogador" ao acompanhar o filho Daniel, que disputou a última temporada pelo Monza. As linhas a seguir são uma aula de como saber perder dada por quem teve uma das carreiras mais vitoriosas do futebol italiano.
Confira a íntegra da entrevista
Você fica chateado em falar da final de 94?
Acima de tudo, eu me lembro da Copa de 94 como uma experiência belíssima. Os estádios sempre lotados e, além disso, foi a Copa do Mundo em que cheguei mais longe como jogador. Tive a experiência de jogar a final de Mundial. É claro que o resultado não foi muito prazeroso para nós, mas considero aquela, ao lado da Itália-90, a melhor experiência que eu tive em absoluto.
Foi uma Copa com muitos grandes jogadores: Baggio, Bebeto, Romário, Maradona, Batistuta, Stoichkov, Hagi...
Para mim, foi um Mundial de alto nível, mas teve uma grande diferença entre os times que jogaram na Costa Leste e na Costa Oeste dos Estados Unidos. Nós jogamos na Costa Leste, e do ponto de vista climático foi duríssimo. Fizemos partidas às 16h, ao meio-dia... O calor era realmente insuportável. Na final, fizermos seis horas de voo de Nova Iorque a Los Angeles, onde também tinha uma temperatura muito alta, 38 graus, mas era mais seco. Você perdia menos energia por conta disso.
Baggio x Romário
Baggio conquistou a bola de ouro e foi um dos jogadores mais importantes da história da Itália, um jogador que sabia fazer gols de todas as maneiras e soube adaptar sua maneira de jogar mesmo depois de duas graves lesões. Teve uma lesão grave muito jovem. Acho que tecnicamente, ao lado de Totti e Gigi Riva, está entre os três maiores jogadores da seleção italiana. É uma grande pessoa e um amigo muito querido. Romário é um dos poucos jogadores que me pegaram de surpresa de campo. Eu gostava muito de fazer 1 x 1, gostava de jogar com a minha velocidade de pensamento para a ação. Me lembro que ele fez um gol na gente quando jogava pelo PSV e naquela temporada tínhamos feito dez partidas de Champions com apenas um gol sofrido. Esse gol quem marcou foi Romário em uma bola que sobrou na área. Eu pensei que seria mais rápido, mas ele foi tão rápido... Depois, o reencontrei na final Milan x Barcelona e me lembrava da velocidade dele. Foi quando consegui me antecipar a essas surpresas, mas era um jogador excepcional.
Paolo Maldini em entrevista ao ge, em Milão
Cahê Mota / ge
Bebeto - Romário x Maldini x Baresi
Foi uma disputa bem particular, porque Bebeto e Romário conduziram o Brasil durante toda a Copa, mas o Franco (Baresi) se machucou logo na primeira fase. Rompeu o menisco e só voltou na final em Pasadena. Essa decisão dele participar ou não da final durou até o último momento. Sem dúvidas, na minha carreira é um dos jogadores que mais me inspiraram do ponto de vista atlético, mental e técnico.
Como ficou o ambiente com a lesão do Baresi?
Tínhamos perdido a primeira partida, estávamos em grande dificuldade e Franco se machucou. Ele era um grande capitão, mas aquela Itália tinha recursos em quem estava fora. Tivemos o goleiro expulso contra a Noruega e precisávamos vencer a todo custo. Foi um Mundial muito difícil de início e nos classificamos em 16º. Ou seja, fomos os últimos classificados, o time que avançou com pior campanha. Depois, pouco a pouco, nos recuperamos de uma forma aceitável porque efetivamente era um time muito baseado no Milan daqueles anos. Por isso, um time muito forte e que se conhecia muito.
A partir do jogo com a Nigéria, é uma nova Itália?
Sim! Na verdade, foi uma Copa muito estranha. Tivemos uma expulsão totalmente absurda do Gianfranco Zolla. Ele não fez absolutamente nada e ainda ficou suspenso por duas partidas. Tivemos na partida contra a Nigéria um time muito forte e muito sólido, mas ainda naquela Copa conseguimos, com a nossa capacidade de sofrer, sair de situações muito difíceis. Repito: contra a Nigéria, jogamos em Boston, e do ponto de vista físico era quase impossível atingir um alto nível por conta da umidade.
Paolo Maldini em entrevista ao ge, em Milão
Cahê Mota / ge
Quando fica decidido que a final é contra a Itália, o Brasil é favorito?
É preciso voltar um pouco e lembrar o que aconteceu. Contra a Bulgária, Costacurta recebeu cartão e ficou suspenso da final, enquanto Roberto Baggio se lesiona fazendo o gol. Mesmo assim, chegamos convencidos de que poderíamos enfrentar um Brasil que vinha fazendo um grande Mundial e mereceu chegar à final também com seus problemas. Foi uma partida muito tática do nosso ponto de vista, tentando não levar um gol. Não estávamos em nosso melhor momento e efetivamente o Brasil criou mais chances para vencer.
Quais as suas memórias antes de a bola rolar?
Esses são os momentos que mais nos lembramos. A tensão antes é muito grande, você quer procurar seus familiares nas arquibancadas, são muitas sensações. Íamos jogar ao meio-dia e fizemos um aquecimento às 8h da manhã, onde não ficou claro se o Baggio teria condição de jogo. O Baresi também não sabíamos.
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E do jogo quais são as lembranças?
Um jogador (Roberto Mussi) se machuca e temos que fazer mudanças táticas. Eu sou obrigado a mudar de posição e me lembro da dificuldade enorme que a Itália teve de chegar perto do gol do Brasil. Não estávamos nas nossas melhores condições. Mas, de fato, o que mais me lembro do jogo são os pênaltis. No fim, de qualquer forma, o resultado acabou sendo justo por tudo que o campo havia dito. Mas no jogo de futebol, em especial de Copa do Mundo, nem sempre vence quem merece. Nossa esperança era conseguir levar para os pênaltis e tentar vencer.
Vocês já sabiam quem bateria os pênaltis?
Às vezes, é melhor deixar bater quem está se sentindo bem e tenha o hábito de cobrar. É um momento de decisão. Você pode até calcular os primeiros cinco, mas depois pode acontecer qualquer coisa e sobrar para qualquer um.
Paolo Maldini em entrevista ao ge, em Milão
Cahê Mota / ge
Como foi acompanhar quase que como um torcedor?
Foi um momento de muita emoção e muita desilusão. Me lembro bem do pós-jogo de muita tristeza dentro do vestiário. Lembro que o Franco (Baresi) jogou sua última partida pela Itália e me deu a faixa de capitão. Havia uma grande tristeza, mas a consciência de termos feito tudo o que poderia ser feito. Mais do que o que demos em campo, não poderíamos ter dado. Quando isso acontece, você fica triste, mas sabe que fez de tudo. O jeito é aceitar o resultado.
A Itália viveu momentos difíceis em cobranças de pênaltis...
É assim, mas logo depois tivemos a sorte de vencer uma semifinal de Europa contra a Holanda nos pênaltis para depois perder no último minuto contra a França. Nos anos em que servi a seleção, não foram anos de muita sorte. Mas em 2006 a Itália consegue vencer um Mundial também nos pênaltis contra a França. Antes disso, é verdade que diziam que havia uma maldição dos pênaltis, mas, no fim das contas, é apenas um jogo que te leva a enxergar o resultado como positivo ou negativo. Não existe maldição.
Você pensou muito sobre tudo o que aconteceu nos anos seguintes?
Sim. A final de uma Copa do Mundo é o sonho de todo jogador. Você tem que ter muita, muita, muita sorte para jogar uma, e ficar tão próximo de vencer... É uma bola na trave que entra, uma bola que na trave que sai. Se você tiver algum arrependimento, não sabe se vai ter a oportunidade de disputar novamente um jogo como esse. Apenas grandíssimos jogadores e grandíssimas seleções tiveram a chance de jogar mais de uma final da Copa. Na minha cabeça, eu tive a sorte de jogar oito finais de Champions, mas quando joguei a primeira pensei que provavelmente seria a última e teria que aproveitar a chance. Minha ideia era sempre tratar cada final como a última. Mas eu tive a sorte de jogar em uma grande equipe (o Milan), que conseguiu chegar em muitas decisões. Em Copas, aquela, infelizmente, foi a primeira e única.
Dunga Brasil Troféu Tetra Campeão Copa do mundo 94
Peter Robinson - EMPICS/getty
O tempo machuca ou cura as cicatrizes?
Essas não são cicatrizes, são apenas grandes memórias. Considero uma sorte ter jogado quatro Copas e, infelizmente, nunca venci. Acho que tive uma carreira de grande sucesso. Teria sido lindo ganhar um Mundial, mas me lembrarei eternamente de 94 como uma experiência fantástica e que me deu muito. Já aconteceu de eu me machucar em uma final de Champions (Barcelona x Milan, em 94) onde vencemos, quando rompi o ligamento do tornozelo, e sofri tanto para jogar todas as partidas quando Franco estava fora. Foi um período em que eu tive que gastar muita energia e, no fim das contas, decidi que era para o Brasil ter vencido mesmo. Disse para o meu coração que era uma Copa para o Brasil.
Defina o Mundial de 94 em uma única palavra...
Para nós, um grande sofrimento. Calor e sofrimento. Mas acho que também conseguimos encerrar orgulhosos da seleção italiana. Mais do que fizemos não conseguiríamos fazer.
Mensagem para os brasileiros...
Por tudo o que contei para você, tenho um grande respeito pelo futebol brasileiro. Sempre me venceram. Acho que todos devem aprender, é o que digo aos jovens que começam neste esporte. Não podemos esquecer que o futebol é um jogo e precisamos nos divertir. Os brasileiros nisso são mestres. Tenho um grande respeito pelo ideal.
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Ronaldo x Romário
Preciso dizer que são dois jogadores fantásticos. Estão entre os mais fortes de sempre, não somente da seleção brasileira, mas do futebol de todos os tempos. Eu joguei contra os dois, todos os dois me marcaram gols, mas acho que o Ronaldo dos anos 90, assim como Maradona, eram os jogadores mais fortes que eu já enfrentei. Do ponto de vista físico, técnico, capacidade de fazer gol, eu considero o Ronaldo ao lado do Maradona o jogador mais forte que enfrentei. Então, eu diria Ronaldo.
1982 x 1994
Um time é feito de grandes campeões e grandes jogadores. Quando você tem muitos campeões, você costuma conseguir o resultado. Um time é feito também de espírito, e eu não quero dizer que o de 82 não tinha espírito, mas uma partida pode determinar o seu futuro. Você precisa de muito preparo e também de alguma sorte para vencer ou perder uma Copa. O time de 82 que enfrentou a Itália fazia sonhar, talvez mais do que o de 94, mas no fim das contas o resultado foi diferente. Se eu puder escolher um jogador do time de 82, sem dúvidas é o Zico, que além de jogador é uma pessoa fantástica. Jogou na Udinese e, para mim, é um jogador subvalorizado. Não pelos brasileiros, mas pelas pessoas que amam o futebol no mundo de modo geral.
Não ter ganhado a Copa incomoda?
Sinceramente, não posso lamentar pela minha carreira. Joguei quatro Copas. Em 2006, o professor Lippi me pediu para ir e eu disse que tinha parado com a seleção em 2002. Estava sentindo muitas dores no joelho e decidi manter aquela decisão. De repente, podemos dizer até que eles venceram porque eu não estava lá. Se eu fosse, não sei se teríamos ganhado. Mas não posso lamentar de tudo o que consegui. É como você falou do Zico, não precisa de um Mundial para se considerado um jogador lendário.
Baresi e Maldini formam uma das maiores duplas da história do futebol
Reprodução
Melhor time de todos os tempos
Eu joguei tempo demais com jogadores demais para escolher um. É muito difícil. Tenho muita dificuldade de escolher até o meu time ideal. Jamais vou fazer isso, joguei com muita gente. São muitos jogadores de alto nível para decidir quem é melhor que o outro. São muitos jogadores, não quero ofender ninguém. Eu acho que joguei na melhor defesa de todos os tempos, acredito nisso. Eu, Baresi, Costacurta e Tassotti. Todos eram jogadores fantásticos, mas é claro que temos jogadores como Cafú, Roberto Carlos, Aldair, que fizeram história no futebol mundial. Sou muito afeiçoado a aquela linha defensiva de quatro que tanto contribuiu para a seleção italiana e, acima de tudo, no Milan. No gol, eu joguei com aquele que talvez seja o melhor de todos os tempos: Buffon. Mas o Dida também foi enorme.
Quais times que vem a sua cabeça quando pensa no Brasil?
São dois. Flamengo e São Paulo. O Flamengo porque é um time que, sem querer voltar ao tempo de Pelé, que o meu pai enfrentou o Santos, e o São Paulo porque jogamos contra ele na final do Mundial.
Você acompanha o Brasileirão?
A TV não transmite, mas quando se fala da Libertadores, a final de modo geral é transmitida. São mundos muito distantes, principalmente quando se fala de competições nacionais. Quando eu trabalhava para o Milan, até um ano e meio atrás, naturalmente tinha que observar esses talentos e seguia mais de perto. Agora, já que não faço trabalho, é muito difícil. A oferta é muito grande de campeonatos na Europa. Isso dificulta acompanhar o futebol sul-americano.