Galo dá 31 toques na bola dentro de 35 segundos até Nacho Fernández vencer Diego Alves; peças ofensivas são improdutivas, e time sofre gols em erros coletivos Com muita liberdade, Galo troca 31 passes em 35 segundos e abre placar contra o Flamengo
O Flamengo foi bem inferior ao Atlético-MG durante os 90 minutos no Mineirão, mas um recorte de 35 segundos é suficiente para resumir a passividade rubro-negra na derrota por 2 a 0.
O período em questão se refere ao gol de Nacho Fernández, o primeiro da partida. Nesse pequeno espaço de tempo, o Galo botou o Flamengo na roda e girou a bola de um lado para o outro até o argentino empurrar para a rede de Diego Alves.
Foram 31 toques na bola com a participação de oito jogadores: Guilherme Arana, Allan, Keno, Hulk, Mariano, Nacho, Otávio, Júnior Alonso. Dos 11 atleticanos em campo no momento, somente o goleiro Ederson, Nathan Silva e Vargas não participaram.
Como na imagem do fotógrafo Pedro Souza, do Atlético, o Flamengo e Arrascaeta estiveram fora de foco no domingo
Pedro Souza/Atlético-MG
Trinta e cinco segundos assistindo ao Atlético-MG trocar passes sem aproximação ou um combate mais forte. Allan, Arana, Mariano e Nacho especialmente tiveram o tal conforto para construir que Dorival Júnior citou após o jogo.
+Dorival critica atuação do Flamengo e esperava evolução: "Deixamos o Atlético muito confortável"
Além da passividade demonstrada, a parte final do lance evidencia que praticamente todos os defensores erraram. Matheuzinho largou Keno, que se antecipou a Rodrigo Caio, e Ayrton Lucas não acompanhou Nacho.
Vale destacar que antes de a bola sair, e Arana, aos 34 minutos, cobrar o lateral que iniciou a trama do gol, Arrascaeta perdeu bola simples no meio-campo para Otávio. O uruguaio, principal nome do Flamengo em 2022, fez de longe sua pior partida na temporada.
Desligado, errou 13 passes e isolou a única finalização que teve. Os erros no fundamento não são um problema porque é o jogador que mais tenta jogadas difíceis dentro do Flamengo. Como não conseguiu tirar coelhos da cartola, teve atuação para esquecer.
Dorival saca Andreas no intervalo e demora a mexer na etapa final
Uma substituição intrigou a muitos que assistiam à partida. Andreas Pereira, responsável pelas únicas finalizações de perigo no primeiro tempo em jogadas interessantes - uma em cobrança de falta e outro em chute que deu após aplicar caneta em Nacho -, foi sacado no intervalo. Willian Arão o substituiu, não comprometeu e até fez partida bem regular se comparado aos demais.
A outra mexida foi Marinho no lugar do apagado Vitinho. O camisa 31 não correspondeu mais uma vez e correu risco de ser expulso após duas entradas com força desproporcional.
Sem os chutes de Andreas e com Arrascaeta, Gabigol e Everton Ribeiro muito abaixo da média, o Flamengo não deu pinta em nenhum momento de que teria forças para virar ou pelo menos empatar o jogo. Desorganizado, quase sempre tinha que contar com o fôlego de João Gomes para impedir prejuízo maior em contra-ataques do Atlético-MG.
Como Gabi, Ribeiro e Arrasca não funcionavam, Lázaro e Pedro pintavam como alternativa para mudança de panorama do jogo num momento de letargia do Flamengo. O problema é que entraram somente aos 35 minutos. Dorival demorou a mexer.
Lázaro até movimentou-se bem e ofereceu-se para o jogo constantemente pela ponta esquerda. Pedro pouco tocou na bola, mas poderia ter sido opção na bola aérea se tivesse entrado mais cedo.
Marinho, do Flamengo, dá passe errado, cai duas vezes e comete falta em Nacho
Se o gol atleticano resumiu o jogo do Flamengo, um lance protagonizado por Marinho aos 25 minutos do segundo tempo é outro retrato de um time que foi desorganizado, atabalhoado e sem imaginação para virar o jogo. O camisa 31 erra passe simples e cai duas vezes antes de cometer falta em Nacho numa cena desalentadora para os rubro-negros (veja acima).
Após atuação ruim do início ao fim, Dorival, que só deu cinco sessões de treinamento ao Flamengo desde o retorno ao Ninho, precisa acelerar e muito o planejamento para trazer um time bem melhor na próxima quarta-feira, novamente no Mineirão, contra o mesmo Atlético.
A diferença é que agora o duelo é no mata-mata, pela Copa do Brasil, e uma nova derrota com placar elástico pode custar caro. A derrota deste domingo é o manual do que não se fazer no iminente reencontro com o Galo.
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