Ramon perde três titulares e não consegue definir formação ideal; jogadores de frente têm desempenho ruim, e seleção brasileira bicampeã fica fora de novo dos Jogos após 20 anos O Brasil fracassou, sim, no Torneio Pré-Olímpico, por mais que o técnico Ramon Menezes enxergue de forma diferente. Você só vai ler a palavra "culpados" uma vez — e foi esta —, para dizer que o objetivo aqui não é classificar ninguém de tal forma. Isso é bem diferente de apontar os vários problemas na campanha.
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Campanha essa que terminou com derrota por 1 a 0 para a Argentina, na última rodada do quadrangular final do Pré-Olímpico. Resultado absolutamente normal, dado o histórico equilibrado contra o rival e a qualidade de alguns nomes desta seleção argentina.
A estratégia assumida foi, primeiro, neutralizar essas peças, ganhar as disputas no meio-campo. Nisso, a equipe foi bem. Mas vencer era fundamental, já que o empate não era garantia de nada.
O que não é normal é o Brasil não terminar entre os dois primeiros colocados. Pelo menos, não é comum. De 14 edições do torneio, incluindo a atual, a seleção brasileira ganhou metade. Foi vice duas vezes. Terminou em terceiro lugar em três oportunidades, e uma em quinto.
Quando a competição que dava vaga para o futebol masculino dos Jogos Olímpicos era o Sul-Americano Sub-20, o que aconteceu entre 2007 e 2015, o Brasil foi campeão em três de cinco ocasiões.
Como se não bastasse esse histórico maior, o Brasil é o atual bicampeão olímpico. Não tinha obrigação de se classificar, mas se esperava isso.
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Comandada por Ramon Menezes, Brasil não conseguiu jogar bem no Pré-Olímpico 2024
AFP
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O Pré-Olímpico é um campeonato bem equilibrado. Este, por sinal, foi nivelado por baixo. Mas Brasil e Argentina sobram, historicamente. Paraguai — mais novo campeão — e Colômbia vêm atrás, distantes.
Todas as seleções sul-americanas estão com o calendário do futebol em seus respectivos países começando. É início de ano pra todo mundo.
Também não se sustenta muito o argumento da não liberação de convocados — o Brasil teve que trocar sete nomes da primeira lista do Pré-Olímpico por esse motivo. Esse é outro problema que atinge a todos os times, cada qual com a sua particularidade.
Isso também não era novidade para a atual comissão técnica, campeã do Sul-Americano Sub-20 e dos Jogos Pan-Americanos de 2023. Títulos que não vinham há 12 e 36 anos, respectivamente.
É óbvio que o Brasil seria mais forte se pudesse contar com nomes como Vitor Roque, Gabriel Martinelli, Rodrygo, Paulinho, João Pedro... Ou com quem foi chamado e não veio. Mas isso no máximo ajuda a dizer que a seleção poderia jogar muito melhor. Não explica por que foi tão mal.
Brasil de Mycael perdeu no último jogo do Pré-Olímpico para a Argentina
AFP
Têm mais peso os cortes de três titulares durante o Pré-Olímpico: primeiro o zagueiro Michel e o lateral Kaiki Bruno, depois o meio-campista Marlon Gomes. Nenhum dos três disputou o quadrangular final. Ramon não conseguiu (ou não quis) repetir a escalação uma vez sequer no torneio. Quem entrou não correspondeu ao necessário.
Mas havia material humano para jogar melhor. Principalmente quando o time tinha a bola. Alexsander, Maurício, Gabriel Pec, John Kennedy e Endrick. Cinco jogadores, por exemplo, que vieram de um ótimo ano em 2023.
O Brasil terminou com menos gols que Argentina, Paraguai, Venezuela e até Uruguai, eliminado na primeira fase. Teve menos finalizações do que o adversário em todos os jogos do quadrangular final.
Endrick não jogou bem contra a Argentina, no último jogo do Brasil no Pré-Olímpico
EFE
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O Brasil não jogou bem na estreia contra a Bolívia, nem nas duas partidas contra a Venezuela (vitória nos acréscimos no último embate), ou nas derrotas para Paraguai e Argentina. A atuação contra a Colômbia e o segundo tempo contra o Equador foram positivos.
O discurso da seleção ao longo do Pré-Olímpico foi jogar "com equilíbrio". Só que isso não aconteceu. Houve vários momentos de fragilidade defensiva ao longo da campanha, com a equipe espaçada, além da falta de criatividade na construção e pouca efetividade na frente.
Das 14 equipes coletivas que conquistaram medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, a seleção brasileira masculina de futebol foi a única que não se garantiu em Paris-2024.
Essa não classificação fecha com "chave de latão" uma sequência de resultados ruins para as seleções brasileiras. Como bem lembrou André Rizek, a feminina teve a pior campanha em Copas do Mundo, a masculina principal viveu em 2023 o pior ano desde 1940, e a equipe sub-20 caiu diante de Israel no Mundial da categoria.