Galo foi comandado por Floriano Peixoto no título reconhecido pela CBF como Brasileiro O Atlético-MG é Campeão Brasileiro de 1937. Na homologação da CBF, que transformou o "Torneio dos Campeões" organizado pela extinta Federação Brasileira de Futebol em edição do Nacional, o passado é revisitado. O comandante daquela histórica conquista foi Floriano Peixoto Corrêa, figura-central da transformação do futebol em amador para profissional.
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Presidente do Atlético explica como conseguiu reconhecimento pelo Brasileiro de 1937
Conhecido como "Marechal das Vitórias", por conta de seu nome de batismo em homenagem ao ex-presidente Floriano Peixoto, ele havia sido treinador/jogador do Atlético de 1933 a 1936. Chegou a ser demitido do cargo no meio de 1936, dando lugar a Said, um dos maiores artilheiros do Galo, membro do aclamado "Trio Maldito" ao lado de Mário de Castro e Jairo.
No início de 1937, Floriano Peixoto retomou o cargo de treinador do Atlético, agora com as chuteiras penduradas. Comandou o time de Kafunga, Florindo, Quim, Zézé Procópio, Lola, Bala, Paulista, Alfredo, Guará, Resende e Nicola. Venceu o Brasileiro de 1937 após vitórias contra Fluminense, Rio Branco-ES e Portuguesa-SP.
"O torneio dos campeões foi uma excelente ideia levantada pela Federação. Decorreu entre fases emocionantes e disputadíssimas e contribuiu para um maior intercambio esportivo entre clubes do centro, do norte e do sul (...) Enfim, tudo acabou. Sinto-me satisfeito em ter levado para Minas o primeiro campeonato nacional. E o Athletico, o líder dos clubes montanheses, bem mereceu tão honroso título" - Floriano Peixoto.
Troféu; taça; Atlético-MG; 1937; Campeão dos Campeões; Brasileiro
Pedro Souza / Atlético-MG
O "Marechal das Vitórias" nasceu em Itapecerica-MG, em 14 de maio de 1903. Portanto, foi campeão brasileiro com menos de 34 anos. Telê Santana tinha 40 anos no troféu de 1971, e Cuca venceu a edição 2021 do torneio com 58 anos.
"Grandezas e misérias"
Um líder de seu tempo, Floriano Peixoto teve sua primeira grande experiência no futebol quando ingressou no quadro do Internacional de Porto Alegre. Ele passou por colégios militares, sucesso no futebol do Rio de Janeiro - Fluminense, Botafogo, Vasco, América e São Cristóvão, além de ter sido tricampeão brasileiro de seleções estaduais pelo Distrito Federal.
Antes de chegar ao Atlético, Floriano teve longa passagem pelo Santos. Por lá, ganhou o emprego de corretor de café, jogou ao lado de Athiê Jorge Cury (goleiro, que seria o presidente do Peixe na era de ouro de Pelé). Em 1933, meses antes de chegar ao Galo, o "Marechal" publicou um livro-bomba.
Retrato de Floriano Peixoto, técnico campeão brasileiro pelo Galo
Reprodução
Chegava nas livrarias a obra "Grandezas e misérias do nosso futebol", no qual Floriano enaltecia o amor ao esporte bretão, inclusive com capítulos em espécie de guia na execução de técnicas e esclarecimento sobre táticas. Mas fazia denúncias diante de corrupção e pobreza, no que ele chamava de "falso amadorismo", num regime no qual os atletas davam sua saúde em troca de "gorjetas".
- Faço uma análise meticulosa do que vi e ouvi durante esses meus quase quinze anos de atuação no Rio de Janeiro e em São Paulo. Deixei o Rio Grande do Sul em 1920, rumo ao Rio de Janeiro. Depois, vim para o Santos, onde me encontro. Pois sei de coisas do "arco da velha" - afirmou Floriano, em entrevista ao Correio de S. Paulo, em abril de 1933.
Livro escrito por Floriano Peixoto está em domínio público
Reprodução
Floriano havia anunciado que escreveria seu segundo livro - "Manual do Torcedor" - mas ele não saiu do papel, por conta da sua morte prematura.
Amizade com Friedenreich
Foi graças à presença de Floriano Peixoto como jogador do Atlético, entre 33 e 36, que o clube mineiro teve um saboroso capítulo em sua história: a participação da lenda Arthur Friedenreich como "artilheiro por um dia".
Amigos de longa data, Floriano convidou "El Tigre" a atuar pelo Atlético em amistoso de 1933. Naquela altura, um dos maiores goleadores da história do Brasil já estava aposentado, curtindo visitas cordiais a algumas capitais, na condição de árbitro de futebol em amistosos. Em 2019, data de 50 anos da morte de Fried, o ge contou essa história em detalhes.
Floriano (Atlético-MG), Pennafort (Siderúgica) e Arthur Friedenreich (Atlético-MG), em 1933
Arquivo Pessoal/ Reprodução Gazeta de Notícias/ Acervo Biblioteca Nacional
A morte
Floriano Peixoto morreu em setembro de 1938, um ano e poucos meses depois da conquista pelo Atlético. O ex-jogador havia contraído tuberculoso, e deixou Belo Horizonte rumo ao Rio de Janeiro. Há relatos de que teria tentado tratar a doença em Nice, na França. Passou por Dacar, em Senegal, e teria falecido em 19 de setembro, em Oran, na Argélia, por complicações no fígado.
Em nota do jornal Correio Paulistano, é citado Argélia como local de falecimento do ex-jogador. Além disso, fica nítida a amizade que Floriano Peixoto teceu com Arthur Friedenreich, o primeiro mito do futebol brasileiro.
"Como se sabe, os restos mortais do saudoso jogador Floriano P. Corrêa, falecido na Argélia, vão ser repatriados. A iniciativa dessa homenagem deve-se a Arthur Friedenreich e Paulo Várzea, dos quais o morto foi amigo. Como se sabe, Floriano foi um grande jogador e fez um livro que muito contribuiu para a legalização profissional no nosso futebol, trabalho que prefaciado ardentemente por Paulo Várzea, revolucionou os meios políticos esportivos".
Morte de Floriano Peixoto em 1938
Reprodução
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