Quem foi Jeff Machado?
Jeff Machado nasceu em Araranguá, município do sul de Santa Catarina que tem cerca de 70 mil habitantes. Formado em Jornalismo e Cinema, no início da carreira ele chegou a atuar como colunista social em revistas de Florianópolis e Rio do Sul, município do Vale do Itajaí.
Em 1997, Machado se mudou para São Paulo e, vivendo entre a capital paulista e o Rio de Janeiro, dedicou-se ao estudo das artes cênicas. Em 2008 voltou para Florianópolis, onde trabalhou como assessor de imprensa, produtor, diretor de arte, cenógrafo e vitrinista.
Desde 2014, ele morava no Rio e trabalhava como ator. Seu desaparecimento se deu enquanto ele interpretava um soldado filisteu na novela Reis, exibida desde março de 2022 pela Record TV. Gostava de surfar e também era apaixonado por cães - tinha oito, todos da raça setter e chamados com nomes de artistas.
"Meus filhos Tim Maia, Nando Reis, Elis Regina, Cazuza, Vinícius de Moraes, Gilberto Gil, Rita Lee e Caetano Veloso", escreveu Machado em uma publicação no Instagram em 1 de janeiro deste ano, quando desejou "Feliz 2023!" aos seguidores.
Na rede social, em que tinha 10,9 mil seguidores, ele se apresentava como ator, modelo, produtor jornalista, assessor de imprensa e "pai de cães". Desde o seu desaparecimento, o perfil - que vem sendo gerenciado por familiares e amigos - já ganhou quase 5 mil novos seguidores que comentam as postagens com mensagens de carinho e indignação.
"Justiça para Jeff Machado. Não o conheci mas sua simplicidade e carinho são notáveis. Meus sentimentos à família e aos amigos. Seu nome não será esquecido", escreveu o comediante Marcelo Adnet em uma das postagens.
Quando e como ele desapareceu?
Jeff Machado foi visto pela última vez em 17 de janeiro, saindo de uma festa no bairro de Campo Grande, na zona oeste do Rio. Seu desaparecimento foi notado após seus cães terem sido encontrados abandonados - cinco deles foram resgatados, dois morreram e um está desaparecido.
Em entrevista ao ND+, a mãe do artista, Maria das Dores, afirmou que a última vez que se comunicou com ele foi no dia 29 de janeiro, mas que vinha estranhando as mensagens trocadas com o filho. Ele disse para a mãe que viajaria a São Paulo para uma entrevista de emprego e que ficaria hospedado na casa de uma amiga.
"Ele escreveu que passou em Aparecida, rezou e ficou no apartamento dessa amiga. Contou que foi trabalhar no outro dia, se apresentou. O pessoal gostou da sugestão que ele deu. Falou também que deixou o celular cair no vaso e, por isso, não estava conseguindo fazer chamada de vídeo. Tudo se justificando", disse a mãe, ressaltando que o filho e ela tinham o hábito de fazer videochamadas.
Como os cachorros de Jeff Machado contribuíram para a solução do caso?
Uma ONG de resgate e proteção dos direitos dos animais chamada Indefesos recebeu um pedido de resgate de dois cães de raça abandonados no bairro Paciência, na zona oeste do Rio, na noite do dia 31 de janeiro deste ano.
No dia seguinte, 1º de fevereiro, os animais foram resgatados e encaminhados para uma clínica veterinária parceira para avaliação e exames, como a entidade costuma proceder nos resgates. A partir de chips implantados nos animais (algo comum em raças raras), a ONG conseguiu identificar que o Jeff Machado era o dono.
"Em contato com o (suposto) Sr. Jefferson Machado, a ONG Indefesos soube que eram oito cães setter e que todos tinham sido deixados por ele aos cuidados de uma amiga, enquanto ele se encontrava em outro Estado a trabalho", disse a entidade, que começou a buscar então pelos outros cães.
Até então, o ator não tinha sido dado como desaparecido, já que outra pessoa, passando-se por ele, mantinha contato com a família via mensagens de texto pelo WhatsApp. Somente no decorrer das investigações policiais esse fato foi confirmado.
Outros cinco cães do ator foram encontrados posteriormente - dois deles morreram - e um segue desaparecido. Um cão foi encontrado em Campo Grande, na zona oeste, último local em que o ator havia sido visto e onde o seu corpo foi localizado posteriormente.
No dia 2 de fevereiro, um homem que se apresentou como Giovani entrou em contato com a ONG e afirmou teria ajudado Machado a abandonar seus cães. Ele relatou o abandono e um boletim de ocorrência por abandono de cães foi registrado pela entidade em 6 de fevereiro na Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente do Rio de Janeiro (DPMA/RJ).
A informação sobre o abandono dos cães alertou a família do ator, que acionou então a polícia pelo desaparecimento. Foi aberta então uma investigação sobre o paradeiro de Jeff Machado.
Onde e quando o corpo foi encontrado?
A partir da denuncia de desaparecimento, agentes da Delegacia de Descoberta de Paradeiros pediram a quebra de sigilo do telefone de um suspeito do caso e descobriram que o ator estava morto há cerca de 15 dias - ou seja, desde aproximadamente o dia 17 de janeiro, quando foi visto pela última vez, saindo de uma festa em Campo Grande.
No dia 22 de maio o corpo do ator foi finalmente encontrado, dentro de um baú, enterrado abaixo do piso de uma casa em Campo Grande sob dois metros de concreto. Estava em estado avançado de decomposição, com os braços amarrados acima da cabeça e ferimentos no pescoço.
O baú onde o corpo de Jeff estava guardado é similar a outros modelos encontrados na casa do ator, em Vargem Grande, o que reforçou a suspeita de que o assassino seria alguém próximo à vítima.
A Polícia Civil ouviu a proprietária e alguns vizinhos do imóvel onde ele foi encontrado. A investigação tenta agora determinar quais seriam as motivações por trás do crime e a identidade dos autores.
Quem é o suspeito do crime?
Um dos suspeitos do assassinato do ator Jeff Machado é o amigo da vítima Bruno de Souza Rodrigues, de acordo com o Fantástico. Segundo as investigações, a casa em que o corpo do ator foi encontrado foi sublocada por Bruno um mês antes do desaparecimento.
O advogado da família, Jairo Magalhães, afirma que uma das linhas de investigação é que Jeff teria sido enganado com a promessa de entrar em uma novela. A mãe do ator afirmou ao programa da Rede Globo que o ator teria desembolsado mais de R$ 12 mil para conseguir o papel.
"Pagou R$ 12 mil, depois R$ 2 mil porque tinha que fazer uma filmagem, mais R$ 2 mil porque não sei o que... Você tem um sonho que ele é tão forte dentro de ti que a impressão é que você fica cego pra realidade", disse Maria das Dores.
A investigação tenta agora determinar quais seriam as motivações por trás do crime e a identidade dos autores. A suspeita é de que mais de uma pessoa tenha participado do assassinato. "Não tem como uma pessoa só ter sido responsável por esse crime bárbaro", defende o advogado da família.
Fonte: Notícias ao minuto