Equipe de Pep Guardiola recebe o Arsenal com o centroavante norueguês em alta O duelo entre Manchester City e Arsenal, às 16h (de Brasília), é a grande final antecipada do Campeonato Inglês.
Líder e vice-líder se encontram em momentos bem distintos e podem definir o campeonato num jogo que promete tudo aquilo que fez a Premier League se tornar famosa nos últimos anos. Também será a oportunidade de entender as recentes mudanças táticas que Pep Guardiola promoveu no Manchester City.
Haaland Manchester City x Leicester
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Como os rivais chegam para o jogo?
O Arsenal vive um momento de queda. Foram três empates nos últimos três jogos, com sete gols sofridos. O mau momento da defesa fez a gordura na liderança desaparecer, e uma derrota hoje pode significar o fim do sonho: os Gunners têm dois jogos a mais e só disputam a competição até o fim da temporada.
Já o City vive um momento de afirmação. A chegada de Haaland entregou gols, e muitos deles. Mas mudou a configuração tática do time. Com um retorno ruim de De Bruyne após a Copa do Mundo, o lado azul de Manchester viu o título inglês ficar distante no começo do ano com atuações ruins. O ápice foi a derrota para o United, por 2 a 0.
Pep Guardiola sabia disso e mudou o time para atacar e defender melhor com um camisa nove mais estático na área.
O resultado não poderia ser melhor. São 16 jogos de invencibilidade, uma classificação para as semifinais da Liga dos Campeões e a chance de ser mais uma vez campeão inglês.
John Stones no meio-campo
A segurança defensiva que o City tanto precisava para ter Haaland confortável veio com três zagueiros de origem no 3-6-1 pensado por Pep. Contra o Bayern, Akanji-Dias-Aké se mostraram seguros no combate aos atacantes e contaram com uma improvisação surpreendente: o zagueiro John Stones como um meio-campista com a bola, mas defendendo numa linha de quatro sem ela.
Antes, Stones fazia o lado esquerdo da linha de três zagueiros.
Manchester City joga com três zagueiros de origem e um no meio-campo
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Agora, ele é um primeiro volante ao lado de Rodri.
A mudança fez o City povoar melhor o meio-campo porque Bernardo Silva cumpre vários papéis: ele sai do lado direito e circula por dentro, preenchendo espaços entre a defesa. Ao arrastar marcadores, ele consegue fazer com que De Bruyne tenha mais espaço para levar a bola até Haaland. E permite que o fenômeno norueguês fique onde saiba jogar: na área.
Bernardo Silva se movimenta mais em campo, protegido por Stones
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Atenção à segunda bola
O ponto essencial de ter Stones no meio-campo é que o City ganhou um jogador a mais onde vinha perdendo boa parte dos jogos: no meio-campo.
Stones tem a missão de cuidar da segunda bola. O termo é usado por técnicos para falar das rebatidas e sobras após um chutão ou escanteio. Se essa jogada não for neutralizada, invariavelmente vira um contra-ataque.
Stones no meio-campo e Walker como lateral, como foi contra o Leicester, tornaram o City um time mais físico. O duelo contra o Bayern na Alemanha mostrou índices altos de duelos individuais e retomadas de bola. É um jogador a mais, pronto para dar aquele "chega para lá" no atacante rápido e fazer com que os três zagueiros corram para trás e diminuam o espaço.
City se tornou um time mais físico após as mudanças de Guardiola
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O ajuste de Pep parece ter chegado na hora certa.
O City chega cascudo para jogar contra o Real Madrid nas semifinais da Liga dos Campeões e pode retomar a liderança do Campeonato Inglês se vencer o Arsenal. Ano passado, o diagnóstico foi de que a equipe jogou melhor e merecia passar. Mas faltou justamente alguém mais experiente para não perder a bola nos momentos cruciais. Segurar o jogo faltando poucos minutos.
Em suma, faltou um pouco de "Scolarismo" para Pep, conhecido por equipes que joguem bem em diversas circunstâncias. Não que ter um zagueiro no meio-campo seja deixar de jogar bem. Afinal, é possível jogar bem de muitas maneiras. O futebol, de Scolari à Diniz, é diverso.
Por isso Guardiola buscou encaixar Haaland e colocar um zagueiro no meio-campo: é o encaixe que o time precisava para seguir reinando absoluto na Inglaterra - e quem sabe na Europa?