Samarone Barcellos, de Minas Gerais, levou o filho pela primeira vez ao estádio para ver o Flu “Obrigado por me dar a oportunidade de torcer para o Fluminense. Esse foi o melhor presente que o senhor poderia me dar”. As palavras de agradecimento ao falecido pai tiveram um significado maior para Samarone Barcellos neste sábado. A vitória do Tricolor por 3 a 0 contra o América-MG foi especial para o mineiro, que comemorou o aniversário de 42 anos no Independência e levou o filho de três anos, Miguel, ao primeiro jogo do Fluminense.
América-MG 0 x 3 Fluminense - Melhores Momentos - 1ª rodada do Brasileirão 2023
A paixão pelo Fluminense veio no nome. A homenagem ao craque Wilson Gomes, o Samarone, campeão brasileiro em 1970 pelo Tricolor, foi ideia do pai, Milton. Na pequena cidade de Dom Silvério, localizada a 179 km de Belo Horizonte, os dois formavam uma “resistência tricolor”.
- Toda a cidade torcia para o Cruzeiro e para o Atlético. Era só eu e meu pai de Fluminense, mas meu pai era muito tricolor e não tinha como eu deixar de ser. Ele escutava no radinho dele todo domingo. A gente ia pro campo da cidade para assistir um jogo, mas escutando o Fluminense - disse Samarone.
Além da "concorrência" de equipes mineiras na cidade, Samarone enfrentou outra dificuldade: a escassez de notícias. Durante as décadas de 80 e 90, na infância e juventude, o jovem tricolor não conseguia saber muito sobre o Fluminense.
- Lá não tinha banca de revistas, não tinha nada, então eu não sabia. Eu sabia pouco. Eu sabia pelo Globo Esporte mesmo, que era do Rio de Janeiro e passava na TV.
Samarone e o pai, Milton
Acervo Pessoal/Samarone Barcellos
O que bastava para ele era o ensinamento do açougueiro e juiz amador, Milton, que ensinou ao filho o amor pelo Tricolor. Todo domingo era dia de traje obrigatório: Milton não tirava a camisa do Fluminense, hábito que passou a ser repetido por Samarone.
Com a separação dos pais e uma mudança para Belo Horizonte, Samarone manteve o contato com o pai pelo telefone. Em 2010, poucos dias após um confronto entre Fluminense e São Paulo em que os dois acompanharam no hospital, Milton faleceu vítima de um câncer. Meses depois, o Flu foi campeão brasileiro pela primeira vez em 26 anos.
- Eu fiquei muito emocionado. Depois disso, eu fiquei muito tricolor depois que meu pai morreu. Era a ligação que eu tinha com meu pai.
Samarone na infância com a camisa do Fluminense
Acervo Pessoal/Samarone Barcellos
Apesar do amor em comum pelo clube, Milton e Samarone nunca foram a um jogo do Fluminense juntos. O filho sempre vai aos jogos do Tricolor em Belo Horizonte, mas o confronto deste sábado, contra o América-MG, foi especial.
No dia em que comemorou 42 anos, Samarone decidiu fazer um aniversário especial e diferente: ver o Fluminense com toda a família. Irmãs, esposa e o pequeno Miguel, neto de Milton. A paixão pelo Tricolor agora chega na terceira geração.
Samarone, o filho Miguel e a esposa Vanessa
Acervo Pessoal / Samarone Barcellos
Uniformizado e com as músicas na ponta da língua, Miguel foi pé quente. O Fluminense seguiu com a boa fase e fez três gols no segundo tempo para estrear no Brasileirão com vitória. Cano, John Kennedy e Lelê foram os responsáveis para colocar o sorriso no rosto do menino de três anos.
- Vai fazer o menino virar tricolor mesmo. Eu acho que o Fluminense, pelo menos, a Libertadores, uma Copa do Brasil, o Fluminense consegue, né? O time tá muito redondinho. Eu acho que eu nunca vi o Fluminense desse jeito.
Samarone e Miguel no Independência
Acervo Pessoal/Samarone Barcellos
Após a estreia do filho com vitória, Samarone ainda espera preencher mais um momento com o Fluminense: assistir a um jogo do clube no Maracanã. Empolgado com o time, o mineiro espera estar presente na final da Libertadores deste ano, que será no estádio.
- Já falei com a minha esposa aqui, já falei no trabalho: eu vou me esforçar muito para assistir essa final. Se acontecer, eu tenho certeza que eu vou estar lá.
Ainda em 2023, Samarone e Miguel terão outras duas oportunidades para ver o Fluminense jogar em Belo Horizonte. Em maio, o Tricolor enfrenta o Cruzeiro pela 5ª rodada e, em outubro, o Atlético-MG será o adversário do Flu.