Além da dependência de Renato Augusto: elenco não favorece jeito de jogar sem o meia, que deve ficar mais ausente ainda Não se fala em outra coisa: o Corinthians de 2023 depende de Renato Augusto. O time que perdeu para o Ituano, São Bernardo e Bragantino sem o meia é um, o que venceu o São Paulo e Água Santa é outro.
Tudo isso é verdade, mas ainda assim, é muito pouco resumir o Corinthians do treinador Fernando Lázaro à "Renatoaugusto dependência". O Corinthians oscilou, fez bons jogos no Paulistão e mereceu ser eliminado pelo Ituano por razões que vão além da ausência do ídolo e referência técnica da equipe.
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Fernando Lázaro em Corinthians x Santo André
Marcos Ribolli
É preciso entender que o Corinthians desse ano é um reflexo de erros anteriores de um ciclo que começou em 2020, com a chegada de Tiago Nunes e Luan no elenco. Os dois foram vistos como símbolos de uma nova equipe, mais ofensiva e propositiva após as passagens de Carille e o incômodo com o desempenho na final da Copa do Brasil de 2018.
Tiago não deu certo, Luan provou que jamais foi o jogador que achávamos que seria, e o Corinthians foi rodando: apostou em Mancini e depois em Sylvinho, teve momentos de bom e mau futebol com Vítor Pereira e fez uma decisão extremamente vencedora na história do clube: pegou alguém da casa. Fernando Lázaro mereceu a promoção pelos anos de trabalho, preparo e experiência com treinadores referência como Mano e Tite.
As ideias de Lázaro e o que já dá para ver no time
Como todo treinador no mundo, ele tem uma ideia de time: o Corinthians de 2023 começa num 4-2-3-1 e busca ter uma linha de defesa bem segura e estruturada, com volantes na cobertura para que os zagueiros fiquem em linha e uma postura um tanto mais atrás, sem pressionar e sufocar lá na frente.
Com a bola, Lázaro gosta que o time rode a bola com mais calma e paciência e busca inversões de posições, sempre com o meia mais criativo baixando para cadenciar e ditar o ritmo do jogo lá na defesa. Quando joga, Renato Augusto brilha, mas Giuliano e até Adson, que definitivamente virou meia na temporada, faz esse papel de pensar e organizar a movimentação na frente.
Corinthians busca trocas de posições com a bola
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Dá para entender o porquê de depender de Renato, que é craque. E dá para entender Lázaro no desenvolvimento de Adson. Mas a questão é que a movimentação ainda é um tanto lenta e sem sincronia em alguns momentos. E aí entra a configuração do elenco: o Corinthians tem um elenco que não consegue jogar de outra forma a não ser em um estilo mais pausado.
Quando dá certo, o time controle. Quando um jogo de mais velocidade é exigido, a equipe sofre. Na imagem abaixo, Roger troca de posição com o lateral, Paulinho e Giuliano apoiam e Adson dá apoio. O time inteiro está no ataque. Se a perda de bola acontece, a defesa com Gil e Fabio Santos pode sofrer na velocidade e Roni é o único a cobrir com a agilidade necessária.
Roger Guedes é destaque da temporada: liberdade de movimentação
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Para piorar, as soluções pensadas por Lázaro não deram certo. Ángel Romero chegou justamente para ser essa peça de velocidade e nos últimos quatro jogos, somou apenas 15 minutos em campo. Maycon atuou em apenas sete das 13 partidas e só em uma delas esteve em campo por mais de 50 minutos. Como culpar o treinador se os jogadores que chegam para solucionar não correspondem?
Uma das armas usadas por Lázaro é dar muita liberdade para que Roger e Yuri troquem de posições e toquem na bola o tempo todo. Yuri continua sendo o melhor jogador e se prova um centroavante cada vez mais completo. Em diversos momentos, ele gera jogo ao fazer o pivô e acionar os companheiros em velocidade.
Yuri Alberto: pilar do time
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Por isso o Corinthians é uma equipe que precisa de jogadores e ajustes táticos. Enquanto busca dosar o que o elenco tem de melhor e ao mesmo tempo conseguir marcar e voltar para a defesa em velocidade, Lázaro melhorou consideravelmente as relações no elenco e o fluxo com os departamentos do clube. Vítor Pereira, hoje no Flamengo, era criticado por conta do trabalho ser isolado do restante dos profissionais.
O Timão vai estrear na Libertadores na semana do dia 5 de abril. Será esse o primeiro compromisso oficial após a eliminação, totalizando 23 dias sem jogos oficiais. É tempo para solucionar esses problemas e conseguir uma equipe que oscila menos na Libertadores e no Brasileirão.