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'Acostumamos com ofensas no Brasil', comenta Gil sobre insulto na Copa


Na área VIP do estádio, o cantor e sua mulher, Flora, foram abraçados por uma dezena de torcedores, e todos quiseram demonstrar ao baiano de 80 anos que a atitude dos bolsonaristas que o xingaram não representa o sentimento da maior parte da população brasileira.

"Nós somos apaixonados por você", disse um dos torcedores que se aproximaram de Gil e pediram fotos. "Você é o cara." Gilberto Gil agradeceu e posou com todos. Entre um encontro e outro, parou para falar com a reportagem. Disse se sentir feliz com a união nacional que o futebol é capaz de proporcionar.

"Ainda bem que o futebol tem essa função. Se [a seleção brasileira] avançar bem na Copa, vai dar um pouco dessa alegria, desse conforto. E aí as pessoas podem voltar a se encontrar, dialogar."

Na semana passada, Gil estava no estádio Lusail quando um grupo de bolsonaristas o hostilizaram, falando palavrões e provocando-o, fazendo referências à Lei Rouanet. Após o vídeo viralizar, um dos bolsonaristas foi identificado e publicou um texto explicando sua ação.

"Eu não tive nada a ver com aquilo", disse Gil ao comentar o episódio. "Eram três rapazes, vieram com aquela coisa... Vou fazer o quê? De certa forma, nos acostumamos com esse caráter ofensivo no Brasil. Nos últimos anos ficou assim, essa peleja, essa coisa mais violenta. Mas eu sou de boa."

O cantor revelou que a viagem ao Qatar já vinha sendo planejada pela família há um ano, fruto de um desejo antigo de assistir a uma Copa do Mundo com os netos. Além de Flora e Gil, vieram ao Qatar Francisco e João. A família agora vai a Paris, onde Gil se apresentará. "Se o Brasil avançar, quero voltar pra final", afirmou.

A família contatou advogados no Brasil para se orientar sobre quais procedimentos podem ser adotados em relação aos ofensores. A equipe se concentra por enquanto em identificar as pessoas envolvidas e estudar quais procedimentos legais caberiam contra os bolsonaristas. Flora afirmou que não acionou a polícia local por "não querer estragar esse clima de Copa" que a família está vivendo em Doha.

De acordo com o Código Penal do Qatar, insultar alguém em público é crime e pode levar à prisão por até um ano, além de multa. A Fifa e o Comitê Supremo, que organizam a Copa, foram procurados pela reportagem, mas disseram que não comentariam o incidente.

Hoje Gil tem cabeça apenas para o futebol. "A primeiro tempo foi tenso", afirmou ele sobre a vitória do Brasil. "O sistema sem Neymar ficou complicado. Depois, quando entraram Antony e Rodrygo a coisa andou", seguiu, antes de ver sua análise tática interrompida por mais um pedido de foto.

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