Promotor afirma que não há indícios suficientes nem justa causa para levar caso a julgamento O Ministério Público de São Paulo pediu arquivamento do inquérito policial sobre suposto estupro cometido pelo zagueiro Robson Bambu, do Corinthians.
De acordo com o promotor Márcio Takeshi Nakata, responsável pelo caso, "não há indícios suficientes nem justa causa para a deflagração de ação penal contra os investigados".
Para fundamentar a manifestação, o promotor lista as possíveis provas e depoimentos de testemunhas colhidos. Foram ouvidos funcionários da balada e do hotel em que Robson Bambu e Wellington, um amigo dele conhecido como Pezinho, estiveram com a denunciante e uma amiga dela, além do motorista do carro de aplicativo que levou as mulheres embora.
– Ante todo esse contexto probatório, ainda que haja a palavra da vítima, afirmando ter sido abusada sexualmente, os demais elementos probatórios colhidos durante a investigação não se harmonizam com a versão da vítima, seja a primeira ou a segunda versão – afirma Márcio Takeshi Nakata, que prossegue:
– A sua amiga (nome omitido pela reportagem) não presenciou os fatos; apenas ouviu a vítima dizer que fora abusada sexualmente. Nenhuma das testemunhas ouvidas percebeu que a vítima (nome omitido pela reportagem) estivesse embriagada no momento da chegada ao hotel, tendo inclusive sua amiga apresentado versões contraditórias nesse ponto.
Há duas semanas, a delegada Katia Domingues Salvatori apresentou relatório do inquérito sem indiciar Robson Bambu. Isso significa que o zagueiro não foi apontado pela Polícia Civil como provável autor do crime.
Agora, um juiz poderá concordar com a decisão e promover o arquivamento ou discordar e remeter os autos ao procurador geral, que então terá três possibilidades: oferecer a denúncia; indicar outro promotor; insistir no pedido de arquivamento.
Ministério Público pediu arquivamento de inquérito sobre suposto estupro de Robson Bambu, do Corinthians
Rodrigo Coca/Ag. Corinthians
Entenda o caso
Em depoimento à Polícia, Robson Bambu e a denunciante apresentaram versões diferentes dos acontecimentos. O jogador nega qualquer abuso sexual e afirma que não tocou na mulher nem tirou a própria roupa, como ela alega.
Ambos os relatos são convergentes quanto ao que se passou no primeiro momento.
Bambu e Pezinho passaram a noite em uma balada no bairro do Tatuapé, Zona Leste de São Paulo, com a denunciante e uma amiga. Na sequência, todos foram para um hotel na região, onde o zagueiro estava hospedado enquanto buscava moradia na capital paulista – ele havia voltado há pouco tempo ao Brasil após defender o Nice, da França.
O zagueiro relata que chegou à balada por volta da 1h e que ficou em uma mesa reservada, no palco do estabelecimento. Bambu afirma que pagou a conta das pessoas que ali se sentaram e que houve consumo de vodka, energético, licor e água, mas nega que ele, seu amigo e as mulheres tenham ficado embriagados.
Em seu depoimento, a garota disse suspeitar que foi dopada. Porém, avaliação toxicológica deu negativo para álcool e também outros fármacos rotineiramente pesquisados, mas positivo para THC, substância psicoativa presente na maconha.
As quatro pessoas deixaram a casa noturna por volta das 6h30. O jogador foi para o quarto dele com a amiga da garota, que por sua vez foi para outra suíte com Pezinho.
No primeiro depoimento, a mulher disse que manteve relação com Pezinho de forma consensual. Porém, depois mudou a sua versão à Polícia, alegando que estava inconsciente no momento do ato sexual e, assim, seu consentimento já não era válido.
Pouco antes das 11h, Bambu foi ao quarto onde estava o amigo e a mulher que o denuncia. Foi neste momento que, segundo a garota, o jogador teria praticado o estupro. Ela afirma que acordou com o zagueiro nu na cama, colocando a mão em suas genitais. De acordo com a versão dela, Pezinho estava ao lado, assistindo ao ato.
Bambu declarou à Polícia que precisava ir com Pezinho assinar o contrato de locação de um apartamento e, por isso, tentou telefonar duas vezes para ele, às 10h38 e 10h44, mas não foi atendido.
Assim, o zagueiro teria decidido ir até o quarto do amigo, onde passou cerca de dez minutos. Ele relata que, ao entrar no local, viu a garota coberta na cama e que ela parecia estar acordada, por estar se mexendo.
Em seu depoimento, Bambu disse que, ao ser informada de que eram 11h, a garota ficou nervosa e passou a se queixar de que perderia R$ 300 de um trabalho para o qual havia sido contratada para cumprir naquele dia. Ainda de acordo com o atleta, tal compromisso já havia sido informado pela mulher horas antes, no caminho da casa noturna para o hotel.
O jogador afirmou à Polícia que dentro do quarto não houve desentendimento entre eles. Isso só teria ocorrido minutos depois, quando os dois foram até a suíte em que Bambu estava hospedado e na qual a amiga da garota ainda estava dormindo.
Antes de deixar o hotel, a denunciante ainda falou brevemente com Pezinho. O amigo de Bambu alega que tentou oferecer ajuda à mulher por conta do trabalho perdido e que ela teria respondido:
– Se está me oferecendo dinheiro, me manda uma boa quantia, então.
O promotor do caso argumenta que "as declarações da vítima apresentam diferenças em seu teor, gerando dúvidas razoáveis sobre questões relativas à dinâmica dos fatos". Também afirma que "pelo que se vê, não há evidências de que a vítima estivesse em situação de embriaguez quando chegou ao hotel."
O que diz a defesa de Robson Bambu:
"Como a Defesa de Robson já vinha insistindo, as provas cuidadosamente produzidas nos autos apontavam para a sua absoluta inocência. Robson é uma pessoa correta, pai presente de uma linda bebê, e sempre tratou as mulheres com todo o devido respeito. Lamenta-se a forma como o caso foi tratado por parte da Imprensa, que chegou a pedir seu afastamento, causando, assim, inegáveis prejuízos à sua carreira e imagem. E tudo isso antes da conclusão do inquérito. Que fique a reflexão", comenta Fernanda Tortima, advogada do jogador.
O que diz a defesa de Wellington (Pezinho):
Segundo Maíra Fernandes, advogada de Wellington (Pezinho Jr.), o arquivamento pelo MP, com relatório denso, baseado nas muitas provas dos autos (depoimentos, vídeos, laudos), é o resultado que a Defesa sempre acreditou que alcançaria. O que lamentamos é que, mesmo se tratando de caso sigiloso, parte da Imprensa tenha feito um pré julgamento equivocado, condenando os investigados, sem aguardar o desfecho do caso e sem que eles pudessem apresentar defesa pública na mesma medida. É preciso ressaltar que uma falsa acusação de delitos sexuais causa danos irreparáveis também às verdadeiras vítimas de violência, já que abala a credibilidade de um debate fundamental.
O que diz o Corinthians
Em fevereiro, quando o ge revelou a denúncia, o Corinthians disse por meio de nota oficial que "não comentará o tema até que todos os fatos sejam esclarecidos mediante apuração." O clube também reiterou que "não compactua com nenhum tipo de violência."
A diretoria alvinegra também multou Bambu por ter se atrasado em dois treinos. Contratado em janeiro, o zagueiro disputou quatro partidas pelo Timão.
A reportagem do ge procurou a defesa da denunciante para obter um posicionamento sobre a decisão do MP. Até a publicação desta reportagem, não havia resposta. Este texto será atualizado quando a defesa se pronunciar.
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