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Segundo a Polícia Civil, a ação dos réus desvirtua o caráter social do movimento camponês. Investigações demonstraram que o grupo planejava e executava invasões de terras rurais, dividia os lotes e os vendia de maneira irregular. A Justiça de Rondônia condenou, na última semana, a advogada Lenir Correia e quatro integrantes da da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) por organização criminosa. O grupo foi acusado de promover invasões armadas de propriedades rurais com objetivo de lotear e vender terras ilegalmente.???? Siga o canal do g1 RO no WhatsApp.????A Liga dos Camponeses Pobres é um movimento social que atua principalmente em regiões rurais do Brasil, reivindicando a reforma agrária e a distribuição de terras para trabalhadores sem-terra. O movimento tem origem em grupos de camponeses que defendem a ocupação de terras improdutivas. Segundo a Polícia Civil, a ação dos réus desvirtua o caráter social do movimento camponês. A investigação destacou que a análise foi feita de forma a separar o movimento social da prática criminosa, ou seja, nem todo militante da LCP foi automaticamente considerado suspeito.As investigações demonstraram que o grupo planejava e executava invasões de terras rurais, dividia os lotes e os vendia de maneira irregular. A promessa de regularização fundiária era utilizada para atrair interessados e mascarar o crime. A sentença destacou que apenas 25% dos lotes eram destinados aos acampados, enquanto o restante era dividido entre os líderes e financiador.O esquema foi investigado e revelado durante a Operação Canaã, realizada em sete fases pela 2ª Delegacia de Repressão ao Crime Organizado de Porto Velho (Draco 2), entre os anos 2021 e 2022. A denúncia feita pelo Ministério Público de Rondônia (MP-RO) à Justiça do estado aponta que o grupo operava com uma estrutura criminosa bem organizada e hierarquizada, com divisão de funções entre seus membros. Foram condenados por organização criminosa: Foram condenados por organização criminosa (veja a pena de cada um ao final da reportagem): Rubens Pereira BragaLenir Correia CoelhoClaudecir Ribeiro SilveiraWemerson Marcos da SilvaJanaine Menegildo ZanellaOutros dois réus no processo, Evaldivino Gonçalves e Erley Tassinari Campista foram absolvidos por falta de provas suficientes e, no caso de Erley, dúvida razoável sobre sua participação direta do esquema. A defesa de Erley, através do advogado Marcos Uillian, informou ao g1 que conseguiu trazer todas as provas que inocentaram seu cliente, ficando provado que não houve participação alguma no crime a ele imputado. A defesa de Claudenir Ribeiro também foi procurada e informou que não vai se pronunciar a respeito do caso, vai "aguardar o trâmite regular do processo e que seu deslinde seja em consonância a defesa apresentada". A coordenação da Comissão Pastoral da Terra em Rondônia comentou que entende a sentença como uma "criminalização da advocacia popular que tem atuado em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras rurais que lutam pela terra".O g1 entrou em contato com a defesa dos demais réus, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. Quem é Lenir Correia?Advogada popular, Lenir possui graduação em Direito pela Universidade Federal de Rondônia (2002), é especialista em Direitos Sociais do Campo e Mestra em Direito Agrário. Há anos a advogada atua na defesa e assessoria jurídica de movimentos sociais de luta pela terra em Rondônia. Como o esquema foi descoberto?Proprietários rurais começaram a relatar movimentações "estranhas" em suas terras e ameaças por parte de grupos armados. Um deles registrou um boletim de ocorrência após ser informado por vizinhos sobre um plano de invasão de sua propriedade.A Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Draco 2) assumiu o caso e iniciou uma investigação. Foram feitas análises financeiras, rastreamento de movimentações bancárias suspeitas e monitoramento de contatos dos suspeitos. Além disso, com autorização judicial, a polícia grampeou telefones de suspeitos e descobriu conversas organizando invasões.Algumas ligações mostravam integrantes falando sobre compra de armas e munições para garantir o domínio das terras ocupadas.Durante a Operação Canaã, a polícia encontrou na casa de Lenir e o marido dela, Rubens Pereira Braga, kit's operacionais, como material para guardar munições, espoletas, além de camisetas camufladas, e calças táticas, roupas usadas pelo "grupo de limpeza", braço armado utiliza no momento das invasões às propriedades, segundo a Polícia Civil. Entre os objetos apreendidos estão:Mapas das áreas a serem invadidas, com divisão de lotes.Armas, munições e equipamentos táticos (camisas camufladas, mochilas de guerrilha).Documentos financeiros que comprovavam o pagamento antecipado por lotes ilegais.Cadernos de anotações com a contabilidade do grupo e nomes dos envolvidosVeja a participação de cada um no esquema, de acordo com o processo, a pena estabelecida em sentença:Rubens Pereira Braga (vulgo Corisco): líder da organização criminosaPena: 6 anos de reclusão e 20 dias-multaCoordenava a segurança do acampamento, incluindo o uso de armamentos;Recrutava lideranças locais e organizava invasões de propriedades rurais;Planejava e supervisionava as ações criminosas, garantindo que as operações ocorressem conforme a estratégia do grupo. Lenir Correia: advogada, líder funcional e responsável pelo financeiro e administrativoPena: 6 anos de reclusão e 20 dias-multaGerenciava a contabilidade do grupo criminoso e arrecadava dinheiro dos integrantes;Organizou a venda antecipada de lotes obtidos ilegalmente;Durante buscas, foram encontradas munições, roupas camufladas e equipamentos táticos em sua residência, indicando ligação com o grupo armado?. Claudecir Ribeiro Silveira (vulgo Polaco): líder operacional Pena: 6 anos de reclusão e 20 dias-multaAssumiu a coordenação das invasões e a administração do acampamento;Supervisionava ações logísticas e financeiras, como a arrecadação de dinheiro dos ocupantes das terras invadidas;Foi responsável por organizar a estrutura interna da ocupação, incluindo segurança e suprimentos?. Wemerson Marcos da Silva (vulgo Preto)Pena: 4 anos e 6 meses de reclusão e 15 dias-multaAtuava na logística de suprimentos e transporte de munições para o grupo;Participava da arrecadação de mensalidades de financiadores da organização;Recrutava pessoas para as invasões. Janaine Menegildo Zanella (vulgo Onça)Pena: 4 anos e 6 meses de reclusão e 15 dias-multaEncarregada do transporte e fornecimento de munições.Contribuía com a manutenção do acampamento e apoio à estrutura do grupo.Participava da coleta de dinheiro dos contribuintes?A sentença determinou que todos os condenados cumprirão pena em regime semiaberto. RELEMBRE:Operação Canaã desarticula organização que invade terras públicas em Rondônia