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Berço da rivalidade, taças salvadoras e pequenos que fazem história: há coisas que só os Estaduais proporcionam

É possível defender que os Estaduais precisam ser melhorados e, ao mesmo tempo, desejar que nunca acabem.

Por Virtual Rondônia em 13/01/2025 às 07:23:03
Foto: Globo Esporte

Foto: Globo Esporte

É possível defender que os Estaduais precisam ser melhorados e, ao mesmo tempo, desejar que nunca acabem. Veja os gols da rodada dos estaduais no Fantástico

No último final de semana, o futebol brasileiro voltou a dar as caras com o começo de alguns Estaduais -- e, com a retomada, ressurgem os velhos dilemas. Mas é possível defender que eles precisam ser melhorados e, ao mesmo tempo, desejar que jamais acabem.

Sim, os grandes deveriam entrar nas fases decisivas, os pequenos precisam de temporadas inteiras consistentes, o desenrolar das competições nacionais não deveria sofrer com a existência deles. Dá para pensar em tudo isso, mas sem se sentir culpado quando os olhos brilham ao ver o time alternativo do Botafogo enfrentando o Maricá.

A competição estadual é a forma mais próxima que muitos têm de viver o futebol. É quando comunidades se mobilizam pelo time local, com seus reluzentes uniformes repletos de patrocínios modestos, padarias, pet shops e lojas de construção, sonhando pelo confronto com os grandes, mas rezando de verdade é para não cair -- porque o importante é que ano que vem tenha mais.

No caso destes dias iniciais de retomada, os Estaduais chegaram mostrando seu cartão de visitas -- devidamente impresso na gráfica da esquina (a melhor do mundo, pois a gráfica do meu bairro, diria algum Fernando Pessoa que torce para o extinto Dínamo de Santa Rosa). Teve o Athletico-PR reencontrando a sua torcida pela primeira vez após o traumático rebaixamento no ano do centenário. Os quatro grandes cariocas terminando a primeira rodada sem vitória após 51 anos. O Vitória enfrentando o Barcelona (de Ilhéus). E também um ataque furioso de abelhas aterrorizando a partida entre 4 de Julho e Piauí. Tudo isso mesmo em meio à natural letargia do começo de temporada.

Abelhas invadem campo de jogo do Campeonato Piauiense e partida é paralisada

Os torneios ainda vão demorar para engrenar. E é sempre assim. Ninguém sequer terminou de digerir completamente a ceia de Natal, ainda está difícil de colocar 2025 na folhinha do cheque (caso alguém ainda use cheque) e o Carnaval está dramaticamente distante. Quase metade dos times da Série A, por exemplo, começará (ou já começou) o Estadual com equipes alternativas. Alguns dos elencos principais sequer estão no país. Onde já queres Moça Bonita, ainda sou Florida Cup.

Com o avançar das semanas, no entanto, a situação certamente vai começar a tomar elevada temperatura: um clube modesto que constrói uma grande história, o clube tradicional que ameaça fazer papelão, os jejuns que precisam ser quebrados. Porque vencer o Estadual é uma espécie de ansiolítico para o restante da temporada. É o título que parece abrir os caminhos do ano -- e, na pior das hipóteses, vai servir como âncora para se agarrar lá em dezembro.

Como tudo que alimenta o futebol, a situação assume ares mais dramáticos quando envolve rivalidades. E o Estadual é justamente berço e eterno provedor dos mais acirrados clássicos, desde tempos imemoriais. Ano passado, em um daqueles dias cheios de finais Brasil afora, um amigo argentino que há anos vive em Porto Alegre comentava, extasiado, sobre a festa do futebol materializada em um domingo repleto de clássicos que valiam título, enquanto na Argentina o campeonato ainda se arrastava.

É interessante observar uma avaliação de alguém de fora sobre algo que é essencialmente nosso. E é por este ponto de vista, às vezes esquecido, o futebol enquanto festa, tanto nos estádios mais acanhados quanto nos templos consagrados, que os Estaduais devem e merecem permanecer. Até porque quem torce pra calendário é caderneta de poupança.

Os maiores jejuns de títulos estaduais

Fonte: Ge

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