Pelo momento instável, a Seleção abriu espaço para uma disputa explícita entre nomes prováveis e improváveis na futura lista mundialista. O pênalti convertido por Raphinha, no primeiro tempo contra o Peru, impediu a Seleção Brasileira de sair vaiada para o vestiário do Estádio Mané Garrincha. Afinal de contas, o placar mínimo apresentado no fim do primeiro tempo era bastante generoso com o time de Dorival Jr., que apresentou o mesmo desempenho tímido e pouco criativo das últimas muitas partidas. Vencia, mas continuava não convencendo ninguém. Talvez nem o próprio Raphinha, que saiu de campo com semblante totalmente fechado.
O torcedor que comparece aos jogos da Seleção não é o mesmo torcedor que marca presença na arquibancada, faça chuva ou faça sol, epidemia ou furacão, para assistir o time de coração. A maioria que vai assistir ao selecionado nacional quer espetáculo, e de certa forma foi exatamente isso que se presenciou na segunda etapa, com uma performance que aparou algumas arestas na relação entre torcida e Seleção. E deu espaço, sobretudo, para os candidatos a protagonista nesta árdua caminhada rumo à Copa do Mundo.
É impossível não ponderar que a atual seleção peruana apresenta, em termos criativos, um nível próximo do inqualificável. Mas também é verdade que no segundo tempo o Brasil fez o que se espera que seja feito: um pouco de alegria, um placar elástico e nenhuma chance para o drama. Com Dorival Jr. experimentando nomes e formações, é inegável que Raphinha assumiu o papel de condutor da Seleção. Pelos gols e pelo futebol, mas principalmente pela postura.
Nesta constante busca por acertos, Rodrygo tem tentado muito, mas quase sempre resvala no erro. Não é sombra do jogador fundamental para o Real Madrid, como muitos não têm se mostrado à altura do seu potencial. A ausência de Vinicius Jr. por exemplo, sequer é lamentada, pois sua contribuição na Seleção tem sido modesta.
Luiz Henrique Brasil x Peru Eliminatórias
Adriano Machado/Reuters
Neste hiato entre expectativa e realidade, destacaram-se também nomes que desfilam pelos gramados daqui. Como o cometa alvinegro Luiz Henrique, o grande nome desta data FIFA e candidato a titular, e o polivalente e sempre catedrático Gérson, que ontem fez uma de suas melhores apresentações com a camisa amarela. Também Igor Jesus fez o suficiente para ser lembrado novamente. Mas nem só os aspirantes a protagonistas buscam alçar voo. Os laterais coadjuvantes Abner e Vanderson, por exemplo, agarraram a chance com todo o empenho que a oportunidade exigia.
Por uma sequência instável, em termos de resultado ou desempenho, muitas vezes as duas coisas juntas, a Seleção abriu espaço para uma disputa explícita entre nomes prováveis e improváveis na futura lista mundialista. Hoje, o time de Dorival se mostra tão oscilante que todos são candidatos -- talvez até mesmo os que assistiram a goleada contra o Peru pela televisão.
Brasil 4 x 0 Peru | Melhores momentos | 10ª rodada | Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo 2026