Jogadora celebra Copa do Mundo no Brasil e afirma que sonho olímpico é real; uma bola no meio do treino de corrida fez atleta mudar rota No auge dos 28 anos, com mais de uma década de futebol profissional, Byanca Brasil foi surpreendida com a realização do grande sonho da vida: a convocação para a seleção brasileira. Mas antes de chegar a esse ponto, a camisa 10 do Cruzeiro teve uma caminhada longa e até a experiência em outro esporte.
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- Comecei no atletismo com oito anos. Estava fazendo seis meses, até que, durante um treino, veio uma bola do meio do campo, parei a bola, devolvi de bico e continuei treinando normalmente. Quando acabou o treino eu falei com meu pai, quando voltava para casa, que se eu fizesse atletismo seria por ele, mas o que que queria mesmo era ser jogadora de futebol.
Byanca Brasil começou no atletismo antes de conhecer o futebol feminino
TV Globo
Mas o que era ser menina e jogar bola em 2003? Byanca afirma que até para aprender a jogar foi difícil. O pai se assustou, mas acolheu o sonho dela.
- Eu era muito nova e nem sabia que existia o futebol feminino. Foi um primeiro contato que eu tive e, realmente, a bola me encontrou e me ajudou a fazer a melhor escolha da minha vida que é jogar futebol.
"Foi muito louco porque ele (o pai) olhou para mim e disse: como assim jogadora de futebol? Isso existe? E ele começou a pesquisar muito, minha família não tinha computador em casa, era muito humilde. Ele pegava uns trocados e ia na lan house para assistir vídeos para me ensinar."
Byanca Brasil aprendeu a jogar futebol com o pai
Arquivo pessoal
Quando Byanca, com apenas oito anos, decide trocar o rumo da própria vida, as referências femininas eram poucas. O início dela no futebol, coincide com o início de Marta e companhia na seleção feminina. Mas o pai ainda não tinha acesso a elas e buscou nos craques masculinos as referências para a filha.
- Meu pai buscou muito no masculino. Tinha falcão, Ronaldinho Gaúcho, Romário. Ele sempre foi muito fã do Romário.
"Se eu viesse homem, certeza que meu nome seria Romário, e vindo mulher, ele tentou colocar Romaria - brincou Byanca"
- Ele buscou muitos vídeos e começou a me ensinar no fundo de casa, num espacinho de cinco metros. Começou a colocar uma escada para me ensinar a dar lambretas, dar elástico. Driblava garrafa pet, chinelo, chutava na parede. Fiz isso por muito tempo, até criar coragem de fazer no campo e saber que tinham mulheres jogando futebol.
A insistência
Natural do Rio de Janeiro, Byanca passou por cinco clubes para tentar se desenvolver o futebol. Além de Bangu e América-RJ, a atacante jogou pelo Vasco , Botafogo e Flamengo. Mas foi no Foz Cataratas, do Paraná, em 2013, que teve a primeira chance com o time profissional. Ela esteve perto de desistir.
"Essa determinação que eu tenho, a competitividade, é graças a ele."
- Meu pai puxava muito a minha orelha quando eu queria desistir. Não conseguia driblar, ou tomava muita caneta dos meninos, porque eu não sabia mesmo jogar, ele me ensinou as coisas mais importantes do futebol. Eu falo que toda técnica que tenho foi graças a ele, que tem o dom de ensinar.
Byanca Brasil e o pai, Átila
Arquivo pessoal
O pai parecia prever que Byanca iria trilhar um caminho que poucos imaginariam. Ele também tinha a esperança de que ela poderia brilhar em uma Copa do Mundo no Brasil.
- Lembro de um dia, no fundo de casa, eu estava ansiosa para um jogo e meu pai me disse: 'você não tem que estar ansiosa para um jogo que vai ter amanhã, mas pensar que estar se preparando para jogar uma Copa do Mundo, com o Maracanã lotado, com toda sua família lá'. Isso me marcou muito e sempre acreditei cegamente no que ele via no futuro.
O sonho com a Seleção
Byanca Brasil chegou ao Cruzeiro em 2023. No primeiro ano, ajudou a garantir a classificação inédita das Cabulosas para as quartas de final do Brasileirão e ainda foi campeã Mineira, título que o Cruzeiro não via há três anos.
Nos números pessoais, Byanca foi vice-artilheira do Campeonato Brasileiro, junto com Jhenifer (Corinthians), com onze gols. Nesta temporada, ela está colada na ponta da artilharia mais uma vez, em onze jogos, marcou seis gol. O destaque deu a ela a chance de vestir a amarelinha em um jogo oficial pela primeira vez.
- A convocação veio para coroar tudo que a gente passou para chegar até aqui. Só a gente sabe o que passamos. As dificuldades, o que a gente passou dentro de casa, do abrir mão que todo mundo teve para viver o meu sonho e isso é gratificante.
"Eu sei que meu pai abriu mão de trabalhar para viver o meu sonho. Meus irmãos abriram mão de muita coisa para serem meus cobaias nos treinos. Sei que todo mundo teve um trabalho muito importante nessa caminhada. E sei que está acontecendo no momento certo."
Byanca Brasil atendendo torcedores durante treino aberto da seleção feminina
Lívia Villas Boas / CBF
Byanca está cotada para encarar a Jamaica nos próximos dois amistosos da seleção brasileira. O primeiro acontece neste sábado, às 17h (de Brasília).Serão os últimos testes para os Jogos Olímpicos. Byanca se diz tranquila para a experiência.
- Não consigo pensar nem nas Olimpíadas. Quem me conhece sabe o quanto eu busquei a seleção brasileira. Eu passei por muita coisa e pressão foi passar por depressão no meio do futebol, foi ficar longe da minha família, foi passar o que passei na minha infância. Agora é a parte boa.
"Vou muito leve. É a minha primeira convocação e a última antes das Olimpíadas. Levo com uma leveza e sabendo que estou pronta para o momento. Construí isso e estou merecendo essa oportunidade".
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