SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou em um discurso nesta sexta-feira (31) que vai apoiar uma nova proposta de cessar-fogo no conflito entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza apresentada por Tel Aviv. A oferta envolve a interrupção dos ataques em troca da libertação dos reféns ainda em poder do Hamas. Biden instou o grupo terrorista a aceitar a proposta, dizendo que "é hora de a guerra acabar e o dia seguinte começar".
Até aqui, negociações entre as partes em guerra mediadas pelo Egito, Qatar e EUA não prosperaram, com exceção de um cessar-fogo de uma semana entre novembro e dezembro de 2023. Tanto Israel quanto o Hamas acusam um ao outro de intransigência e de exigências implausíveis.
A nova proposta de trégua consiste de três fases. Na primeira, haveria um cessar-fogo completo por seis semanas, Israel retiraria todas as tropas das áreas habitadas da Faixa de Gaza, e reféns sequestrados pelo Hamas nos ataques de 7 de outubro seriam libertados em troca da soltura de centenas de prisioneiros palestinos. Ao mesmo tempo, passaria a haver um fluxo de 600 caminhões de ajuda humanitária entrando em Gaza por dia, de acordo com Biden.
Na segunda fase, o Hamas e Israel negociariam um fim permanente para a guerra, e o cessar-fogo continuaria em vigor durante essas negociações. Esse ponto contraria aquele que tem sido o principal mantra de Netanyahu e da cúpula do gabinete de guerra israelense desde o início do conflito -de que a guerra só terminaria com a destruição completa do Hamas e com a erradicação de seu controle político e militar sobre a Faixa de Gaza.
Com efeito, horas depois do discurso de Biden, o gabinete de Netanyahu disse em uma publicação no X que a proposta "permite que Israel prossiga com a guerra até que todos seus objetivos sejam atingidos, incluindo a destruição das capacidades governamentais e militares do Hamas", em uma aparente contradição dos termos divulgados pelo presidente americano.
A terceira fase consistiria de um plano de reconstrução do território palestino. A proposta já foi entregue ao Hamas pelo Qatar, disse a Casa Branca. Em comunicado, a facção afirmou que vê o plano de forma positiva.
Biden também se dirigiu à liderança israelense. "Eu sei que alguns em Israel não concordam com esse plano e querem que a guerra continue sem data para acabar. Algumas dessas pessoas estão no governo. Elas deixaram claro que querem ocupar Gaza, que querem continuar guerreando por anos e que os reféns não são prioridade", afirmou Biden no discurso. "Eu insto líderes em Israel a apoiar esse acordo, não importa a pressão."
A fala do presidente americano foi interpretada pela imprensa israelense como um comunicado direto à população do país. Foi a primeira vez que detalhes da oferta de cessar-fogo foram publicadas pela mídia de Israel, uma vez que o governo tinha censurado a discussão do plano por jornais e emissoras de rádio e TV.
Depois dos ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro, que deixaram 1.200 israelenses mortos, bombardeios de Tel Aviv em Gaza já mataram mais de 36 mil palestinos. Na sexta, as forças israelenses afirmam que concluíram suas operações na área de Jabalia, no norte de Gaza. Agora, as tropas estão avançando para Rafah, no sul, com o objetivo de atacar o que consideram ser o último reduto significativo dos batalhões do Hamas.
Israel alegou ter encontrado esconderijos com lançadores de foguetes, outras armas e túneis do grupo terrorista no centro de Rafah, pressionando uma ofensiva para desmantelar unidades de combate militantes que, segundo eles, estão entrincheiradas na cidade na fronteira com o Egito.
Em um comunicado sobre mais de duas semanas de intensos combates em Jabalia, o Exército israelense disse que as tropas concluíram sua operação e se retiraram para se preparar para outras operações em Gaza. Grande parte do território densamente povoado está em ruínas.
O Hamas havia dito um dia antes que estaria pronto para um acordo, incluindo a troca de reféns por prisioneiros palestinos detidos em Israel, desde que os israelenses parassem a guerra.
Em Jabalia, um distrito urbano lotado de refugiados e seus descendentes desde a guerra de fundação de Israel em 1948, o Hamas transformou a "área civil em um reduto de combate fortificado", disse o comunicado militar israelense, que segue afirmando que suas tropas mataram centenas de militantes em combates de curta distância.
Jabalia foi devastada, mas destacou a dificuldade de Israel em destruir as unidades do Hamas. Houve semanas de intensos combates na região nas fases iniciais da campanha israelense e, em janeiro, o Exército disse ter matado todos os comandantes do grupo terrorista e eliminado as formações de combate do grupo governante de Gaza na área.
À medida que a guerra se arrasta e a infraestrutura de Gaza é amplamente destruída, a desnutrição se espalhou entre os 2,3 milhões de habitantes, à medida que as entregas de ajuda diminuíram drasticamente, e a ONU (Organização das Nações Unidas) alertou sobre uma fome iminente.
A Jordânia sediará uma conferência internacional de emergência em 11 de junho para trabalhar na resposta humanitária à guerra, em coordenação com o Egito e a ONU.
O Hamas publicou nesta sexta (31) imagens de ataques contra o Exército israelense em Rafah, na Faixa de Gaza, perto da fronteira contra o Egito.
Os combatentes do Hamas demonstraram a sua força contínua em Rafah na semana passada, lançando mísseis no centro comercial de Israel, Tel Aviv, pela primeira vez em meses, no domingo.
No mesmo dia, um ataque aéreo israelense que visava dois comandantes do Hamas provocou um incêndio que matou 45 pessoas que se abrigavam em tendas ao lado do complexo atingido pelos jatos.
Leia Também: 'Foi só um delito leve', diz Trump após ser condenado por fraude contábil
Fonte: noticias ao minuto