Marcado por lesões na carreira, meia-atacante de 34 anos é adorado no Signal Iduna Park: "Dortmund significa tudo para mim" De quantos títulos um jogador precisa para conquistar o coração de uma torcida? No caso de Marco Reus e o Borussia Dortmund, é preciso ressignificar a relação ídolo-torcedor para explicar por que o meia de 34 anos é adorado no Signal Iduna Park mesmo sem ter conseguido conquistar taças relevantes como a Bundesliga e — pelo menos até agora — a Champions League nas 12 temporadas defendendo as cores do popular clube do Oeste alemão.
Reus se despede de torcida do Dortmund com homenagem emocionante
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O ge acompanha a final da Champions entre Borussia Dortmund e Real Madrid em tempo real neste sábado, às 16h (horário de Brasília)
Neste sábado, em sua última partida pelo Borussia Dortmund, a final da Liga dos Campeões da Uefa contra o Real Madrid, Reus terá a chance de entregar um presente de despedida à altura do carinho que a torcida lhe devota. O jogo do adeus será no mesmo Wembley em que o Borussia perdeu a decisão de 2013 para o Bayern de Munique, na primeira temporada do meia-atacante pelo clube.
— Dortmund significa tudo para mim. Quando se joga por 12 anos em um time, isso tem que significar algo. Você não permanece no clube apenas por dinheiro, você precisa se sentir confortável, construir um bom ambiente e ter grandes colegas de equipe. A torcida tem um papel importante também, ela é uma das principais razões para eu ter ficado tanto tempo. Eu sempre me senti necessário aqui — afirmo Marco Reus, em entrevista à Uefa na semana da decisão.
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Não poderia haver nada melhor do que jogar sua última partida pelo clube em uma final de Champions League e conquistar o título. Tudo começou com uma final em Wembley, em 2013, e vai terminar com outra em 2024.
No último jogo em casa pelo Borussia, Reus marca e dá assistência em goleada no Alemão
Reus deixa cerveja paga para a torcida do Borussia Dortmund após despedida em casa
Colega de Reus naquele Borussia vice-campeão europeu em 2013, o ex-zagueiro Felipe Santana torce para que o alemão alcance dessa vez o sonho que escapou há 11 anos.
— O Marco Reus é um cara iluminado. Ele não viveu as melhores oportunidades que poderia ter vivido devido às lesões, mas eu acho que Deus cuidou dele com tanto carinho que, agora, independentemente do que aconteça, ele já é um vencedor, e ele ainda pode, sim, terminar com chave de ouro. Isso não tem preço — afirmou ao ge o ex-zagueiro brasileiro em entrevista por videoconferência.
Marco Reus em seu último jogo em casa pelo Borussia Dortmund
Divulgação/BVB
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Nascido e criado em Dortmund
Marco Reus nasceu para ser ídolo do Borussia. Natural de Dortmund, ele é cria das divisões de base do clube, onde chegou aos sete anos e ficou até os 17. Mas a carreira profissional começou no Rot Weiss Ahlen, pequeno clube da região que tinha acabado de ser rebaixado para a terceira divisão - ali ele ganhou seu primeiro título, em 2007/08, que valeu a volta do Rot Weiss à Bundesliga 2.
A trajetória de Reus na elite alemã só começou em 2009, com a camisa do Borussia Mönchengladbach. Após três temporadas, o meia-atacante, enfim, retornou para casa. Aos 23 anos, ele estreou no Borussia Dortmund fazendo um dos gols da vitória por 2 a 1 sobre o Werder Bremen em agosto de 2012.
Lesões tiraram Reus da seleção do tetra
Marco Reus conquistou apenas cinco títulos pelo Borussia Dortmund. Os primeiros foram as Supercopas da Alemanha de 2013 - com dois gols dele no 4 a 2 sobre o Bayern de Munique - e 2014. Ganhou também a Supercopa de 2019. Todas no Signal Iduna Park lotado. E duas Copas da Alemanha (2016/17 e 2020/21).
As duas primeiras temporadas no Borussia (12/13 e 13/14) confirmaram a expectativa gerada em torno dele: 93 jogos, 42 gols pelo clube, além de seis gols e presença constante na seleção alemã.
Reus chegou a ser convocado por Joachim Löw para disputar a Copa do Mundo de 2014, mas foi cortado dez dias antes da estreia devido a uma contusão no tornozelo sofrida em um amistoso preparatório contra a Armênia. O craque do Borussia viu de casa a Alemanha conquistar o tetra no Brasil.
Jogadores do Borussia Dortmund posam com camisa de Marco Reus, após lesão no tornozelo em 2018
Divulgação/BVB
Aquela foi a primeira de uma longa lista de lesões que se tornou marca da sua carreira. Um drama que, de certa forma, o aproximou mais dos fãs.
Fosse por problemas musculares, lesões de tornozelo, joelho, edema ósseo ou pequenos traumas naturais de jogo, frequentar o departamento médico se tornou rotina para Reus. Até vir a primeira lesão realmente grave, uma pubalgia que o deixou quase seis meses fora dos gramados, no início da temporada 2016/17.
Voltou a tempo de participar da conquista da Copa da Alemanha, em maio de 2017, seu terceiro título no Borussia. Só que o drama das contusões não esperou sequer o fim da decisão contra o Eintrachf Frankurt: Reus saiu no intervalo da vitória por 2 a 1, com fortes dores no joelho. O diagnóstico: ruptura dos ligamentos cruzados, sete meses fora.
No fim de 2018, Reus disputou sua única Copa do Mundo. Foi eleito o craque do jogo na vitória por 2 a 1 sobre a Suécia: foi dele o gol de empate e a assistência para Toni Kroos virar o placar. Mas a Alemanha, campeã mundial quatro anos antes, caiu ainda na primeira fase na Rússia.
Reus comemora seu único gol em Copas do Mundo: Alemanha 2 x 1 Suécia, Copa de 2018
Francois Lenoir/Reuters
Nenhuma Eurocopa e outra Copa perdida
As lesões não permitiram que Marco Reus disputasse outras competições importantes pela Alemanha. Não participou da conquista da Copa das Conferações-2017, até hoje o último título do país. Ficou fora da Eurocopa 2016, por uma lesão na virilha, e anunciou por conta própria que não teria condições de estar na Euro 2020 - realizada no ano seguinte - por não estar em suas melhores condições físicas. A última decepção veio em 2018. De novo cotado para um Mundial, foi cortado a duas semanas da estreia alemã no Catar por uma contusão no tornozelo.
— Depois de mais um revés nos treinos, todos os envolvidos tentaram de tudo nos últimos dias para que minha participação na Copa do Mundo fosse possível. No entanto, não foi suficiente (...) Eu queria ter notícias melhores para compartilhar com vocês, mas infelizmente isso não pode ser alterado. Eu e todos os outros temos que aceitar isso. Um grande sonho meu infelizmente estourou — escreveu Reus nas redes sociais na época.
Aquele início no Borussia Dortmund, com 49 jogos em 2012/13, é até hoje seu recorde de participação em partidas pelo clube numa temporada, empatado com 2020/21, no ano da sua última Copa da Alemanha pelo Borussia. Reus chega ao seu último jogo com 170 gols marcados e participação direta em outros 131 nas 428 partidas disputas pelo clube.
Nos últimos quatro anos, ele conseguiu encontrar certa regularidade, mesmo ainda convivendo com lesões, com uma média de 40 jogos por ano. No início de maio, às vésperas da classificação do Borussia para a final em Wembley, jogador e clube anunciaram que, em acordo mútuo, Reus não renovaria seu contrato ao fim desta temporada. O caso de amor de um craque que não conseguiu dar tudo que podia para uma torcida que nunca lhe cobrou nada chegava ao fim. Sábado, Reus terá a chance de retribuir com o presente mais desejado, por ele e pelos fãs: a taça da Champions League.
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