O dilema de um ídolo talentosíssimo que assiste ao Flamengo melhorar e se renovar tendo ele no banco de reservas Torcedores, calma. Esse texto é meramente opinativo e levo fé que não tem poder de transformar a realidade, afinal de contas, Gabigol continuará no Flamengo depois que você o ler. Pelo menos é o que imagino, rs. Bem, não há negociação entre Flamengo, Corinthians e Gabigol e não vejo possibilidade real desta negociação acontecer. Mas seria tão insano assim se Gabriel Barbosa resolvesse direcionar sua carreira a um novo projeto?
Gabigol no banco em América-MG x Flamengo
Reprodução / Premiere
O momento é delicado tanto para Gabigol quanto para o Flamengo. Gabi perdeu espaço na equipe de Tite porque estava mal técnica e fisicamente e foi merecidamente para o banco de reservas. Já o Flamengo, vive uma fase complexa de construção de uma identidade de jogo, encerramento de ciclos e início de uma nova era, a qual é pautada nas escolhas de um grande treinador. Tite tem preferência por jogadores com determinadas características, de acordo com o que acredita como filosofia de jogo, características estas que, geralmente, priorizam o desempenho coletivo. Gabigol não se encaixou nesse contexto, pelo menos por ora.
Mas ser preterido momentaneamente é uma coisa. Se tornar o reserva oficial é outra. Gabigol é o cara que fez 20 gols num ano ruim. Pode não ter as características que o Tite gosta, mas tem outras que são valiosíssimas num jogo mais leve, técnico e que prioriza a criatividade do ataque - capacidades que ele tem e que são difíceis de encontrar no mercado, ainda mais se a exigência for por alguém que faça tudo isso adicionando personalidade e liderança.
Se não bastasse ser esse jogador fora de série, Gabigol é ainda jovem e com o sonho de jogar a próxima Copa. No entanto, vê nesse novo Flamengo, o Flamengo da era Tite, um time que se desenha sem ele. Seria mesmo tão injustificável assim se ele, porventura, viesse a buscar um novo clube capaz de lhe oferecer o protagonismo que merece?
Torcedores Calma - Série D
Reprodução
Injusto mesmo é não entender o tamanho de Gabigol no futebol brasileiro. Um cara grande demais para ser reserva definitivo. É interessante para o Flamengo ter um reserva como Gabigol, mas é muito pouco para o Gabigol ser reserva com toda a qualidade que tem. Ora, então, erra o Flamengo por não dar-lhe a titularidade? Também não é o caso.
O Flamengo melhora a partir das escolhas do Tite. Ademais, é saudável a um clube que quer se manter vencedor ao longo dos anos refrescar o seu elenco. Evitar desgastes, afastar vícios, manter a fome dos atletas em alta. Se reinventar. Encontrar, gradativamente, novas referências dentro de campo. É um desafio enorme para qualquer treinador manter o mesmo foco de um grupo que já foi vencedor - a exceção é Abel Ferreira, o insaciável, mas isso é outro assunto. Portanto, seria tão absurdo assim o Flamengo seguir sua vida sem Gabigol? Se, porventura, não renovar com o atleta no ano que vem?
Absurdo mesmo seria o Flamengo, com todo o tamanho que tem, não ter como ambição um grupo que se renova e se reinventa para se manter competitivo ao longo das temporadas.
Agora, não significa que a história de Gabi não tem como ser continuada no Flamengo. Ele, a torcida e o clube estarão sempre entrelaçados por tudo que já foi escrito. E é possível o próprio jogador buscar o seu espaço, reconquistar a confiança do Tite e, quem sabe, se adaptar ao estilo de jogo do treinador. O futebol tem dessas, tudo pode acontecer.
Provavelmente, ele permanecerá no Flamengo, tentará mais minutos por jogo e lutará por seu espaço. Gabigol não vai forçar uma saída agora e, por receio do novo, deve tentar uma renovação depois, porque é o cenário mais confortável - e também porque ele ama o clube que defende. Enquanto que o Flamengo deve mantê-lo no grupo e, no ano que vem, renovar seu contrato, por receio de reforçar um concorrente e também para evitar a pressão da torcida.
É o que provavelmente acontecerá. Mas deveria mesmo ser assim? Ambos podiam mais. Às vezes, faz tão bem respirar novos ares. Para todo mundo.
