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É preciso ser antirracista: Corinthians promove oficinas com jovens das categorias de base

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Por Virtual Rondônia em 20/11/2023 às 08:30:27
Conheça o trabalho socioeducativo realizado pelo Timão com jogadores de diferentes categorias O vestiário da Fazendinha estava cheio na tarde do último dia 8, uma quarta-feira. Mais de 30 garotos entre 13 e 14 anos se aglomeravam em um canto do espaço, todos de uniforme do Corinthians e calçando chuteiras. Porém, o treino só começaria 1h30 mais tarde.

Antes de irem a campo, os jogadores da base do Corinthians tiveram uma aula, mas não de tática ou fundamentos de futebol. Eles participaram de uma oficina antirracista.

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Jogadores da base do Corinthians participam de oficina antirracista

Bruno Cassucci

A iniciativa partiu do Núcleo Educacional Social-Psicológico (NESP) do Corinthians, que aceitou projeto oferecido por Danilo Pássaro, historiador e torcedor apaixonado pelo clube.

– Entendo o futebol como um instrumento de transformação social, que tem impacto gigantesco no imaginário e nas identidades do povo brasileiro – explicou o ativista antirracismo.

– Estava vendo esses casos de racismo e fiquei pensando: os jogadores não se posicionam. Todo mundo falava: "Pô, jogador de futebol brasileiro é tudo ignorante, não se posiciona sobre pauta alguma." Eu disse: isso não é responsabilidade do jogador. Muitos não têm dinheiro para condução, não têm formação, família estruturada, acesso a boa escola. Quando ele realiza o sonho de ser jogador, ele só quer viver o sonho dele, dar uma casa para mãe, comprar um carro.

– A gente fica esperando do sujeito uma coisa que a sociedade nunca ofereceu para ele. Para mim, essa responsabilidade dos clubes, pegar os atletas desde a base e formá-los sobre tudo, sobre as pautas contemporâneas. Não é admissível ter jogador racista ou que assedia e estupra mulheres – opinou Danilo Pássaro.

Filho de Fagner faz gol de falta em Dérbi pelo sub-13 do Corinthians

As oficinas começaram há pouco mais de um mês e já receberam três categorias diferentes. Em cada uma delas o professor utilizou abordagens diferentes, de acordo com a idade dos jogadores.

Na oficina acompanhada pelo ge, Danilo Pássaro exibiu um trecho do podcast "Mano a Mano" em que o rapper Mano Brown entrevista Ronaldo Fenômeno. A partir de algumas falas do ex-jogador, o professor debateu questões de raça, a história da escravidão no Brasil e o conceito de racismo estrutural.

Dentre os interessados alunos estavam os filhos do zagueiro Gil e do lateral Fagner (veja acima gol do garoto contra o Palmeiras), que jogam na base alvinegra.

– É muito importante esse debate, ainda não somos tão maduros para saber as coisas, mas é uma base para a gente. Serve para a vida inteira – comentou Kauê Buratti, que tem 13 anos e joga como meio-campista.

Em diversos momentos, os garotos interagiram com Danilo. Um relembrou um caso de racismo presenciado, outro contou do que aprendeu nas aulas de História, e não faltaram perguntas embaraçosas para o professor:

– Se os políticos são quase todos brancos, como esperar que eles mudem as leis a favor dos pretos? – indagou um dos jovens atletas.

Jogadores do sub-12 do Corinthians em oficina antirracista

Divulgação

Além do combate ao racismo, o NESP periodicamente aborda outras questões extracampo com os garotos, como machismo, xenofobia, dependência química, entre outros temas.

– A gente acredita que estamos contribuindo nessa formação, envolvendo as famílias, e pensando em um cidadão crítico – explicou a assistente social Regiane Cristina Ferreira.

– Os jogadores gostam muito. Conforme eles vão crescendo, a gente vai percebendo essa maturidade. Dois anos atrás, os atletas do sub-20 até se posicionaram numa questão que envolvia o combate à violência contra a mulher – completou a profissional, que está há 17 anos no Corinthians e compõe o NESP com a psicóloga Dominique Gonçalves e a orientadora educacional Rebeca Peridis.

A oficina com os garotos do sub-13 fluiu tão bem, que por pouco não atrasou o treino daquele dia. Antes de se despedir dos alunos, Danilo Pássaro ensinou uma frase para a turma, repetida em alto e bom som:

– Não basta não ser racista. É preciso ser antirracista!

???? Ouça o podcast ge Corinthians????

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Fonte: Ge

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