Treinador vem de trabalhos distintos em Olympique de Marselha e Sevilla. Veja análises de especialistas sobre "casamento de sucesso com divórcio ruim" na França e "cabeça dura" na Espanha Jorge Sampaoli estreia no comando do Flamengo nesta quarta-feira, contra o Ñublense, no Maracanã. O jogo da segunda rodada do Grupo A da Libertadores marca o retorno do treinador à América do Sul, após trabalhos no Olympique de Marselha, da França, e no Sevilla, da Espanha.
Sampaoli comanda primeiro treino no Flamengo
Do vice-campeonato francês com o Marselha à demissão em meio a luta contra o rebaixamento no clube espanhol, o ge separou um detalhamento de como foram os dois últimos trabalhos do treinador argentino na Europa. Confira as análises de dois jornalistas correspondentes nos países europeus.
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No Olympique de Marselha, Sampaoli grita enquanto Gerson cobra arremesso lateral
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Olympique de Marselha (mar/21 a jun/22)
Após vice-campeonato brasileiro no Santos em 2019 (com o maior número de pontos da história de um segundo colocado nos pontos corridos com 20 times) e o terceiro lugar com o Atlético Mineiro em 2020 (três pontos a menos que o campeão Flamengo), Sampaoli deixou a América do Sul.
Assumiu o Olympique de Marselha em março de 2021, na reta final da temporada 2020/21, com o time em sétimo lugar no Campeonato Francês. Acabou com a quinta posição. Ao iniciar a campanha seguinte, contratou, entre outros atletas, o meio-campista Gerson, hoje no Flamengo. O jornalista Eric Frosio, do jornal "L'Équipe", explica o início de passagem na França.
- O Sampaoli chegou para substituir um treinador francês e pouco a pouco colocou seu estilo de jogo. Começou a tomar decisões fortes, como barrar o goleiro e capitão Mandanda, que não jogava bem com os pés. Ele também recuperou Payet, que estava numa fase ruim na primeira temporada. Depois, com uma temporada completa o estilo de jogo deu muito certo. Muita intensidade. Começou a lotar o estádio. O Olympique é tipo um Flamengo da França, time que tem uma torcida louca. Foi uma temporada inesquecível para a torcida. Mas teve problemas também. O time era capaz de fazer muitos gols, mas de tomar bastante também. Tinha um pouco do estilo do Marcelo Bielsa, que também treinou o Olympique - disse Eric Frosio.
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Gerson em má fase? Sampaoli responde como pode ajudar o craque do Flamengo
O jornalista francês também comenta como foi o período de Gerson e o desfecho da boa passagem de Sampaoli pelo clube francês. Segundo Frosio, se tratou de um "casamento que deu certo", mas acabou com um "divórcio feio".
- O Gerson demorou para se encaixar e se dar bem com o grupo. Mas no final da temporada ele arrebentou. O Olympique foi para a Champions com o segundo lugar de forma milagrosa. Estava tudo certo. No início da temporada seguinte o Sampaoli foi embora e deixou todo mundo decepcionado, pois as coisas iam bem. Não se sabe até hoje porque ele saiu. Saiu de uma forma terrível, bem inesperado. Foi um casamento que deu certo, mas casamento rápido, com um divórcio feio. Ele nem se explicou com a torcida ou a imprensa - concluiu o jornalista francês.
O argentino deixou o clube francês com 67 jogos disputados, 36 vitórias, 17 empates e 14 derrotas. Um aproveitamento de 62% e uma classificação direta para a fase de grupos da Liga dos Campeões. Na época, a imprensa francesa especulou que Sampaoli havia deixado o cargo por insatisfação com os reforços para a temporada seguinte.
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Jorge Sampaoli em ação pelo Olympique Marselha
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Sevilla (out/22 a mar/23)
Poucos meses depois de deixar a França, Sampaoli partiu para a Espanha para comandar o Sevilla. Foi a segunda oportunidade do técnico argentino no clube espanhol. Ele havia disputado a temporada 2016/17 no clube, quando se classificou para a Champions League antes de largar o trabalho para comandar a seleção da Argentina.
Ao assumir novamente o Sevilla, em março de 2022, a situação era diferente da primeira passagem. Com uma equipe enfraquecida em relação à temporada anterior, Sampaoli tinha a missão de salvar o time da crise após demissão de Julen Lopetegui, com a 16ª posição da LaLiga. E ele não conseguiu. O jornalista brasileiro Fernando Kallas, correspondente da Reuters na Espanha e comentarista do Redação SporTV, explica os motivos do fracasso.
- O Sampaoli não deu certo no Sevilla com a narrativa na Espanha de que ele era muito cabeça dura. Ficou muito preso ao sistema de três zagueiros e dois alas. E nunca abria mão de sair jogando com bola, mesmo diante da pressão alta. O Sevilla, como havia perdido vários jogadores, teve muitos problemas com a pressão alta, e o Sampaoli não se adaptou aos jogadores que tinha. E também gestão de vestiário. Os jogadores reclamaram várias vezes sobre ele, o estilo intransigente - disse Kallas.
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O Sevilla tem a quarta maior folha salarial do futebol espanhol e faz temporada abaixo do esperado. Sampaoli deixou a equipe a dois pontos da zona de rebaixamento. Hoje, sob o comando de José Luis Mendilibar, a distância é de oito pontos. O novo treinador fez quatro partidas e ainda não perdeu. Kallas explica o segredo do técnico espanhol.
- O trabalho de Sampaoli foi o pior possível. Estava brigando para não cair. O Mendilibar é uma espécie de Dorival. Treinador experiente e espanhol, que faz o feijão com arroz. Chegou e não fez nada demais. Ele simplesmente colocou uma linha de quatro, feijão com arroz e o time está invicto desde então. O maior problema do Sampaoli no Sevilla foi a intransigência, ficar engessado nas convicções táticas e filosóficas dele e não se adaptar ao elenco que tinha.
No Sevilla, em 2022/23, Sampaoli disputou 30 partidas e teve apenas 12 vitórias, com o mesmo número de derrotas, além de seis empates. O aproveitamento foi de 46% dos pontos conquistados.
Jorge Sampaoli não teve boa passagem pelo Sevilla na temporada 2022/23
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