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Esporte

Pelé fez história no Maracanã e jogou por Flamengo, Fluminense e Vasco


Rei do Futebol ainda esteve perto de defender o Botafogo O Brasil está de luto pela morte de Pelé, o Rei do Futebol, nesta quinta-feira, aos 82 anos. Depois de Santos, onde virou o maior jogador de todos os tempos com a camisa 10 do Peixe, o Rio de Janeiro certamente é a cidade brasileira de maior ligação com o craque.

No Rio, Pelé fez parte da história do Maracanã e vestiu a camisa de três dos quatro grandes clubes da cidade: Flamengo, Fluminense e Vasco. Só o Botafogo, que podia se gabar por ter Garrincha, considerado a grande dupla do Rei na Seleção, não teve o maior de todos os tempos vestindo sua camisa – mas chegou bem perto de contratá-lo.

Pelé comemora o seu milésimo gol no Maracanã

Reprodução

Maracanã: títulos, gol mil, maior público...

Pelé jogou praticamente sua carreira inteira no Santos, mas ainda assim pode considerar o Maracanã como uma de suas casas. Nos anos 60, o Peixe tinha a hegemonia nacional e escolheu o então "maior estádio do mundo" para explorar um campo maior e arrecadar rendas polpudas.

– Aquele ataque do Santos, com Pelé, Dorval, Coutinho e Pepe, era muito rápido. Então, quanto mais espaço, melhor para a gente. E o Maracanã dava isso. Passou a ser a nossa casa – lembrou Pelé em entrevista à TV Globo em 2012.

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Pelé em ação pelo Santos contra o Fluminense no Maracanã

Correio da Manhã

Dos sete títulos que o Santos ganhou no estádio naquela década, Pelé só não esteve em um: a final do Mundial de Clubes contra o Milan. O craque jogou a primeira partida na Itália, mas tanto no jogo da volta quanto no de desempate, ambos no Maracanã, o Rei estava lesionado.

Pelé faz o gol sobre o Paraguai no maior público do Maracanã

Correio da Manhã

No estádio, Pelé conquistou dois Torneios Rio-São Paulo (1963 e 1964) e quatro Campeonatos Brasileiros (Taça Brasil de 1962, 1964 e 1965, e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1968). Ao todo, foram 97 jogos e 69 gols do Rei no Maracanã.

Uma dessas bolas na rede inclusive criou o conceito do "gol de placa". Na vitória por 3 a 1 sobre o Fluminense pelo Torneio Rio-São Paulo, Pelé fez um golaço driblando sete jogadores antes de marcar, segundo relatos de quem estava presente. Infelizmente, não há imagens do lance. Na época, o jornalista Joelmir Beting, do extinto jornal "O Esporte", mandou confeccionar uma placa alusiva ao feito.

A placa recebida por Pelé por gol antológico que deu origem à expressão "Gol de Placa"

Marcelo Bastos

Outro desses 69 gols no estádio foi o milésimo da carreira do Rei. Na vitória por 2 a 1 sobre o Vasco, pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1969, Pelé converteu o pênalti histórico e foi colocado nos ombros pelos jornalistas que estavam atrás da rede. Nesse dia, deu volta olímpica diante de um público de mais de 65 mil pessoas, e o vestiário do Maracanã em que ficou na ocasião ganhou uma placa com o seu nome.

Pelé revela os bastidores do milésimo gol

Pelé também ficou marcado no estádio jogando pela Seleção. No jogo de maior público oficial da história do Maracanã, foi dele o gol da vitória do Brasil por 1 a 0 sobre o Paraguai em 1969, pelas eliminatórias da Copa do Mundo, diante de 183.341 pessoas. E foi lá também que o craque fez sua despedida com a amarelinha, no empate por 2 a 2 com a Iugoslávia em amistoso em 1971. Os cerca de 140 mil presentes na partida ecoaram gritos de "fica, Pelé".

Pelé na sua despedida da Seleção no Maracanã

Arquivo / O Globo

Vasco: torneio e time de coração

Dos times cariocas, cronologicamente o Vasco foi onde Pelé vestiu a camisa primeiro. E foi muito antes de brilhar intensamente com a camisa 10 do Santos.

Em 1957, quanto os principais jogadores dos dois clubes estavam em excursão, as diretorias chegaram a um acordo para montar um time com jovens dos dois elencos que não haviam viajado para disputar a Taça Morumbi, torneio amistoso com duas sedes: Maracanã e Pacaembu. O combinado foi que o uniforme dessa equipe seria o vascaíno na primeira fase, no Rio, e o santista na fase final, em São Paulo.

E um desses garotos selecionados era Pelé, então com apenas 16 anos. O craque brilhou com um hat-trick na goleada por 6 a 1 sobre o Belenenses, de Portugal, e também fez os gols nos empates por 1 a 1 com Flamengo e Dínamo Zagreb, da Croácia, ambos no Maracanã. O time se classificou junto com o Flamengo para a fase final, no Pacaembu, mas fez apenas mais uma partida, novo empate por 1 a 1 com o São Paulo. O torneio acabou sendo cancelado no meio e não teve um campeão. Mas o surpreendente desempenho do jovem o levou à seleção brasileira na semana seguinte.

Pelé agachado (o 2º da esq; para a dir.) e o combinado Vasco-Santos

Arquivo / Estadão Conteúdo

Em 1969, Pelé voltaria a vestir a camisa do Vasco justamente no dia do seu milésimo gol da carreira, que coincidentemente aconteceu diante do time do Rio de Janeiro e no Maracanã. Após a partida, os dirigentes vascaínos entregaram uma camisa do clube com o número 1.000 às costas, e o craque a usou para dar a volta olímpica no estádio. Oito anos depois, em uma entrevista ao programa "Vox Populi", da TV Cultura, em 1977, ele declarou pela primeira vez que era torcedor do Vasco:

– O clube do meu coração sempre foi o Vasco. Eu gostei muito do Vasco. Gosto muito do Vasco.

Pelé com a camisa do Vasco após o milésimo gol do craque

Reprodução

Fluminense: tricolor por acaso na África

O enredo que levou Pelé a vestir a camisa 10 tricolor aconteceu em 1978, quando o Rei do Futebol já estava aposentado, na... Nigéria.

Mas como assim? O fato de tanto o maior ídolo do Brasil quanto o clube brasileiro, ainda badalado pela "Máquina Tricolor" dos anos anteriores, estarem no mesmo local não foi coincidência. O craque, que havia acabado de encerar sua carreira, viajou como garoto-propaganda da "Interbrás" para fazer o lançamento de vários eletrodomésticos no país africano. E assinou um contrato onde se comprometeu a jogar 45 minutos pela seleção nigeriana em amistoso contra o Flu.

E assim o fez. No dia 22 de abril de 1978, no Estádio Municipal de Lagos, o Fluminense fez 3 a 1 sobre a Nigéria de Pelé. No segundo amistoso diante do Racca Rovers, então vice-campeão nigeriano, realizado em Kaduna, a 800 km para o interior do país, o Rei do Futebol iria apenas para receber homenagens, dar o pontapé inicial e uma volta olímpica para saudar a torcida. Mas rádios e jornais da região divulgaram que o craque jogaria. Com a multidão em polvorosa no estádio lotado, o chefe da polícia local teria dito que, se ele não jogasse, não seria possível conter a multidão em fúria.

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Pelé no dia em que jogou pelo Fluminense na Nigéria

Divulgação

Com receio de uma tragédia, Pelé foi a campo, mesmo aposentado e sem estar em forma. Ele arranjou uma chuteira emprestada, apertada para seu pé, e jogou por 45 minutos no lugar do atacante Luis Carlos Tatu. Pelé não balançou as redes com a camisa tricolor, mas com ele em campo o Fluminense saiu na frente no placar, 1 a 0, gol de Marinho Chagas. Sem o Rei após o intervalo, o clube das Laranjeiras terminou a partida vitorioso por 2 a 1. Clique aqui e veja outras curiosidades desse dia.

– Certa vez, eu joguei pelo Fluminense na Nigéria, tantas pessoas foram me ver que a polícia me fez jogar para manter a paz! – recordou o Rei em postagem no Twitter em 2018.

Pelé agachado (o 4º da esq; para a dir.) com o Fluminense na Nigéria

Acervo Flu Memória

Flamengo: goleada em jogo beneficente

Um ano depois, Pelé vestiu a camisa do Flamengo em prol de uma ação social. O Rei do Futebol vestiu a camisa rubro-negra pela primeira e única vez em uma partida beneficente contra o Atlético-MG, para arrecadar fundos para vítimas de uma enchente em Minas Gerais, que teve mais de 30 dias de chuva entre janeiro e fevereiro, milhares de desabrigados e 246 mortos. A partida recebeu 139.953 pagantes (até o então presidente da República, João Figueiredo) e teve renda de CR$ 8.781.290,00 cruzeiros.

Pelé tinha 38 anos na época e estava aposentado havia duas temporadas. Mas treinou uma semana em Santos para o jogo e, na véspera, participou de um coletivo já com o time do Flamengo na Gávea. Ele entrou no time no lugar de Adílio e usou a camisa 10, cedida por Zico, que virou o número 9 naquela noite no Maracanã. O Rei do Futebol jogou por cerca de 60 minutos e não marcou. Mesmo assim, o Rubro-Negro venceu de virada e de goleada por 5 a 1.

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Pelé e Zico com a camisa do Flamengo em 1979

Divulgação / Flamengo

O Maracanã ficou lotado para ver Pelé e Zico juntos. Com a dupla em campo, o Flamengo venceu por 3 a 1, com um hat-trick do ídolo rubro-negro. O Rei até teve a chance de marcar quando o time perdia por 1 a 0 e teve um pênalti a seu favor. Zico ofereceu a bola a Pelé, que preferiu que o Galinho cobrasse. Quando deixou o campo no segundo tempo, logo após o terceiro gol, o maior de todos os tempos foi ovacionado pelo estádio lotado.

– Queridos amigos de todo o Brasil, todos aqueles que amam o futebol. Há 40 anos, eu estava jogando com a camisa do Flamengo, fazendo parceria com o Zico no Maracanã, quando a gente estava angariando fundo pelos que tiveram problemas com as enchentes naquela época. E eu tive uma honra muito grande de poder ajudar os brasileiros e pôr uma camisa tão importante como essa do Flamengo – disse Pelé ao ge em 2019, quando a data completou 40 anos.

Botafogo: namoro que quase virou casamento

Os anos 60 foram gloriosos para o Botafogo. Com times históricos, o clube tentou contratar – e chegou perto – Pelé em 1963. Na época, os cariocas enfrentariam o próprio Santos, clube do Rei, na semifinal da Taça Libertadores meses depois. A negociação parou o país.

Pelé com a camisa do Flamengo durante amistoso contra o Atlético-MG

Acervo/O Globo

A notícia estampou a principal página do "Jornal do Brasil" em 20 de agosto daquele ano. Pelé se sentia mal atuando o Campeonato Paulista e tinha um acordo para atuar no Botafogo por empréstimo até o fim da temporada. A reportagem contava com declarações de Pepe, o "Gordo", empresário do Rei do Futebol.

Notícia de Pelé no Botafogo no Jornal do Brasil

Reprodução/Jornal do Brasil

– Pelé vê a possibilidade de jogar no Rio até o fim do ano com grande simpatia e até mesmo com entusiasmo, pois sente que, pelo menos por enquanto, estão liquidadas suas condições de continuar disputando o Campeonato Paulista, onde é injustiçado, ofendido, injuriado e vaiado a todo momento – afirmou o agente ao jornal.

A diretoria do Botafogo chegou a ter um acordo com Pelé, mas o Santos travou o final feliz para os cariocas. Com o passar do tempo e o desenvolver das notícias, a torcida do Peixe "abraçou" o Rei do Futebol, que voltou a se sentir bem e decidiu continuar no clube, frustrando a equipe de General Severiano.

Números da carreira de Pelé

Infoesporte

Números de Pelé pela seleção brasileira

Infoesporte

Números de Pelé pelo Santos

Infoesporte

Números de Pelé pelo Cosmos

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Ge

Globoesporte.com

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