Sob desconfiança da torcida e às vésperas de eleição presidencial, clube tenta remontar elenco; projeção é de 13 reforços, mas grana e calendário curtos dificultam. Sete semanas após a eliminação na Copa Paulista, e o adeus ao sonho de disputar a Série D do Campeonato Brasileiro já em 2023, o elenco da Portuguesa remanescente da atual temporada se reapresentou e iniciou os treinamentos para o Paulistão.
Nesse intervalo, a Lusa desligou a comissão técnica liderada por Sérgio Soares, trouxe Mazola Júnior como novo treinador, anunciou uma lista de atletas que não teriam os contratos renovados e confirmou quais continuariam no Canindé nessa preparação.
Ficaram e voltaram a treinar os goleiros Thomazella e Wagner, os zagueiros Bruno Leonardo, Igor Bahia, Marco, Naldo, Patrick, Robson e Luizão Barba, os volantes Hudson, Marzagão e Tauã, o meia Daniel Costa, e o atacante Gustavo França.
O técnico Mazola Júnior conversa com jogadores da Portuguesa
Dorival Rosa
Junto deles também se reapresentaram três jogadores que se destacaram na disputa do Campeonato Paulista Sub-20, em que a Portuguesa chegou à semifinal: o goleiro Ronaldo, o lateral direito Talles e o atacante Luccas Paraizo – artilheiro do torneio.
A torcida rubro-verde, porém, cobra a chegada de reforços. Na coletiva de apresentação, Mazola Júnior afirmou que a Lusa busca majoritariamente atletas que disputaram nesta temporada as séries B e C do Campeonato Brasileiro, tentando nomes pontuais da A.
Na última sexta-feira (25), em entrevista ao Canal Paixão Lusa, o treinador disse que as principais dificuldades enfrentadas pelo clube nessa busca são o orçamento apertado e o fato de a Portuguesa não ter calendário cheio. Ou seja, não ter divisão nacional.
Mazola Júnior, porém, garantiu que cinco reforços já têm pré-contrato assinado com a Lusa e que só não assinaram ainda o contrato definitivo porque estão aguardando o término dos vínculos atuais com os clubes. A maioria terminaria em novembro.
O treinador projeta a contratação de ao menos 13 atletas. As posições buscadas? Todas, incluindo a de goleiro. Mazola Júnior admitiu que a Lusa está atrás de mais uma opção de goleiro, de um zagueiro experiente, de um meia canhoto e dois “camisas nove”.
O novo comandante rubro-verde tem reafirmado, entrevista após entrevista, que deu aval à permanência de cada um dos remanescentes da temporada 2022, mas que isso não significa que todos serão efetivamente inscritos para disputar o Paulistão.
O técnico Mazola Júnior, da Portuguesa
Dorival Rosa
O campeonato estadual permite a inscrição de 26 atletas na Lista A, que é a relação de profissionais. Só que, no caso da Portuguesa, alguns destaques da base não podem integrar a Lista B, de pratas da casa, por não terem 12 meses de Canindé.
Com isso, Mazola Júnior deixa duas possibilidades em aberto: reforços ou pratas da casa serem inscritos no lugar de remanescentes da última Copa Paulista. As avaliações, segundo ele, serão feitas a cada dia de treinamento para o Paulistão.
Um jogo-treino com o Sub-20, comandado pelo técnico Alan Dotti, está marcado para o próximo fim de semana. Mazola Júnior não descarta tirar alguns atletas da Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2023 para integrarem o elenco do Paulistão.
Mesmo porque o Campeonato Paulista começa no dia 15 de janeiro. Disputar a Copinha seria impedir a participação desses jovens na preparação. Vai ficando cada vez mais claro que os planos de Mazola Júnior incluem pratas da casa entre os profissionais.
O executivo de futebol Toninho Cecílio havia dito, na apresentação do novo técnico, que a meta da Lusa era começar a anunciar os reforços a partir desta segunda-feira (28), respeitando férias e término dos vínculos com os clubes atuais deles.
Sete semanas separam a Portuguesa do início do Paulistão. A expectativa, nas alamedas do Canindé, é de um mês de preparação com praticamente todo o elenco fechado. Mazola Júnior garante que já conseguiu fazer bons trabalhos com menos tempo.
O treinador projeta 12 pontos, com três vitórias, como suficiente para a Lusa se manter na Série A1. Mas faz questão de destacar que esse não é o objetivo. A meta, segundo ele, é garantir uma vaga na Série D e, quem sabe, também na Copa do Brasil.
Para ter vaga na Série D, a Portuguesa precisa ser uma das três melhores equipes em um pelotão ao lado de Água Santa, Ferroviária, Inter de Limeira, Santo André e São Bento. Para ter vaga na Copa do Brasil, um caminho viável é conquistar a Taça Independência, o antigo Troféu do Interior, que mudou de nome por causa dela.
Alguns desses adversários já estão com os elencos praticamente completos. Ou anunciando, dia após dia, levas de jogadores. Quantidade não significa qualidade. Mas é inegável que tempo de trabalho pode fazer a diferença, sobretudo no início do torneio.
A Portuguesa precisa superar as dificuldades de ter um orçamento curto, de não ter um calendário cheio a oferecer, de correr contra o tempo para fechar o elenco, de lutar contra a desconfiança de parte da torcida e de ter uma eleição presidencial.
Sim, a eleição presidencial está marcada para 12 de dezembro. As chapas precisam ser registradas até esta sexta-feira, 2 de dezembro. O atual presidente, Antônio Carlos Castanheira, tentará a reeleição. A oposição terá chapa, mas ainda sem nome definido.
Castanheira se divide entre as articulações políticas, necessárias para a reeleição, e a busca por investimento, já que tinha o objetivo de transformar o clube em SAF antes do Paulistão. A SAF ainda está sendo estruturada, os investidores dela não chegaram, mas o campeonato estadual não espera e vai ficando cada vez mais próximo.
A torcida vive esse clima de indefinição, dentro e fora de campo, sabendo como ninguém a importância de a Lusa fazer um bom Paulistão. O futuro, que todos sonham ser de reconstrução, depende da eleição e do estadual. A margem para erros nunca foi menor.
* Luiz Nascimento, 30, é jornalista da rádio CBN, documentarista do Acervo da Bola e escreve sobre a Portuguesa há 13 anos, sendo a maior parte deles no ge. As opiniões aqui contidas não necessariamente refletem as do site.