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Após 3 anos de sub-23, Fluminense faz balanço positivo e planos para Arthur, João Pedro, John Kennedy...


Apesar da ausência de títulos, clube aponta êxitos da categoria e defende ampliação do calendário O primeiro mandato de Mário Bittencourt vai chegando ao fim no Fluminense – a eleição para decidir o presidente no triênio 2023-2025 será no final deste mês –, e um dos projetos encampado pela gestão também encerra ao menos um primeiro ciclo: o sub-23. Entre 2020 e 2022, a categoria não caiu nas graças do torcedor e não ganhou títulos no único campeonato dessa faixa etária, o Brasileiro de Aspirantes – o time foi duas vezes semifinalista e uma vez eliminado na primeira fase. Mas internamente atendeu o que esperava o clube, que faz um balanço positivo.

Jogadores do sub-23 do Fluminense após jogo no Luso-Brasileiro

Mailson Santana / Fluminense FC

– O resultado de competição não é aquilo que mais nos agrada. O que nos agrada é estar construindo um processo de aproveitamento muito maior na equipe profissional desses jogadores formados no clube. O objetivo é termos tempo para maturar o atleta um pouco mais e, automaticamente, com a vivência dele aqui no futebol profissional, poder alcançar um espaço e fazer parte do grupo que vai representar o Fluminense naquela temporada. E isso a gente está alcançando – argumentou o diretor executivo de futebol, Paulo Angioni, que enumerou:

– Hoje a gente tem, que incorporaram o futebol profissional, jogando com frequência, André, Martinelli, Mateus Martins e tinha o Luiz Henrique. Dois titularíssimos e até bem pouco tempo o Matheus Martins também era. É um número bem expressivo, para quem tem a chancela que o Fluminense tem de grande formador. E temos a expectativa de alcançar um número bem maior. Temos 30% de jogadores formados da base no elenco principal, nosso objetivo é chegar a 50%.

Cassini, Martinelli e André em ação pelo sub-23 do Flu em 2020

Mailson Santana / Fluminense FC

Do quarteto citado, quem mais jogou na categoria foi Martinelli, com nove jogos em 2020. No mesmo ano, André disputou quatro partidas; Luiz Henrique, duas; e Gabriel Teixeira, seis, antes de subirem para o profissional – Calegari teve uma passagem relâmpago pelo projeto, participando dos treinos, mas foi promovido antes de jogar. Em 2021, foi a vez de Matheus Martins, que entrou em campo em seis rodadas do campeonato. Na atual temporada, quem mais vem recebendo chances no time principal é o atacante Alexandre Jesus, que tem 15 duelos pelo sub-23 nos últimos dois anos.

– O Alexandre Jesus é uma realidade desde que o Diniz chegou. Mas nunca você pode cravar que o garoto está pronto, você prepara o máximo possível. O que vai dar a casca, a experiência, é ele jogar. Muitos foram no banco pelo menos no Brasileirão: Cipriano, Davi, Alexsander... O Marcos Pedro é um que performou tanto e está renovando o contrato. Cara, praticamente todos os nossos titulares, se o Diniz precisar hoje, ele pode contar. Quanto mais conseguir colocar atletas no profissional, melhor. Muitas vezes não consegue porque o nível do trabalho em cima é muito bem feito, quase não tem contusão. Mas a gente consegue abastecer, por semana sobem seis, sete para os treinos, e o Diniz está sempre atento – ponderou o técnico Cadu Antunes, que defendeu a categoria:

Cadu Antunes é o atual comandante do Fluminense Sub-23

Mailson Santana / Fluminense FC

– Eu imagino uma fábrica de fazer atletas. É como se fosse uma grande linha de produção automotiva, vamos supor, que começa lá no sub-10 com os talentos sendo produzidos, e eles vão se desenvolvendo ao longo das categorias. O sub-23 na minha visão é o último processo nessa linha de montagem, como se fossem aqueles ajustes finais do carro. Ver se o freio está funcionando direitinho, se o motor está precisando de mais potência... A gente vai fazendo os ajustes para entregar o mais próximo possível da exigência que é o profissional. Alguns do sub-20, que estão física e mentalmente mais preparados, conseguem pular direto, atender os anseios do elenco principal. Mas a grande maioria tem passado no sub-23. É um projeto que tem funcionado bem.

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Angioni usa como exemplo o passado para defender a ideia de maturar o jogador em casa, ao invés de cedê-lo a outros clubes – casos recentes de empréstimo de Wallace, ao CRB, e Nascimento, ao Náutico, onde quase não foram aproveitados, é tido como exemplo. Há relato de um atleta, que não teve o nome divulgado, que voltou abaixo do peso ideal após ser emprestado. Wellington Nem, que foi cedido e teve destaque no Figueirense em 2011, e se firmou ao voltar, sendo inclusive campeão brasileiro como titular no ano seguinte, é visto como exceção à regra.

Wellington Nem pelo Figueirense em 2011: jogador é visto como exceção

Carlos Amorim/Figueirense FC

– Isso motivou também, não tenha dúvida. Aí você empresta pagando salário e ele vai para clubes que talvez não dê a oportunidade deles performarem como deveriam. E aqui não, aqui a gente consegue performar ele mais, com mais frequência e eficácia – alegou o diretor.

Outra motivação foi evitar um novo "caso Evanilson". O atacante, que hoje está no Porto, de Portugal, foi mal aproveitado na base tricolor, não teve o contrato renovado e assinou pré-contrato com a Tombense-MG antes de subir para o profissional e começar a ter destaque no fim do vínculo, em 2019. Segundo Angioni, com o sub-23 o clube pode fazer contratos maiores com os garotos, que terão onde jogar se não subirem de imediato para o time principal:

– O jogador eu particularmente nem conhecia pelo distanciamento. Naquela época, havia um distanciamento que hoje não existe. Por várias vezes a gente solicitou jogadores para preencher o treinamento aqui e nunca veio o Evanilson. E ele passou três anos aqui. Isso nós hoje evitamos, a coisa está muito mais ajustada. Por exemplo, o Evanilson tinha contrato até 20 anos. Hoje em dia, mesmo o cara que tem 20 anos tem contrato aqui por causa do sub-23, eles já fazem um contrato mais longo. Ele vai estourar a idade, mas vai ter ainda onde jogar. E indo bem a gente já procura uma renovação mais consistente. Agora mesmo o Marcos Pedro, que é o lateral-esquerdo, nós alongamos o contrato dele para 2025. Tendo esse processo, não tem chance de acontecer de novo ("caso Evanilson") porque a gente já antecipadamente vê que o menino está maturando e antecipa uma renovação.

Cria de Xerém, Evanilson atualmente faz sucesso no Porto, de Portugal

Getty Images

Financeiramente, segundo o clube, o projeto custa menos de 10% do futebol profissional, pois se aproveita membros da comissão técnica e jogadores que já estão na folha. E a ordem é fazer poucas contratações. Ao longo dos últimos três anos, o clube reforçou a categoria com alguns nomes, como os meias Matheus Cassini, Gustavo Apis, Léo Souza e João Pedro; os volantes Wiris e Wagninho; e os atacantes Lussivica, Gabriel Silveira e Marcelinho – só Gustavo Apis, João Pedro e Wiris continuam.

Em processo de renovação de contrato com o técnico Fernando Diniz, o presidente Mário Bittencourt já revelou a ideia de criar um projeto para o treinador implementar sua filosofia de jogo desde a base. Angioni explicou que, em relação ao sub-23, não haverá mudança, pois já existe a integração:

– Essa ele já está automaticamente, né? Porque como o sub-23 habita aqui o CT ele tem chance de ver. Porque a gente trabalha concomitantemente, quer dizer, a hora que treina o sub-23 treina o profissional, a distância é de 40 minutos do início de um treino para o outro. Agora lá (em Xerém), sim, provavelmente ele vai ter um cuidado em determinado momento, orientar lá o que deva ser feito. É possível que tenha entre a base e o Diniz uma pessoa dele nesse processo, tendo o olhar dele lá.

Diniz ao lado do zagueiro Cipriano em treino do Fluminense

Mailson Santana / Fluminense FC

A categoria, que já foi dirigida também por Marcão e Aílton Ferraz, é usada também para o recondicionamento de jogadores do profissional que voltam de lesão. Tanto Angioni quanto Cadu só não se mostram satisfeitos com o calendário, que tem apenas uma competição de três meses de duração. O técnico, que é um ex-jogador formado no clube, usa o próprio exemplo para sugerir que os jogos do Brasileirão de Aspirantes virem as preliminares do Campeonato Brasileiro profissional:

– Não sei se cabe a logística, mas eu lembro muito da minha época em que era sub-20 e fazia preliminar do profissional. Se a gente conseguisse encaixar um calendário do sub-23 para fazer as preliminares, era o cenário ideal para o desenvolvimento do atleta. Eu sou um cara que sonho com isso porque para mim foi muito importante. São lembranças que tenho de já estar lá no Maracanã, o estádio vazio, mas quando voltava do segundo tempo já estava cheio. Em certos momentos já escutava gritar meu nome. A gente chama de casca, né? O cara começa a enfrentar público. Acho que no futebol brasileiro é uma coisa que ainda vem semeando. O ideal seria, da mesma forma que a CBF "exigiu", e com toda razão, o futebol feminino, deveria exigir o sub-23 dos 20 clubes da Série A – opinou Cadu, que acredita que um título no sub-23 pode tirar o "preconceito" da torcida com a categoria:

Fluminense x Brasileiro Sub-23

– Com certeza, carimbando o título a coisa tem um peso maior, né? Em três anos de competição, a gente chegou em duas semifinais. E assim, o campeonato é muito forte, muito próximo das valências principalmente físicas do profissional, e temos chegado perto. Creio que é um processo, com o tempo vamos estar carimbando esse título. Os clubes estão começando a entender a importância desse projeto, não tenho dúvida que vai atingir um nível de aceitação e entendimento no cenário nacional.

Arthur, João Pedro e John Kennedy

Entre os planos envolvendo a categoria, o ge abordou com Angioni a situação de três jogadores de grandes expectativas por parte da torcida: Arthur, João Pedro e John Kennedy. O primeiro, meia de apenas 17 anos, camisa 10 das seleções de base e considerado a maior joia dos últimos anos de Xerém, deve começar a jogar no sub-23 na próxima temporada:

Arthur comemora título pela seleção brasileira sub-15 em 2019

Divulgação

– O Arthur é uma situação que já necessita que ele incorpore um pouco mais aqui. Nós já estamos discutindo isso com o futebol de base e com certeza ele vai ter uma frequência maior aqui, no sub-23 e no profissional, porque para mim essas coisas se misturam muito, entendeu? Ele vai ficar mais tempo aqui no CT, como está ficando hoje o Alexander.

Sobre João Pedro, camisa 10 do sub-23 que está emprestado pelo Vila Nova-GO e teve destaque no Brasileiro de Aspirantes, Angioni alegou que o Fluminense ainda estuda se vai exercer ou não a opção de compra do atleta, que gira em torno de R$ 1 milhão por 70% dos direitos econômicos, como revelado pela "Rádio Globo". Desde o fim do campeonato da categoria, o meia, que acabou de completar 24 anos, foi um dos escolhidos para subir e vem treinando com o profissional.

João Pedro em ação pelo Fluminense Sub-23

Mailson Santana / Fluminense FC

– Nós estamos avaliando, pois temos atletas na casa com idades menores do que o João. Temos jogadores aqui que também performaram no sub-23, e a gente está avaliando se vale a pena ou não. Porque não adianta contratar um jogador, apesar dele ter feito uma boa performance aqui, quando tem outro criado dentro do clube com o mesmo potencial ou similar. E como ele bateu no teto (idade do sub-23), se comprarmos ele tem que estar no grupo do profissional. Por isso também esperamos uma avaliação da direção técnica para ver se vai ter espaço para ele lá. Na mesma idade na posição tem o Gustavo Arpes, que é o jogador do clube, e tem o Yago (filho do Iranildo), formado aqui dentro. No caso do João Pedro, nós estamos avaliando, isso não está concretizado ainda.

E com relação a John Kennedy, que já disputou 13 jogos no sub-23 e até já brilhou no profissional, mas perdeu espaço e voltou para Xerém após casos de indisciplina, o atacante voltará para o CT Carlos Castilho em 2023. A tendência é que ele seja aproveitado na categoria de aspirantes e volte a ganhar chances no time principal dependendo do seu comprometimento:

John Kennedy em ação pelo Flu Sub-23 contra o Sport

Mailson Santana / Fluminense FC

– O John Kennedy é um caso literalmente à parte de tudo. A gente tem hoje uma preocupação muito grande porque ele é uma pessoa que tem oscilado muito. Muitas vezes as pessoas não conseguem entender esse processo, mas é difícil de ser entendido até por nós mesmos. O John Kennedy tem que compreender se quer ser jogador de futebol. O momento dele hoje é uma opção de vida. O que ele quer? Ser atleta ou um homem que não tem esse compromisso? Não tendo esse compromisso com certeza perde espaço. Ele é tratado como um caso especial por todas as intercorrências, por tudo que já foi construído por ele, tudo aquilo que a gente ofertou, entendeu? E ele está buscando essa compreensão. A gente aguarda que ele tenha essa compreensão o mais rápido possível. Chance a gente dá sempre. Até porque antes de qualquer coisa somos muito ligados à área humana – disse Angioni, lembrando que o atacante estourou a idade do sub-20 e voltará ao dia a dia no CT:

"Agora ele tem que ficar aqui, e a gente vai ver a qualidade de aproveitamento dele. Ele já tem ciência de tudo que acontece com ele, porque a gente joga muito direto. Falamos muito diretamente".

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Reprodução

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