Após atirar e matar esposa, sargento da PM jogou corpo no rio Madeira, em Porto Velho. Gilmar de Souza Castro foi preso. Filha de mulher morta por sargento, desabafa em rede social: "não foi tiro acidental"
A filha de Lindalva Galdino de Araújo, de 52 anos, usou as redes sociais para desabafar sobre a morte da mãe, assassinada e jogada no rio Madeira. O suspeito do crime é Gilmar de Sousa Castro, sargento da Polícia Militar, que está preso.
O corpo de Lindalva foi encontrado na tarde de segunda-feira (4), em uma área do rio Madeira em Porto Velho. Após ser preso, o sargento alegou que o disparo de arma acertou a esposa de forma acidental.
Quando soube da alegação do suspeito, uma das filhas de Lindalva, Elaine Araújo da Silva, gravou um vídeo para pedir justiça pelo assassinato da mãe e chorou bastante:
"O cara matou a minha mãe e ele é policial e eu não quero que saia no papel que foi acidental, porque não foi. Ele tirou a vida da minha mãe. Eu quero justiça", desabafou Elaine, que era enteada de Gilmar.
Filha de Lindava chorou ao falar da morte cruel da mãe em Porto Velho
Reprodução
Boletim de feminicídio
O boletim da ocorrência do caso Lindalva foi registrado como feminicídio e ocultação de cadáver.
De acordo com o documento da delegacia, na segunda-feira (4) a Polícia Militar foi acionada para atender um desaparecimento e ao falar com Elaine, filha da vítima, ela disse aos PMs que a mãe estava sumida desde o domingo (3) e suspeitava que o padrasto tivesse a matado.
Lindalva Galdino de Araújo, vítima que foi morta por sargento da PM, em Porto Velho, em Rondônia
Divulgação
Segundo a filha de Lindalva, sua mãe ficou casada com o policial por cerca de 12 anos. Diante da informação de Elaine, a PM se deslocou até a casa da vítima, na rua São José, no bairro Mariana.
Em frente à residência estava outras filhas de Lindalva, que relataram que a mãe não era de sair sem avisar e que elas só souberam do desaparecimento da mulher quando o padrasto, o sargento Castro, ligou para elas na manhã da segunda-feira.
Ambas as filhas destacaram que desconfiava que o homem havia matado a mãe delas.
Sargento Castro é preso suspeito de matar e jogar corpo de esposa no rio Madeira, em Porto Velho, em RO
divulgação
Após ouvir as filhas de Lindalva, os PMs falaram com o padrasto, que saiu da casa para conversar com os policiais.
Ele disse que teria ligado no número 190 informando a situação e que, também, tinha ido até a delegacia do 6º Distrito Policial para fazer uma ocorrência de pessoa desaparecida, no domingo.
Durante a conversa, o sargento autorizou a entrada dos PMs na residência. Lá dentro, Castro relatou que na noite de domingo (3) Lindalva, ele e algumas amigas ingeriram bebida alcoólica e que por volta das 20h as mulheres foram embora. Segundo ele, às 21h a esposa teria saído para comprar cigarros e não havia retornado desde então pra casa.
Mesmo com o relato, a guarnição policial destacou no boletim que o comportamento do sargento causou estranheza, pois ele aparentava estar tranquilo ao relatar o sumiço da esposa.
Marcas de sangue pela casa
As filhas de Lindalva pontuaram aos policiais que a casa estava "muito limpa" para quem havia ingerido bebidas alcoólicas na noite anterior.
Os policiais procuraram e encontraram alguns vestígios na residência que chamaram a atenção: havia um estojo de munições deflagrado. Foram encontradas também manchas de sangue na entrada do quarto e abaixo de uma mesa de canto.
No estojo havia uma munição deflagrada
Policia Militar/ divulgação
Questionado sobre o sangue, o sargento Castro disse que era de um "gato que estava machucado". Os policiais confirmaram que o animal realmente estava ferido e sangrava.
No entanto, os PMs continuaram as averiguações e encontraram, na parte de fora da casa, uma poça de sangue no chão. No varal havia uma calça jeans também com marcas de sangue.
Diante da situação, a guarnição perguntou ao sargento sobre "toda a aquela quantidade de sangue" e pontuado que não teria como ser do gato.
Nesse momento o sargento confessou que estava na varanda de casa quando teria dado "um tiro acidental no pescoço da sua esposa".
A vítima, segundo ele, estava sentada e, que após o disparo, tentou se levantar e andou alguns metros, mas caiu no chão.
O suspeito contou que a enrolou em uma lona, colocou o corpo no porta malas do carro, se deslocou até o ramal Maravilha e, às margens do rio Madeira, jogou o corpo de Lindalva em uma ribanceira.
Ele ainda disse que arrastou o corpo da vitima até a beira do rio. Depois o jogou no Madeira e ficou olhando até o corpo desaparecer.
Após ouvir o suspeito, a PM e o sargento Castro se deslocaram até o ramal Maravilha, no ponto onde ele disse que havia jogado o corpo de Lindalva.
O Resgate do Corpo de Bombeiro, a perícia e policiais civis da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Vida (DECCV) também foram acionados para acompanhar o caso.
No local indicado pelo suspeito, os Bombeiros mergulharam e acharam o corpo da vítima. Foi confirmando o feminicídio e a ocultação de cadáver.
Diante dos fatos, o sargento foi preso e levado à Central de Flagrantes.
Após encontrar o corpo da vítima dentro do rio Madeira, sargente Castro recebeu voz de prisão e foi levado à Central de Flagrantes
Wanderson Caldeira/ arquivo