Ao se observar a qualidade dos jogos do Grupo F, é possível perceber que o sorteio foi cruel: podemos dizer que os quatro clubes mereciam chegar às oitavas de final Quando aconteceu o sorteio da Libertadores, os espíritos que buscam o caos olharam para o grupo F e de imediato pensaram: "É aí que o enrosco pode ser grande". Afinal de contas, eram sete títulos distribuídos entre Nacional, Atlético Nacional e Inter, além de um Bahia turbinado por investimentos vultosos e empolgado pelo retorno à Libertadores após 36 anos.
Com o passar das rodadas, a grife de "grupo da morte" ganhou corpo e o que sucede hoje é que os clubes brasileiros estão metidos num perrengue dos demônios. Não há para onde correr e ao mesmo tempo todos os caminhos levam para dentro do campo: podem passar os dois e também ambos podem ser eliminados. Tudo é uma loucura e cada jogo se transformou em briga de foice no escuro. (Aqui a classificação.)
Em uma partida exigente, como era de se esperar, após dois tempos muito distintos, o Internacional sucumbiu por 2 a 1 diante dos verdolagas na Colômbia e acabou descendo à terceira posição da chave, faltando duas rodadas. O resultado em Medellín não é surpreendente, pois o Atlético Nacional, atual campeão colombiano, é um time que honra todos os predicados do futebol cafetero -- habilidade, intensidade e velocidade. Para cada veterano Edwin Cardona desfilando sua cátedra indolente, havia um quase imberbe Marino Hinestroza provocando pesadelos em Bernabei e, por consequência, em milhões de colorados.
Wesley atacante Inter
Ricardo Duarte/Divulgação, Internacional
De início, o "grupo da morte" contava com uma ressalva, que atendia pelo nome de Nacional, justamente o maior vencedor entre os quatro times. Pois esta ressalva se desfez ao ronco de um mate uruguaio depois que o Bolso trocou de técnico e chegou Pablo Peirano. A equipe que havia sido batida de forma constrangedora pelo Atlético Nacional na estreia, 3 a 0 fora o baile, ganhou um modo consistente de atuar, fazendo do contragolpe uma filosofia de vida: fechada, traiçoeira y cutucadora, como foram alguns dos maiores times uruguaios da história.
Assim, o Nacional conquistou quatro pontos justamente onde ninguém acreditava que conseguiria sequer ciscar, longe do Parque Central -- um empate no Beira-Rio e uma vitória na Fonte Nova. E agora, renascido como apenas Abdón Porte sonharia, joga as duas últimas partidas em casa, contra Inter e Atlético Nacional. Será uma espécie de Libertadores explicada de forma enciclopédica.
Bahia 1 x 3 Nacional | Melhores momentos | 4ª rodada | CONMEBOL Libertadores 2025
Apenas três pontos separam o líder Bahia (com 7) do último colocado, o Nacional (que tem 4). No meio do caminho, Atlético Nacional (com 6) e Inter (com 5). Este panorama torna a vida de todos os envolvidos um constante ranger de dentes. Inclusive para o atual ponteiro do grupo, pois o time de Rogério Ceni precisa visitar o Atlético Nacional e depois fechar sua participação na fase de grupos contra o Inter, no Beira-Rio, em duelo que desde já se anuncia como um confronto direto por vaga nas oitavas -- talvez mesmo com Bobô e Taffarel deixando a aposentadoria para um novo acerto de contras, depois daquele emblemático ano de 1989.
Ao se observar a qualidade dos jogos, é possível perceber que o sorteio foi cruel: com otimismo, podemos dizer que os quatro clubes mereciam as oitavas de final. Neste meio de caminho, tanto Inter quanto Bahia pecaram pela instabilidade -- na temporada e também nos próprios jogos em que tropeçaram. Contra os verdolagas colombianos e os tricolores uruguaios, este escorregão não passaria despercebido.
Talvez passem os dois. Talvez não passe nenhum. Poderiam passar os quatro. Talvez mesmo o líder da chave se declare campeão por antecedência. Quem sabe proclame uma nova república, reivindique a receita primordial do doce de leite ou chame o Caribe de todo seu. Todo desfecho parece válido neste grupo. Nenhuma resposta é descabida. Nada é totalmente indiscutível.
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Tomás Hammes